Eu não era lá muito fã de comédia stand-up, mas acho que esse é um gosto adquirido, como comida japonesa e cigarros. Quando abri meu coração para esse tipo de comédia, comecei a entender melhor as piadas e a me divertir realmente.
É claro que sempre tem aquele especial em que a platéia está SE MATANDO de tanto rir e você não consegue nem fingir um sorrisinho, de tão sem graça. Mas também tem aqueles que de piada mediana em piada mediana, quando você percebe está sem ar de tanto rir.
De brasileiros, eu só vi o especial de comédia do Marco Luque, que eu não achei nada demais, para ser honesta. Uma coisa legal é que os shows do Richard Pryor (quem assistia “Todo Mundo Odeia o Chris” vai entender a referência) também estão disponíveis na Netflix e é legal comparar a comédia dos anos 80 com a atual.
Uma crítica para a Netflix, no geral, é que todos – TODOS – os especiais listados abaixo tinham algum erro grotesco de tradução e de legendagem. Sinceramente, é muito difícil traduzir piadas. Além disso, boa parte dessas histórias e anedotas estão inseridas em um contexto cultural que não é o nosso, então SHIT HAPPENS. Mas, mesmo assim, poderia ser melhor, não é? (disclaimer: eu acho que ainda guardo ressentimentos por não ter passado na prova de tradutores deles, mesmo fazendo 87% dela).
Patton Oswalt – Annihilation
O legal da comédia stand-up é que boa parte das piadas são feitas baseando-se em temas da atualidade. A eleição de Donald Trump como presidente dos EUA fez com que TODOS os comediantes fizessem piadas sobre ele (acho que o único que não fez piadas com o Trump foi o Trevor Noah), e o Patton Oswalt não foi diferente.
Em “Annihilation” ele fala sobre Trump, mas depois ele evolui para temas muito pessoais, o que foi um toque muito legal e diferente. O que eu achei mais interessante foi que os temas abordados por ele – como morte e luto na família – não eram necessariamente engraçados, mas ele conseguiu superar isso e tornar as histórias em algo bittersweet, sensível e, claro, engraçado.
Eu, honestamente, fiquei com vontade de chorar em várias partes. É um especial que tira comédia da dor e que é bem realista e verdadeiro.
Eu não conhecia o Patton Oswalt, mas ele ganhou um Emmy no ano passado, por outro especial de comédia, o “Talking for clapping”, que também está disponível no Netflix e que eu devo ver em breve. De todos, esse foi o que eu mais gostei.
Trevor Noah: Afraid of the Dark
Trevor Noah é um comediante sul-africano e boa parte das piadas dele giram em torno de sua realidade como um imigrante negro nos EUA. A defesa dele sobre porquê o James Bond não pode ser interpretado por Idris Elba me faz rir até agora.
Os comentários sobre como os britânicos detestam imigrantes – e o porquê deles estarem errados, além da explicação sobre como (e com quem) Obama aprendeu seu swag são absolutamente HILÁRIOS.
Além de “Afraid of the Dark”, Trevor Noah também estrela o documentário “You laugh but it’s true”, que está disponível na Netflix e conta um pouco mais sobre as origens do comediante. É legal ver “Afraid of the dark” e depois partir para o documentário autobiográfico, para entender melhor a evolução dele.
Christina P.: Mother Inferior
A Christina P teve um bebê recentemente e as piadas dela giram em torno da maternidade e das mudanças que acontecem em seu corpo. É muito, muito engraçado e divertido para passar o tempo. Não é um especial que vai ficar comigo para sempre, como do Patton Oswalt, mas eu vou lembrar de ter me divertido com ela.
Amy Schumer: The Leather Special
O especial da Amy Schumer começa com tantas piadas sobre sexo, que, olha… Até eu fiquei vermelha. São legalzinhas e ligeiramente escatológicas, mas não são lá muito memoráveis. De certa forma, eu esperava mais. A impressão é que são piadas para adolescentes que ainda não superaram as fases bucal e anal, sabe?
De todos esses comediantes, a Amy Schumer era a única que eu conhecia, ainda que só de nome.
De qualquer forma, ver o especial dela foi interessante para comparar com os outros comediantes que eu vi.
Cristela Alonzo: Lower Classy
A Cristela é mexicano-americana e as piadas dela são sobre ter essa dupla cidadania. Os comentários sobre Trump e imigração ilegal e sobre crescer como uma criança pobre são SENSACIONAIS. Das comediantes mulheres, acho que foi o especial dela que eu gostei mais!
Os comentários sobre a realidade da mãe dela, como uma imigrante ilegal, te dão uma perspectiva muito, muito interessante, que mostram que o humor não está só nas piadas, mas no aprendizado que vem junto com elas.
A risada da Cristela é contagiante e, por vezes, eu ri mais da risada dela do que das piadas em si.
Espero que minhas dicas de especiais de comédia te ajudem a escolher um bom show para assistir. Na verdade, dizem que rir bastante antes de dormir te ajuda a pegar no sono mais rápido. Tem alguma dica de especial para mim, deixa nos comentários?!
Recentemente li um livro de romance tão incrível, tão fofo e tão legal, que acabei voltando direto para minha ressaca literária. Pois é. Para tentar me recuperar, dei um tempo dos livros e corri para ver uns filminhos legais.
Quanto ao nome e à resenha do referido livro que me deixou no chão, em breve vocês devem acompanhar o post aqui no blog!
Na edição #21 do “Filmes que eu vi”, os dois filmes estão disponíveis na Netflix!
Nu
“Nu” foi uma experiência bem interessante. Não costumo ser exigente com o cinema, mas esse tinha tantos defeitos, que eu não consegui relevar, curtir as cenas e piadas e seguir em frente.
A história segue uma tendência entre os roteiros de filmes do momento, onde o personagem revive várias e várias vezes o mesmo dia. É o que acontece com Rob Anderson, interpretado por Marlon Wayans. É o dia de seu casamento e ele acorda completamente nu dentro do elevador de um hotel. Toda sua família já está na Igreja e até a noiva já está pronta, à espera dele.
No começo é desesperador e tudo que você quer é que Rob consiga chegar ao casamento o mais rápido possível. De certa forma, o filme tem uma vibe meio “Se Beber, Não Case”, sabe?
Aos poucos, Rob percebe que pode alterar seu rumo tomando atitudes diferentes e começa a mudar seu comportamento.
Viagens no tempo, repetições de dias e coisas que mexem com padrões são muito, muito difíceis de serem roteirizadas. Juntando isso com a esperteza na hora de cobrir as partes de Marlon Wayans, o filme até que fica aceitável.
Mas, como eu disse antes, várias perguntas ficaram no ar. O porquê dele repetir os dias, por exemplo, foi uma coisa que não ficou clara no filme. Outros elementos da narrativa também me deixaram bem “???”.
As piadas também não foram nada memoráveis e sinto que vou esquecer desse filme rapidinho. Uma pena porque tinha potencial.
Fome de Poder
Esse filme me deixou tão IRRITADA. Mas de um jeito bom, sabe? Acho que era mais indignação que qualquer outra coisa, rs!
Estrelado por Michael Keaton, que está maravilhoso, “Fome de Poder” conta a história de origem do McDonald’s. A verdadeira história do McDonald’s.
Ray Kroc é um vendedor de máquinas de milk-shake que está tendo problemas nos negócios. Apesar de tentar, ele simplesmente não consegue vender novas máquinas e está prestes a falir.
Até que ele recebe um pedido inusitado de 5 máquinas para um mesmo restaurante. Desconfiado de que há algo de errado, Ray vai até o restaurante e vê longas filas, comida sendo servida rapidamente e um hambúrguer extremamente saboroso.
O restaurante é diferente dos tradicionais da época e tá fazendo tanto sucesso, que Ray decide conhecer os donos. E, então, os irmãos Dick Mac Donald e Mac Mac Donald acabam apresentando a ele todos os segredos do restaurante, inclusive o novo sistema Speedy – criado por eles-, que entrega comida mais rápido.
Decidido a se aproveitar do sucesso dos irmãos, Ray começa a criar um sistema de franquias, que leva o McDonald’s para todos os estados do país. Com cada vez mais fome de poder (há!), Kroc começa a se tornar um personagem dúbio e você acaba se sentindo traída por ele.
O final é decepcionante para os irmão Mac Donald e, até os dias de hoje, se você pesquisar “quem é o fundador do McDonald’s” no Google, a resposta imediata é Ray Crook.
Dois filmes, um bom e um ruim. Um que te deixa nervoso e outro que te deixa com raiva. Espero que você escolha o que vai te fazer mais feliz!
Eu avisei que estava vendo documentários como se estivesse bebendo coca-cola, não avisei?
Pois bem, reuni os melhores dos melhores que vi, na minha nova lista de documentários para assistir no Netflix (ou em qualquer outro lugar, não é?). Eu já tenho uma outra lista aqui no blog, com 5 documentários legais para ver no Netflix.
Paris is Burning
Eu vi “Paris is Burning” porque apareceu na minha lista de sugestões, logo que terminei de ver todas as temporadas disponíveis de Ru Paul´s Drag Race.
“Paris is Burning” nos dá um olhar direto à cena LGBT do Harlem, nos anos 80. O filme estreou em 1991, mas levou cerca de 9 anos para ficar pronto.
Passando pelos bailes organizados pelas boates, pelos passos de voguing, pelas drag queens, até entrevistas gravadas na rua com os personagens, o documentário abre um mundo e uma cultura relativamente desconhecidos por mim. Se você achava que tudo começou com RPDR, como eu achava, sabe de nada, inocente! Prepare-se para uma lição de história! Acho que só aprendi o que é Shade mesmo com este documentário.
Não importa se você é hétero, gay, ou qualquer outra coisa, “Paris is Burning” é uma análise cultural muito interessante.
Durante parte do filme, nós seguimos Venus Xtravaganza, que estava passando pelo processo de reatribuição do gênero. Em entrevistas gravadas na rua ou em seu quarto, conhecemos um pouco da vida de Venus, ouvimos ela contar sobre como sofreu transfobia em diversas ocasiões e sobre seus sonhos e anseios. Ao final do filme, descobrimos que Venus Xtravaganza foi assassinada de maneira brutal. Seu assassino nunca foi capturado.
Ainda que o filme não seja sobre Venus em si, ele fala com profundidade sobre os preconceitos que gays, drag queens, travestis e transexuais sofrem. De um pai que jogou fora todos os vestidos de drag do filho até o assassinato de Venus, essas histórias nos marcam e ficam para sempre na memória.
Provavelmente, “A Um Passo do Estrelato” é meu documentário favorito da lista. Ele conta a história de gente que chega perto, muito perto do estrelato, mas que nunca ganham os spotlights: os cantores de apoio.
Ou backing vocal, se você preferir.
Com participações de Bruce Springsteen, Mick Jagger, Stevie Wonder, Sting e outros artistas, “A Um Passo do Estrelato” vira os refletores para os personagens secundários das maiores músicas da história. O filme ainda tem imagens de apoio de David Bowie, Ray Charles, Elton John, Michael Jackson, John Lennon, Tom Jones, Rod Stewart, Paul McCartney e tantos outros cantores que usaram backing vocal para dar profundidade às suas canções.
O foco do documentário é jogado em Darlene Love, Merry Clayton, Tatá Vega, Janice Pendarvis, Lisa Fischer e Judith Hill. A narrativa se apoia nessas personagens para contar um pouco da história dos backing vocal e de como a música evoluiu através do trabalho delas (e deles também!)
Uma das histórias que mais me fascinou foi a de como fizeram os backing vocals de “Gimme Shelter”, dos Rolling Stones. Por algum motivo que só Deus conhece, eu achava que era o próprio Mick Jagger que fazia aquela voz sensacional, gritando “Rape, murder yeah, it´s just a shout away”. Mas não, Merry Clayton é a responsável por isso.
No documentário, ela conta que estava grávida e que era tarde da noite, quando ela recebeu uma ligação de um produtor local, que dizia que a banda dos “rolling qualquer-coisa” precisava de uma mulher para fazer uma voz de fundo. Merry já estava de pijama de seda e casaco de pele, com rolinhos no cabelo, cobertos por uma écharpe da Channel. E foi assim que ela gravou o vocal, em duas meras passadas.
O vídeo abaixo explica um pouquinho mais a fundo:
De cair o queixo, não?
“Você tende a se perguntar se há uma forma de sair dessa profissão ou dessa vida sem morrer de coração partido”
Aqui vai o trailer completo do documentário:
Betting on Zero
Ugh, esse documentário me deixou tão brava!!!! Toda vez que eu penso nele, eu fico mais brava ainda!!!
“Betting on Zero” é um documentário que conta um pouco da história da empresa Herbalife, para além dos shakes e suplementos vitamínicos que eles vendem. Através de vídeos e depoimentos de vítimas, o diretor Ted Braun busca mostrar que os verdadeiros lucros da empresa não vêm da venda lícita dos produtos para quem quer ter uma vida saudável, mas sim, de um esquema de pirâmide.
Chame de Marketing Multinível ou do que for, o documentário mostra depoimentos de várias pessoas que caíram no esquema, gastaram rios de dinheiro e criaram “Clubes de Nutrição” com o objetivo de recrutar novas pessoas para realizar o mesmo trabalho e assim por diante. Sem nunca receber um centavo de volta e sendo muito prejudicadas por causa disso.
Nós seguimos a história de um grupo de latinos que moveu uma ação em conjunto contra a empresa. Também seguimos a história de Bill Ackman, um hedge fund manager que investiu mais de 1 bilhão de dólares (não, não foi ele quem financiou o documentário) na tentativa de fazer com que a empresa fosse investigada pelo governo americano, porque acreditava que o fim da Herbalife seria bom para todo o mercado econômico dos EUA. Além disso, ele acredita que, por ser financiada através do engano de outras pessoas, a Herbalife não seria uma empresa legítima.
Por fim, o documentário mostra a participação de Carl Icahn, um investidor que decide dar rios de dinheiro à Herbalife, pela pura razão de detestar Bill Ackman. Icahn acabou sendo nomeado por Donald Trump como Assessor Especial da Presidência para a Reforma Regulatória.
Um verdadeiro drama, para ser sincera.
O documentário é bem recente e alguns dos acontecimentos nele datam de março de 2017, o que é uma raridade. É difícil encontramos documentários tão atuais assim no Netflix. Outro ponto a favor é de que, apesar de mostrar muito da vida do Bill Ackman e das atitudes dele em relação à empresa, o documentário tem o mérito de mostrar um outro lado e de questionar as verdadeiras intenções de Ackman. Esse é um dos filmes mais imparciais que já vi, apesar de denunciar um comportamento ilícito.
Em tempos de crise financeira, com o Brasil chegando a 14 milhões de desempregados (para vocês terem uma ideia, ainda que o tempo tenha passado e que as coisas sejam bem diferentes, na época em que Hitler foi eleito na Alemanha, eles tinham cerca de 7 milhões de desempregados), é bem comum que as pessoas estejam desesperadas em busca de alternativas. Anúncios sobre “ganhe dinheiro fácil, sem sair de casa” pipocam por todo lado e quase todo mundo quer te oferecer coisas da Hinode ou um novo esquema da Polishop, para o qual me convidaram dias atrás. A relevância do documentário atualmente é enorme.
O grupo de latinos foi o que mais me tocou e o que mais me enfureceu. Sem falar inglês e muitos sendo imigrantes ilegais, eles sofreram inúmeros prejuízos e não podem denunciar a Herbalife porque ela denuncia a ilegalidade deles. Os casos reais mostrados no filme acabam te emocionando e é impossível não sentir empatia ou pena dos que foram lesados pela empresa. Há uma seção inteira no site oficial do documentário que mostra as tentativas da Herbalife em silenciar o documentário.
Eu não sei como é que a Herbalife atua no Brasil, mas, sinceramente, acho que nem quero saber. O pior de tudo é que muitas pessoas têm noção de que o que estão fazendo é ilegal e quem ficar na parte debaixo da pirâmide irá desmoronar e ser prejudicado. E mesmo assim, seguem fazendo sem nenhum escrúpulo, só querendo conseguir mais e mais dinheiro, ainda que para isso tenham que enganar terceiros.
“Betting on Zero” acaba te ensinando muito sobre principios econômicos e te fazendo perder um pouco de fé na humanidade.
Being George Clooney
Outro documentário que está entre os mais divertidos que já vi, em conjunto com “A Um Passo do Estrelato”. Uma das coisas mais legais sobre ele é que o projeto foi quase todo financiado através do Kickstarter.
Being George Clooney aborda diretamente outro trabalho que também pode ser invisível, mas que é essencial para a indústria do entretenimento. Afinal de contas, atire a primeira pedra quem nunca ouviu um “Versão Brasileira, Herbert Richers”, antes de ver um filme, né? Aliás, recomendo que você não clique nesse vídeo. Ele apareceu enquanto eu pesquisava mais sobre esse documentário e agora a música não sai mais da minha cabeça.
Em “Being George Clooney”, o mundo dos dubladores ganha cores e faces e sotaques.
A princípio, os nomes Marco Antonio Costa, Rajesh Kattar, Martin Umbach, Tamer Karadagli e Francesco Pannofino não parecem ter nada em comum. Os tipos físicos, sotaques e rostos são completamente diferentes. Mas os 5 são os responsáveis por emprestar suas vozes para o ator George Clooney e fazem o trabalho de tornar o ator ainda mais sexy e galã, só com o vozeirão.
Marco Antonio Costa é o dublador brasileiro do George e, além disso, ele é médico. Sério. A história apresentada no documentário é super interessante. Na época das filmagens de “E.R.: Plantão Médico”, as traduções dos termos médicos não ficaram muito boas. Marco Antonio foi convidado para ajudar eles com isso e, de quebra, fez também a voz icônica.
Outros dubladores brasileiros também participam do doc, além de especialistas que ajudam a explicar porque a dublagem é um sucesso em determinados países, como a Itália.
Dublador italiano de George Clooney, Francesco Pannofino
Eu amei a participação da Sheila Dorfman, que é a dubladora brasileira da Sandra Bullock. Eu cresci vendo os filmes da Sandra Bullock direto na TV, no dublado mesmo, e achei bizarro quando ouvi a voz em inglês da Sandra e descobri que não era a voz da Sheila. A Sheila Dorfman faz uma fala muito interessante no documenário, sobre a estranha intimidade entre os dubladores e os atores dos filmes. Eles acabam conhecendo tudo, até mesmo a forma como os atores costumam respirar. A Sheila também dubla a Paola Bracho, Usurpadora, a Lorelai, de Gilmore Girls, a Mônica, de Friends e a Xena! haha Haja diversidade!
“Being George Clooney” é um documentário a ser visto quando se quer relaxar ou distrair um pouco a cabeça. Qualquer pessoa que viu um filme dublado alguma vez vai amar descobrir os bastidores dessa profissão.
Espero que gostem da minha seleção de 4 documentários interessantes para ver no Netflix. Eu ia escrever mais, sobre outros documentários. Mas vi o tamanho do post e acabei decidindo parar nesses 4 mesmo. Prometo que teremos mais versões deste post no futuro próximo do blog.
Confesso que vi “Marguerite” e “Bem-vindo a Marly-Gomont” faz tempo. Na verdade, eu estava esperando para fazer uma master-list de filmes em francês, que são contemporâneos (por mais que eu ame, não colocaria Amélie Poulan nessa lista) e que, o principal, estão disponíveis no Netflix.
Mas… eu empaquei nos filmes. Comecei de novo nessa onda de ver documentários e com tanto seriado legal novo (vi toda “Girlboss” em uma noite e ainda estou digerindo), deixei os filmes meio que de lado e optei por parar com essa de enrolar meus textos.
Marguerite
Dirigido por Xavier Giannoli e estrelado por Catherine Frot (que também fez “Os Sabores do Palácio”, disponível no Netflix e que eu pretendo ver assim que tomar vergonha na cara). “Marguerite” conta a história de Marquerite Dumont, uma mulher rica que ama as artes e a música. Ama tanto, mas tanto, mas taaaanto, que convenceu a si mesma de que é uma excelente cantora. Só que não.
Marguerite é mais desafinada que o grito de um porco que está tendo seu rabo torcido. É capaz de quebrar taças, não com sua potência vocal, mas porque as taças decidiram sair deste mundo cruel através do suicídio. E a pobre coitada também não tem nenhum amigo, capaz de dizer a ela a verdade.
A questão é que ela é muito rica e, na Paris dos anos 20, riqueza é sinônimo de influência. Ninguém quer entrar na lista negra de Marguerite ao dizer para ela que ela é uma péssima cantora.
O marido e os funcionários da casa de Marguerite ajudam-na a nutrir sua ilusão. Os convidados das pequenas soirées que ela organiza em sua casa, também aplaudem e sorriem, sob tortura.
Tudo vai bem e o segredinho obscuro da alta sociedade parisiense está bem escondido, até que… Marguerite, influenciada por um jornalista sarcástico e que precisa de dinheiro, decide amplificar seu talento a máximo, com a ajuda de um treinador e professor, e se apresentar em público, para todo mundo ouvir.
TAN TAN TAN.
Esse filme tem algo de cômico e de engraçadinho, parece até um quadro dos Trapalhões ou coisa do tipo. Mas é um drama bem triste e, quanto mais eu pensava na situação de Marguerite, menos engraçado eu encontrava seus agudos e seus gritos desesperados.
O nível de francês é bom para quem tá começando, porque eles falam relativamente devagar. Ainda mais que é um filme de época, né? Mas, recomendo que não o vejam usando fones de ouvido, porque meu ouvido chegou a doer, nas cenas de canto de Marguerite. E olha que eu gosto de música clássica.
O mais legal é que a história, por mais bizarra que possa parecer, foi inspirado em uma vida real. Florence Foster Jenkins também era uma mulher rica, que adoraria se tornar uma cantora de ópera, apesar de não ter voz para isso.
Um segundo filme sobre a vida de Florence Foster Jenkins foi feito, estrelado por Meryl Streep. “Florence: Quem é essa mulher” é só um pouco diferente de “Marguerite”, se passa em Nova York, por exemplo, mas eu ainda não vi para poder comentá-lo.
Trailer de “Florence: Quem é essa mulher”:
Bem-vindo à Marly-Gomont
“Bem-vindo à Marly-Gomont” conta a história de um estudante de medicina, natural do Zaire, Seyolo Zantoko, que é interpretado por Marc Zinga.
Depois de formado, Seyolo recusa a oportunidade de voltar para sua terra natal e trabalhar para a aristocracia de lá. Ao invés disso, ele decide ficar na França e ser o médico responsável pelo vilarejo Marly-Gomont.
Junto com sua família – a esposa e dois filhos – Seyolo tem a difícil função de ganhar a confiança do vilarejo, se integrar e ser feliz em um ambiente bem racista, xenofóbico e provinciano. O filme se passa nos anos 80 e é baseado em uma história real, quem escreveu a história foi o filho de Seyolo.
Apesar dos temas abordados, o filme é muito leve e, ao invés de pender para críticas ao racismo e a xenofobia do povoado, ele usa o humor para exemplificar as situações. O horror da cidade quando os parentes barulhentos de Seyolo chegam em meio à uma celebração solene é hilário. As ligações entre Seyolo e a comunidade vão se desenvolvendo aos poucos e o filme acaba virando uma comédia leve.
Há uma certa redenção, perto do final, mas não achei ela muito verídica. Talvez, se o filme fosse um pouquinho mais longo, eu conseguisse entendê-los um pouco melhor.
De qualquer forma, o filme é agradável e despretensioso e pode ser visto sem medo de ser feliz. O nível de francês é um pouco mais alto que o de Marguerite, porque eles falam super rápido. Além disso, há trechos em Lingala, a língua do Zaire, que também são super engraçados.
E aí, tem mais algum filme em francês no Netflix que eu deveria estar vendo? Alguma sugestão?
“Um Amor de Cinema” foi um dos livros que comprei quando tive aquele breve surto de compras na Bienal do Livro do ano passado. Demorei para lê-lo porque estava em busca do momento perfeito e, quando a hora finalmente chegou, li ele em um só dia.
No livro, seguimos a história de Kenzi Shaw, diretora de marketing e arte de uma agência de publicidade, que está prestes a ficar noiva de seu lindo-e-maravilhoso colega de trabalho, Bradley.
Kenzi acredita que seu noivado vai finalmente fazer com que ela seja notada por sua mãe e por sua família de médicos-super-ocupados. Mas, no dia em que todos se juntam para celebrar, sua cunhada, Ren, anuncia para todos que está grávida e rouba a cena de Kenzi.
Não bastasse a falta de tato da cunhada, uma solicitação de amizade no Facebook deixa Kenzi de cabelos em pé. Shane Bennett, seu namorado da faculdade, surge das profundezas do passado para assombrá-la.
Quando Bradley avisa à sua noiva de que a agência de publicidade em que eles trabalham corre o risco de fechar, se eles não conseguirem uma conta nova, cabe a Kenzie conquistar o novo cliente e convencê-lo a fechar o contrato com eles. Mas é claro que isso não seria tão simples, né? O novo cliente é ninguém mais ninguém menos do que o próprio Shane Bennett.
Muito espertinho, Shane impõe uma condição para contratar a agência de Kenzi: Que eles revivam algumas das cenas dos filmes de comédia romântica que ela tanto gostava de assistir.
A lista, compilada por Shane, é a seguinte:
Sintonia de Amor
Uma Linda Mulher
O Diário de Bridget Jones
Vestida para Casar
Dirty Dancing: Ritmo Quente
Gatinhas e Gatões
Simplesmente Amor
Digam o que Quiserem
Mensagem para Você
O Casamento do meu Melhor Amigo
“Sorrio, apesar de tudo. É um dos meus favoritos. Tudo bem, todos são meus favoritos. Tem alguma coisa tão inocente e doce em filmes românticos. O mundo nem sempre faz sentido, mas, em uma boa comédia romântica, tenho a garantia de um final feliz. A garota sempre encontra o cara certo, aquele que realmente a entende, no nível mais básico.”
p.26
Sinto que li esse livro de forma incorreta. As 293 páginas dele não são nada intimidadoras e é possível terminar a leitura em um único dia, ainda mais quando se está empolgada para saber o que vai acontecer. Mas, não deixo de achar que, talvez, se eu tivesse apreciado ele mais lentamente, eu teria curtido mais. A grande questão aqui é que muuuuita coisa acontece. Tipo, muita mesmo.
Kenzi e seu noivado; Kenzi e seu relacionamento conturbado com sua família; Kenzi e o ex-namorado tentando reconquistá-la; Kenzi e suas escolhas de carreira; Kenzi e o fato de seu trabalho estar entrando em uma possível falência; Kenzi e alguns baphos (relaxa, eu não dou spoiler) que te deixam de cabelo em pé… Tudo isso acontece na história e sinto que alguns problemas foram acelerados mais para o final e outros foram deixados de lado (o que eu até entendo, porque é isso que acontece na vida real mesmo. Algumas tretas são simplesmente ignoradas e tudo bem). Só mais algumas páginas extras deixariam o livro com o enredo mais amarradinho.
“Era de esperar que a essa altura os homens já tivessem aprendido a interpretar a palavra “bem”. Não significa que está tudo certo. Significa que há mais para dizer, muito mais. Que ainda há sentimentos enterrados bem fundo. Mas que serão expostos uma hora ou outra. É só uma questão de tempo.”
p.28
As cenas com Shane foram super fofinhas, mas me irritei um pouco com ele, pela insistência no romance com Kenzi, mesmo quando ela estava #deboa com seu relacionamento com Bradley. Confesso que também não o curti muito porque imaginei ele como o Paul Rudd (eu nem acho o Paul Rudd bonito, sabe?). Mas, acho que se não fosse essa coisa dos romances, não teríamos nem livro, né?
Eu amei demais as recriações de cenas de filme de comédias românticas. Eu já havia visto todos os filmes da lista de Shane e também todos os outros que são mencionados durante o livro. Eu A-M-O comédias românticas e, dias atrás, quando fui ver Guardiões da Galáxia 2, não pude deixar de ficar chateada com os trailers: basicamente, só vai ter filme distópico, de ação, de aliens, de morte ou de violência. Cadê a Julia Roberts e a Sandra Bullock para nos salvar desse buraco, gente? Esse artigo da Carol Prado, do G1, busca responder nossas questões íntimas sobre o desaparecimento desse gênero. Seria menos pior se os filmes de ação fossem bons, né? Mas, infelizmente, eu também achei Guardiões da Galáxia bem medíocre e ia fazer um texto só para ele, apontando tudo o que vi e que me incomodou, mas esse texto aqui, do Chico Barney, que compara o filme da Marvel com um filme dos Trapalhões com orçamento milionário, já disse tudo o que eu gostaria de ter dito.
Voltando a “Um Amor de Cinema”: é um livro fofo e despretensioso, que, quando você terminar de ler, vai ficar com um sorriso nos lábios e o coração mais quentinho.
Fiquei com vontade de rever todas as comédias românticas mencionadas no livro e super me relacionei com o que a autora, Victoria Van Tiem, escreveu em seu site oficial sobre de onde tirou a idéia para escrever “Um Amor de Cinema”:
“A ideia veio de querer esses grandes momentos dos filmes românticos para mim mesma. Afinal de contas, nossas vidas devem ser como os filmes. Devemos viver e amar muito, sem arrependimentos, porque, realmente, não temos garantia de recebermos uma segunda ´tomada´.”