Mentiras…
Você podia me amar, não podia? E eu te faria canções, e te pagaria jantares, e passaríamos noites juntos assistindo a filmes ou caminhando a doce luz do luar. Te recitaria poemas enquanto estivéssemos nos olhando no fundo dos olhos. Te faria rir, sentiria ciúmes. E passado um ano, dois, três, oito, nos casaríamos. Eu já quase estabelecido e você voltando do seu curso no estrangeiro. Então eu, louco, insano, te pediria em casamento, porque veria o quanto é difícil viver sem você. E você aceitaria. Mas eu estaria te encruzilhando. Sou tão inescrupuloso que não ia te deixar outra resposta além de “sim”. Afinal, um pedido de casamento, no aeroporto, na exata hora em que nos encontraríamos: Eu, de terno, gravata, pixaim alinhado, sapatos lustrados, rosa numa mão, aliança n’outra e você: Com aquele vestido rosa florido de algodão que sempre sobra na mala, uma sandália rasteirinha, cabelos presos, sem maquiagem e o louco, insano ainda te pede em casamento! Essa seria na batata! Se você me amasse teríamos tido uma cerimônia linda, com vestido branco e detalhes em ouro, buquê, damas de honra,noivinho e noivinha e uma festa dançante em que seus pés doeriam de forma absurda clamando por uma massagem na noite de núpcias, a tão planejada noite de núpcias em um hotel de quatro estrelas perto do salão onde nos tornaríamos realmente marido e mulher. Com direito a cama dossel em forma de coração, champanhe, musica estúpida e amor, aquele amor que deixa muito sono de manhã, quando iríamos passar a lua de mel no exterior, tudo conforme o planejado. Teríamos filhos, um casal. Também adotaríamos um garoto, ou garota, não importa, importa que nossos filhos prosperariam e de vida feita nos dariam nosso primeiro neto. Beirando os 40 anos do sagrado matrimônio começariam os problemas: Eu te chamaria de velha surda e nem pegaria mais no tranco pra compensar. Sem filmes, sem filhos, sem poemas e logo nos separaríamos de quarto. Eu com a total liberdade de trazer outras “substitutas” pra dentro de casa, com a condição de que você não as visse. E então morreríamos, não juntos, pois a vida não é um filme, mas eu morreria primeiro pelo e você um tempo depois. Sabendo que jamais amei tão dedicada e febrilmente outra mulher como amei a você. Isso tudo se você me amasse. Mas você não me ama. Então eu não ligo. Não te escrevo textos, nem te faço planos, apenas te amo em silêncio.
Beijoos, A Garota do Casaco Roxo
Esse texto tá muito bom , Hiago !
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Hiago vc tem um dom, cada vez os seus textos melhoram mais e mais
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Gente, vocês inflam meu ego desse jeito. Não vão querer um neguinho egocêntrico, vão? Haha ‘Gradecido pelo elogio *-*
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Perfeito. Amo teus textos, Hiago.
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Brigado, sua linda *—*
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