Onde o Amor Se Esconde – Veridiana Maenaka

onde o amor se esconde

Nome: Onde o Amor Se Esconde

Autora: Veridiana Maenaka

Editora: Verus

Páginas: 350

Sabe aquele romance histórico, bem levinho, que te leva a relaxar e a sonhar em ter uma vida parecida? Então, esse não é o caso de “Onde o Amor Se Esconde”.

Ambientado na São Paulo do Século XX, a história acompanha a vida de Glória, uma jovem que sonha em casar por amor, com o homem dos seus sonhos. A coitada acaba casando com Erasmo, um homem mais velho e frio, que foi escolhido por seu pai. Erasmo vê em Glória nada mais do que a oportunidade de enriquecer e ascender socialmente e a mocinha fica cada vez mais infeliz no casamento, ao tentar conceber um herdeiro e falhar repetidas vezes na tarefa.

A situação de Glória piora quando ela vê que sua amiga Marisa, sempre muito livre e “moderninha” para a época, acaba ficando feliz em seu casamento com um libertino. Vendo a amiga sofrer nas mãos do marido, Marisa apresenta ela a Fernando, um homem que talvez possa dar a Glória a felicidade marital (ou pelo menos carnal, né?) que ela sempre quis.

Mas a situação doméstica piora e Erasmo se mostra um sádico, que chega a abusar de sua esposa de diversas formas. Para mim, essa foi a parte mais difícil de ler. Não consigo acompanhar muito bem narrativas que abordam o estupro (isso é bem pessoal meu, viu, gente? Para mim é meio que “mata, mas não estupra”) e quase abandonei o livro, mas continuei a leitura – até para saber o que seria da Glória, coitadinha.

A narrativa tem reviravoltas surpreendentes, com Marisa se mostrando muito mais liberal do que eu pensava (até para essa época ela seria um escândalo, de certa forma), Fernando muito menos (beeem menos, quase nada) do que eu esperava e com o destino de Glória sendo salvo por pessoas e até por lugares inimagináveis.

As cenas mais memoráveis do livro, para mim, aconteceram em um bordel. As personagens, de certa forma, me lembraram as meninas do Bataclan, de “Gabriela”, de Jorge Amado. Isso ajudou a quebrar um pouco o peso do livro e a dar um alívio para narrativa. Além da parte meio sobrenatural e espiritualista que deu um toque a mais pro livro e que me deixou arrepiada.

Este não é um livro leve e fofo, mas sim um livro necessário para discutir um pouco da história das mulheres e como a gente evoluiu para chegar no ponto em que estamos hoje — tendo ainda uma longa caminhada pela frente.

Uma coisa que senti falta foi da ambientação, que podia ter sido um pouco melhor. Tinha várias expectativas em relação ao romance ser situado aqui em São Paulo, ao invés de na Inglaterra, como estou acostumada a ler, mas elas não foram cumpridas. Além de algumas menções a bairros específicos e ao Jardim da Luz, muito pouco foi dito sobre a São Paulo da época e acho que seria bem legal se isso fosse aprofundado.

No geral, eu gostei da leitura e estou curiosa para ler o outro livro de Veridiana que aborda a mesma época histórica, “Jardim de Espelhos”. Recomendo a leitura, mas leia sabendo que “ceci n´est pas um roman tradicionale”.

Beijos, A Garota do Casaco Roxo

 

 

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