Laura Malin é autora de ‘’Júlio & Juliano’’, ‘’Livro de Leah’’ e ‘’Livro de Joaquim’’, ambos já resenhados aqui no blog e dois dos meus livros favoritos. Sua escrita é muito visual e poética e é impossível não se apaixonar por seus personagens!
Essa semana eu tive a honra de escrever algumas perguntinhas e receber as respostas! Espero que gostem do resultado!
1) O que te inspirou a escrever a duologia Tempo Perdido?
Na verdade tudo começou com um sonho onde eu via aquela estrela mágica caindo (spoiler…). Não sabia direito o que fazer com a imagem, nem o que significava, mas era tão forte! Um tempo mais tarde um diretor de novelas me pediu uma sinopse com elementos fantásticos, foi então que surgiu a ideia de fazer daquela estrela o elemento que tornaria o casal principal imortal, para depois separar o casal por uma eternidade… A novela não rolou mas eu gostei tanto do material que decidi investir e escrever os livros, com pano-de-fundo histórico.

2) Pode nos contar um pouquinho de como começou sua carreira como autora?
Bem, o primeiro livro que escrevi foi aos 9 anos. Meu pai me ajudou a datilografar e mimeografou (não existia fotocópia naquela época). Dei de presente de natal para toda a família. Aliás, ainda quero muito editar esse livro. E a maior loucura é que a história fala sobre um menino que viaja no tempo!!!
3) Sei que é formada em jornalismo. Você chegou a trabalhar nessa área? Que diferencial a formação de jornalista te trouxe na hora de escrever?
Fui estagiária no extinto Jornal do Brasil. O jornal é uma ótima escola, te ensina muito sobre a língua, concisão e prazo. Acho que a coisa do prazo foi o que ficou mais em mim: não gosto de escrever sem saber quando vou terminar. Para mim, tudo tem que ter data marcada, senão eu piro.
4) Também sei que você fez um curso de roteiro nos EUA. Isso ajuda você na hora de recriar os cenários históricos dos seus livros?
Muito. Eu amo roteiro, é uma maneira de escrever, só que com palavras. Ainda sou roteirista, não me vejo deixando de fazer isso. É uma arte dificílima mas que traz muito prazer. Com certeza a necessidade descritiva dos roteiros me ajudou a ser mais visual.
5) Para você, qual a melhor e a pior parte de escrever um livro?
Tem duas partes muito prazerosas para mim: a pesquisa que antecede a escrita e o momento em que os personagens começam a nascer nas páginas, tomam fôlego e criam vontades próprias. É emocionante demais. Por exemplo: eu quero que uma coisa aconteça, decido que o personagem, digamos, irá ter um filho. Sento para escrever e o personagem perde o filho! É muito louco! Tenho consciência que sou apenas um instrumento para as histórias, elas não vêm de dentro de mim, estão soltas por aí esperando para serem captadas.
As piores partes são quando os personagens sofrem – eu fico doente. Com Leah baixei hospital duas vezes, não aguentava mais vê-la sofrer, mas ela não parava… E a outra parte que me faz penar é a revisão. Reler aquilo tudo, quando está pronto, é uma tortura. Está ali, mas poderia ser totalmente diferente. Mas escrever é reescrever… faz parte.
8) Pode nos contar um pouco da sua rotina de escrita?
Escrevo diariamente, em geral toco três ou quatros coisas ao mesmo tempo, entre roteiros, livros e outros tipos de texto. Tenho pouco tempo para escrever, a rotina é bem puxada porque tenho duas filhas e gosto muito de participar da vida delas. Então levo e busco aqui e ali, e aproveito quando elas estão na escola e na casa do pai para escrever sem parar. Há jornadas de 14, 16 horas. E outras de apenas 4 horas. Mas o fato é que eu trabalho todos os dias, mesmo nos finais de semana e feriados, ou quando estou viajando. Ou estou escrevendo, ou lendo, ou pesquisando. É um privilégio poder trabalhar com o que eu amo!
9) Por que começar primeiro pela história de Joaquim e não pela de Leah?
A minha voz masculina é muito forte, o primeiro romance foi na primeira pessoa do Juliano, e teve uma ótima aceitação. Então preferi começar pelo homem. Fiquei com medo de escrever a voz de uma mulher, porque eu tenho características muito masculinas na vida, de gerenciamento de vida mesmo. Sou eletricista, contadora, empresária, faço reuniões com homens, toco obras, conserto carro, essas coisas. Só não gosto de futebol rs Então sempre me relacionei muito bem com esse universo. Nunca fui aquela mulher mais recatada, que precisa do homem do lado. Apesar disso, sou extremamente feminina e amo os homens, então a voz feminina também existe!
10) Sei que está escrevendo a biografia da Luíza Brunet. Essa é sua primeira biografia? Para você, qual a maior diferença entre escrever um romance e uma história verídica?
Não é, escrevi uma da Débora Duarte. Eu adoro adaptações, sempre adaptei muito para o cinema, e escrever uma biografia é adaptar a vida de uma pessoa para a literatura, eu adoro. É totalmente diferente, mas ainda há muito cenário para criação dentro das histórias reais. Toda biografia tem que ser um pouco ficcionada, senão fica muito dura… A história da Luíza é belíssima, um escândalo. Estou amando. Ela é minha amiga pessoal há 25 anos e foi uma honra receber esse convite!
11) Como foi o trabalho de pesquisa para escrever os livros? Sei que você foi até a Rússia para escrever a história da Leah, aconteceram mais viagens assim ou você aproveitou cenários que já conhecia?
Essa ida para a Rússia foi um luxo. Uma das viagens mais legais que eu já fiz. Fui porque precisava ir, pelo trabalho e por minha história pessoal. Mas eu aproveitei sim muitos cenários que conheço, apenas o Japão não visitei. Agora, tem uma coisa incrível que ajuda muito, chamada… googlemaps! As fotos das ruas são geniais. Fora isso, eu adoro pesquisar em livros e filmes, é um prazer.

12) E a pesquisa dos acontecimentos e personagens históricos? Foi muito difícil de ser feita?
Foi divertido, uma delícia. Eu me perco quando já estou escrevendo o livro e começo pesquisar os personagens reais, paro tudo por uma semana, dez dias, é uma loucura. Mesmo que seja para uma participação pequena, adoro entrar na vida deles. Por exemplo, para falar de Stalin, além de ter pesquisado em São Petersburgo, eu li três biografias e vi vários filmes e documentários.
13) Tanto “Livro de Joaquim” quanto “Livro de Leah” são histórias narradas em primeira pessoa. Foi muito difícil escolher o tom de cada personagem e escrever a mesma coisa sob diferentes pontos de vista?
Foi menos difícil do que eu esperava, porque não estava fazendo ao mesmo tempo, já tinha deixado a voz de Joaquim se apagar quando fui tomada por Leah. Mas é óbvio que em determinados momentos fiquei insegura sobre confundir as vozes. Quando reli, fiquei aliviada em ver que eram bem distintas!
14) Além da biografia da Luíza Brunet, quais são seus projetos futuros?
Estou co-produzindo meu primeiro longa-metragem. Já escrevi muitos roteiros de cinema mas nunca um argumento exclusivamente meu foi feito para as telonas. Dessa vez, estou super animada e com uma parceria muito bacana na produção e direção. O ator principal é o meu sonho de vida: Tony Ramos. Então esse é o grande projeto para o segundo semestre, deixar esse roteiro pronto para as filmagens. Fora isso, estou lançando um livro infantil que se chama ‘Nada D+”, escrito em parceria com o Gabriel O Pensador. Deve sair ainda esse semestre. E tenho outros projetos de TV e roteiros de cinema. Também trabalho na Rede Globo, então é puxado. O novo romance eu já estou pesquisando desde o ano passado, a história é fantástica e também terá o lado dele e o dela – mas ainda não tenho data para começar a escrever…
15) Que conselhos você dá para quem quer escrever um romance?
Ler muito, anotar todas as ideias, escrever e reescrever. Essas são as coisas imprescindíveis. Ah, e ter um emprego, porque viver disso é meio difícil ainda…. RS
16) O que você sempre quis ser perguntada numa entrevista mas nunca foi? Qual seria a resposta dessa pergunta?
Ih, me pegou… acho que você já fez várias inéditas!
Espero que vocês tenham gostado dessa entrevista tanto quanto eu gostei de fazer as perguntas e de ler as respostas! Para saber mais informações sobre a Laura é só acessar seu site, lauramalin.com.br!
Beeijos, A Garota do Casaco Roxo
aimeudeus, você tinha razão quando disse que eu iria adorar o post de hoje!
Cara, o tempo todo (enquanto eu lia tanto Joaquim quanto Leah), fiquei pensando nas pesquisas da Laura. Tipo… como ela “entrou” em cada fato histórico, sabe?
No da Leah, fiquei chocada com a bomba de Hiroshima, pq já tinha lido muito a respeito (e me fascinava ao mesmo tempo em que me horrorizava) e, como já era familiar, fiquei boba com as descrições e tudo mais.
Já tentei imaginar a rotina da Laura com filhas, trabalho e trabalho (os dois, né?).
Beijos!
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SEI LÊ!! Viu como eu te conheço? hahaha
Acho que é impossível não pensar nas pesquisas dela, os cenários que ela reconstrói são muito perfeitos, dá para ver direitinho! É como se tivéssemos vivendo naquela época!
Estou chegando a conclusão de que nenhum autor tem uma rotina normal! hahaha
Beijos! 🙂
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