Autora: Joanne Harris
Idioma: Inglês Britânico (mas, se você não fala essa língua, não se preocupe! A Record publicou ‘’Chocolate’’ aqui no Brasil a algum tempo e tenho certeza de que pode-se encontrar esse livro nos sebos. Nas livrarias, parece que está esgotado).
Editora: Doubleday
Páginas: 306
Preço: R$ 44, 90 (a edição da Record que eu mencionei acima)
Eu me perdi na biblioteca da faculdade (e não, não é esse o motivo da minha atual ausência do blog); me perdi daquele jeito gostoso de passar a mãos nos livros, olhar titulo por titulo e sentir o coração dando pulinhos quando você encontra um dos livros que você mais queria ler e que não conseguia encontrar em lugar algum.
Exatamente na mesma semana em que publiquei aqui o texto ‘’Mais Livros para Ler em 2013’’ (no qual esse livro aparecia logo no primeiro item) encontrei-o e comecei a ler com as expectativas lá em cima e, de certa forma, arrependida de não ter me perdido antes.
‘’Chocolate’’, que virou filme homônimo em 2000, conta a história de Vianne e sua filha, Anouk, que viajam de cidade em cidade sem nunca se estabelecerem em um lugar só. As coisas começam a mudar quando elas chegam a Lasquenet-sous-Tannes, uma cidadezinha pacata que está realizando o carnaval e se preparando para iniciar a Quaresma.
Vianne gosta do lugar e decide então abrir ali uma chocolaterie chamada La Céleste Praline e isso escandaliza os moradores do lugar (além da loja de chocolates, ela não é casada, tem uma filha ilegítima e não vai à Igreja. Quanta promiscuidade! Sqn), especialmente o padre, que inicia uma campanha para boicotar a loja e expulsar Vianne do vilarejo.
“Happiness. Simple as a glass of chocolate or tortuous as the heart. Bitter. Sweet. Alive.”
Alguns dos moradores acabaram fazendo amizade com Vianne e, por isso, nem ligam para o que o padre esbraveja. Fascinados com o sexto sentido dela, os sabores e cheiros de sua loja e sua crenças supersticiosas, eles acabam desobedecendo a quaresma. Armande, a senhora mais velha do vilarejo, utiliza a loja como local de encontro com seu neto, Luc. Guillame usa os chocolates para agradar seu cachorro Charlie, que está da beira da morte. Josephine encontra lá uma amiga.
Tudo começa a mudar quando um grupo de ciganos chega e monta acampamento no rio, causando um verdadeiro abalo nas estruturas sociais e, segundo o padre, arruinando profundamente a moralidade da cidade.
“Places do not lose their identity, however far one travels. It is the heart that begins to erode over time. The face in the hotel mirror seems blurred some mornings, as if by too many casual looks. By ten the sheets will be laundered, the carpet swept. The names on the hotel registers change as we pass. We leave no trace as we pass on. Ghostlike, we cast no shadow.”
Os capítulos são narrados por Vianne e pelo monsieur le curé e, pouco a pouco, os mistérios sobre o passado do padre e o de Vianne são revelados. É fascinante entender o porquê de tanto ódio e discriminação de todos eles. Mais legal ainda é poder ler sobre o cotidiano da cidade, sobre como todos lá têm defeitos e mesmo assim, nem sequer hesitam em julgar e apontar o dedo para o próximo (não muito diferente do que acontece na realidade, não é mesmo?).
O mais interessante do livro (que também é o mais interessante do filme) é que, cada vez que a autora descreve um tipo de doce, ou um prato de comida, eu quase conseguia sentir o cheiro e a imagem que eu tinha daquela comida era tão perfeita e tão realista que eu sempre fechava o livro morrendo de fome. No filme, sempre que o chocolate entra em cena, eu sinto cheiro de chocolate mesmo. Vai entender a cabeça das pessoas, né?
Enquanto pesquisava um pouco mais sobre a autora, descobri que ela tem um tipo de sinestesia, que faz com que ela veja cores como sendo cheiros. Tudo o que é relacionado aos sentidos é mais especial e gostoso de ler nesse livro.
Mesmo assim, tenho que dizer que acabei o livro com a sensação de não ter gostado e de ter me decepcionado. Acredito que o problema aqui não tenha sido com a história, a narrativa, os personagens, as cenas, as construções, as imagens. O problema foi ter jogado as expectativas lá em cima e achado que se o filme era bom, o livro seria obrigatoriamente melhor.
As histórias do filme e do livro têm a mesma base e a mesma linha de acontecimentos principais, mas os detalhes são completamente diferentes e o desenrolar de algumas coisas e ritmo da história (é bem lento, para um livro de 308 páginas e em inglês, pareceu que ele tinha bem mais) me incomodaram um pouco e me fizeram torcer o nariz algumas vezes.
Recomendo ‘’Chocolat’’ para todos aqueles que buscam um romance diferente e chocante, que fala da relação de mãe e filha com um novo ponto de vista. Pessoas que gostam de livros com um certo misticismo irão adorar este com certeza! Para os católicos mais fervorosos, não sei se recomendo muito, o padre é realmente o vilão (acontecem outras coisas) e eu não sei se isso vai agradar.
Beeijos, A Garota do Casaco Roxo
PS: O livro tem duas continuações! Uma, ”The Lollipop Shoes” e a outra ”Peaches for Monsieur le Curé” (”Pêssegos para o meu Padre”, em tradução livre) ambas ainda não publicadas aqui.
Só assisti ao filme, mas sabia que tinha o livro (que não tem em lugar nenhum mesmo!), mas não sabia das continuações.
Pah – Lendo e Escrevendo
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