6 livros para ler em um dia

livros pequenos

Se você é como eu, provavelmente estabeleceu uma meta de leitura ambiciosa no Goodreads. Escolhi ler 60 livros esse ano e amo que a plataforma te mostra o quanto da sua meta já foi cumprida (35%), mas detesto que também mostre se você está atrasada nas leituras – o que significa que você pode não cumprir seu objetivo, se continuar nesse ritmo.

No momento, estou lendo 2 livros diferentes e estou para trás em um título. Jessica Woodbury, do Book Riot, fala exatamente sobre essa nossa obsessão com o Goodreads e as metas de leituras. Basicamente, ela escreve: “Como uma pessoa que realmente não pratica esportes, mas que lê como se minha vida dependesse disso, talvez minha obsessão seja melhor explicada através de metáforas esportivas. O Reading Challenge é meus Jogos Olímpicos. Não ter livros atrasados significa que estou no ritmo certo, estar atrasada significa que minha medalha pode estar fora do meu alcance, é ganhar ou morrer; fazer ou quebrar; é hora de ir com tudo.”

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Eu não estou realmente em uma ressaca literária, mas estou lendo livros que requerem mais minha atenção e que realmente não quero correr para terminar, só para voltar ao ritmo imposto pelo Goodreads. É em momentos como esse que eu recorro aos meus “one-night stands”, hehehe. Eu vou atrás de livros que podem ser lidos em um só dia, além de dar mais caldinho para minha meta de leitura.

Por isso, elaborei uma lista com livros fininhos com menos de 200 páginas e que podem ser lidos rapidamente.

1) O Carteiro e o Poeta, de  Antônio Skármeta – 127 páginas

carteiro e poeta livroDe todos os livros dessa lista, “O Carteiro e o Poeta” é o único que eu já resenhei aqui no blog. Poético e simples, o livro tem um final um pouco denso e segue sendo uma das leituras que mais me marcou na vida.

Sou uma leitora relativamente rápida, isso e o fato de conhecer o enredo por ter visto o filme homônimo de Michael Radford, “Il Postino”, fez com que eu lesse ele bem rápido mesmo. O vocabulário do livro é um pouco avançado – mesmo em português, não são palavras que usamos habitualmente- pode ser que algumas pessoas demorem um pouco mais para terminá-lo.

  1. O Compadre de Ogum, de Jorge Amado – 103 páginas

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Quem sou eu para falar de Jorge Amado, não é mesmo? Mas, decidi incluir “O Compadre de Ogum” nessa lista porque foi uma das melhores, quiçá, minha melhor leitura de 2016.

Escrito em 1964, o livro conta a história de Massu, que é muito popular e amado por todos. Certo dia, a prostituta Benedita aparece muito doente na porta da casa de Massu, com um bebê no colo, o filho do casal.

Com quase 1 aninho de idade, o bebê gorducho e sorridente é entregue à vó de Massu, Veveva e, para o escandâlo da velhinha, a criança ainda não foi batizada na Igreja Católica.

Massu é muito querido por todos seus amigos e, por causa disso, todos querem ser o padrinho do moleque. E é então que o drama começa: Massu não consegue escolher uma única pessoa para ser seu compadre.

“A primeira reação de Massu foi de vaidade satisfeita, todos desejando a honra de chamá-lo de compadre, como se ele fosse político ou comerciante da Cidade Baixa. Por seu gosto convidaria a todos, o menino teria inúmeros padrinhos, os sete presentes e muitos outros, os amigos todos, os do cais, os dos saveiros, os dos mercados, das feiras, das Sete Portas e de Água dos Meninos, das casas de santo e das rodas de capoeira.”

p. 21

Da forma mais brasileira possível, Massu recebe uma visita de Ogum, seu pai de cabeça, que anuncia que ele, o orixá “em pessoa”, será o padrinho da criança.

Para saber como eles vão resolver essa confusão, que mistura religiões e crenças de uma forma deliciosa, só lendo o livro mesmo. Os personagens são todos maravilhosos e realistas, os detalhes muito especiais da organização do batizado do menino também são apresentados e você vai se pegar rindo alto. Super amaria se fizessem um seriado ou uma novela baseados nesse livro (filme eu sei que tem e dá para ver aqui, online)

Envolvente, engraçado e com cheiro de sol e de mar, esse livro tem a pura picardia do malandro. Toda vez que eu penso nele, acabo com um sorriso no rosto, ao lembrar das aventuras misturadas e das vidas contadas, sem preconceitos ou julgamentos.

  1. O Sal da Vida, de Françoise Héritier – 100 páginas

O Sal da Vida

“O Sal da Vida” não deve ser observado como um livro de romance, embora conte uma história. Basicamente, Françoise Héritier lista uma série de experiências, sensações, sentimentos, gostos e desejos, uns seguidos dos outros, de forma a ilustrar aquilo que dá graça à vida, aquilo que nos faz sermos humanos.

“[…] olhar, de cima, um gato que nem desconfia que está sendo observado, rir disfarçadamente, esperar o entardecer, regar as plantas e conversar com elas, apreciar o toque de um couro macio ou de um pêssego ou de um cabelo sedoso, estudar detalhadamente o plano e fundo da Mona Lisa ou as rendas de Van Dyck, ter um sobressalto de prazer ao som de uma voz, partir para uma aventura, ficar na penumbra sem fazer nada, provar com relutância gafanhotos grelhados, desfrutar o prazer das conversas sem fim com velhos amigos […]

p.21

É lindo e super diferente daquilo que estou acostumada a ler. Embora ele possa ser lido rapidamente, é um bom livro para quem está em busca de uma experiência de leitura diferente dos romances padrãozinhos.

Ele também propõe que nós mesmos observemos aquilo que é o sal da nossa vida, ao deixar as últimas páginas livres para serem preenchidas. Confesso que, logo após terminar a leitura, vi a vida com um pouco mais de cor.

  1. Talvez uma história de amor, de Martin Page – 157 páginas

capa talvez uma história de amor martin page

“Talvez uma História de Amor” é um dos poucos livros que eu não faço ideia de onde veio e de como foi parar na minha estante. Faz sentido se você considerar que o principal tópico do livro é uma possível amnésia.

Virgile é um publicitário de relativo sucesso e bastante anti-social. Seu relacionamentos nunca dão certo e ele sempre acaba levando um pé na bunda das namoradas. Mas, um dia, ele recebe uma ligação, que caí em sua secretária eletrônica. Uma mulher chamada Clara dá o veredito “está tudo acabado entre nós!”. Nada de novo aí. Mas… O problema é que Virgile não se lembra de ter namorado nenhuma mulher com esse nome.

Intrigado, ele tenta descobrir quem é essa Clara e, principalmente, tenta re (ou não, né?) conquistar o coração dela.

Esse livro se passa em Paris e a cidade chega a ser uma protagonista secundária, aparecendo no livro mais até do que Clara. O humor é bem daqueles secos e sarcásticos dos franceses, eu gosto, mas entendo que as doses de auto-depreciação do Virgile possam irritar um pouquinho.

“Ao chegar à estação de Montparnasse, com dezoito anos de idade, Virgile decidira que Paris seria o objeto do seu amor, pois era preciso, de alguma forma, dirigir seu amor para alguma coisa. Paris nunca o abandonaria. Paris estava ali sempre que precisava. Paris não exigia sair de férias para alguma ilha paradisíaca, com praias nojentas cheias de óleo e cremes e sol. Paris não estava nem aí se ele ficava sem lavar a louça uma semana, se não fazia barba ou se se vestia mal. Paris o amava.”

p. 67

O que mais me chocou, até agora, foi descobrir que “Talvez uma História de Amor” vai virar filme aqui no Brasil!!!!! Não é uma loucura? Será essa a comédia romântica que eu tanto ando querendo ver? O filme é estrelado por Matheus Solano (!), Thaila Ayala e Dani Calabresa (!!) e dirigido por Rodrigo Bernardo. A previsão de estréia é 07.dez.2017, segundo o Amo Cinema.

  1. O Menino do Pijama Listrado, de John Boyne – 186 páginas

o menino do pijama listrado capa

Todo mundo conhece bem a história de “O Menino do Pijama Listrado”, que foi adaptado para os cinemas em 2008, pelo diretor Mark Herman. Filme esse que, depois do soco no estômago que foi o livro, nunca consegui criar coragem para ler.

Se você não viveu debaixo de uma pedra nos últimos anos, sabe que o livro conta um pouco da história do Holocausto e dos horrores do Nazismo, do ponto de vista de uma criança, protegida por sua inocência.

Sempre que alguém precisava de alguma coisa, Pavel trazia o que quer que fosse imediatamente, mas quanto mais Bruno o observava, mais certo ficava de que uma catástrofe estava prestes a acontecer. Ele parecia menor a cada semana que passava, se é que isso era possível, e a cor que deveria estar corando suas faces havia se esgotado quase por completo. Os olhos pareciam pesados de lágrimas, e Bruno pensou que uma piscada mais demorada poderia desencadear uma verdadeira torrente delas.”

p. 126

Bruno, filho do comandante de um dos campos de concentração nazista, se torna amigo de Shmuel, uma das crianças judias presas no campo. Através da cerca elétrica que protege os limites do campo de concentração, os dois conversam e a história parte dessa premissa.

Curtinho e simples, na realidade, é um livro infanto-juvenil. Dá para ler “O Menino do Pijama Listrado” em uma sentada só. Ainda mais se você quiser saber o final desesperadamente.

O que poucas pessoas sabem é que John Boyne, o autor, escreveu a história inteirinha em dois dias e meio, sem quase dormir. Ele conta tudo em uma entrevista nesse site,[…] eu só continuei escrevendo até chegar no final. A história veio até mim, eu não sei de onde ela saiu. Enquanto eu escrevia, eu só pensava ´continue e não pense muito nisso´. Com meus outros livros, eu tive que planejar todos eles. Eu penso por meses antes de escrever qualquer coisa. Mas, com esse, na terça-feira a noite eu tive a idéia. Na quarta de manhã eu comecei a escrever e, na sexta-feira, na hora do almoço, eu já tinha o primeiro rascunho.”

Para ser justa, na mesma entrevista Boyne diz que depois desse primeiro rascunho, ele reescreveu o livro umas outras 8 vezes, até chegar no livro final.  A entrevista é ótima, também, para quem quer ser um escritor e precisa de um encorajamento. Se Boyne penou no começo de sua carreira e tinha que ter um emprego para poder se sustentar, imagina nós, pobres aspirantes?

 

  1. O Outro, de Bernhard Schlink – 95 páginas

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Confesso que só comprei esse livro, porque na capa diz que ele deu origem a um filme estrelado por Liam Neeson e Antônio Banderas. Como eu gosto de ambos os atores, decidi dar uma chance.

Basicamente, ele conta a história de Bengt, que perdeu a esposa para um câncer. Depois de uma vida inteira de casados e de se aposentar, Bengt não tem muito o que fazer e se concentra nas tarefas de casa para o tempo passar mais rápido (que tédio, né, gente?).

Certo dia, Bengt recebe uma carta de um remetente desconhecido, mas que foi endereçada à sua esposa. Com a mulher morta e longe de poder ler o conteúdo da carta, Bengt a abre e o que encontra o deixa de cabelos em pé. De um tal de Rolf, a carta revela um antigo affair de sua companheira.

Decidido a descobrir todas as mentiras que sua esposa manteve, ele começa a trocar correspondências como o “Outro”, como se fosse a falecida.

Sinceramente, eu esperava mais desse livro. Imaginando Liam Neeson no papel de Bengt e Antonio Banderas no papel de Rolf, eu esperava que rolasse alguma luta corporal ou até uns assassinatos básicos. Mas, os grandes acontecimentos deste livro acontecem quase todos no âmbito psicológico. As 95 páginas podem ser lidas em menos de um dia com facilidade. O trailer do filme pode ser visto aqui:

Gostou e quer mais dicas de livros para “ler em uma sentada”? A Larissa Siriani tem um vídeo no canal dela só falando sobre isso!

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo

Entrevista com Larissa Siriani

1)      Você é considerada por muitos a ‘’Nora Roberts brasileira’’
(cof cof cof) pela qualidade de seus textos e pela quantidade deles,
como você se sente com esse apelido?

 
LOL, por muitos? 😛 Acho que é uma comparação beeem louca! Na verdade,
nunca li nada da Nora, mas não sei se me equiparo a ela, tanto em
qualidade quanto em quantidade (essa mulher lança tipo vinte livros por
ano, como pode?) Mas foi um apelido carinhoso, e claro que eu adorei! 🙂
 
2)      Como estudante de cinema, o que você pode aconselhar pros
jovens que estão pensando em cursar essa faculdade ou trabalhar nessa
profissão?

 
Aconselho muito estudo (sempre), paciência e jeito com pessoas. É uma
área bastante difícil, muito concorrida, e que exige muito do trabalho
de grupo – que é basicamente TODO o trabalho. Nada se faz sozinho nesse
campo. Não tem como querer se meter a estudar cinema sem gostar de
trabalhar com pessoas e sem saber escutar os outros.
 
3)      Para você, qual a parte mais difícil em escrever um livro?
 
Nomes!!! Acredita? Eu geralmente começo sabendo pelo menos o nome
do/a(s) protagonista(s), mas sou uma negação em dar nomes a personagens
coadjuvantes e principalmente em dar títulos. A maior parte dos meus
títulos que é realmente boa veio em algum tipo de possessão espiritual
louca em que alguma alma boa me mandou esse título via inconsciente. Às
vezes passo meses trabalhando sobre um livro que não tem nome, ou fico
trocando de título mil vezes até decidir por um menos pior.
 
4)      Todos os seus livros são publicados por editoras ou são
publicações independentes?

 
As Bruxas de Oxford é o único lançado por uma editora. Todos os demais
são publicações independentes.
 
5)      Qual foi a maior dificuldade que você teve na hora de publicar
seus livros?

 
A dificuldade de qualquer escritor, que é achar uma editora que aposte
no seu trabalho. Foi o motivo que me levou a buscar a publicação
independente, em primeiro lugar. O mercado editorial é super exigente,
mas ao mesmo tempo não te diz exatamente o que está procurando, e isso
dificulta a vida de um autor iniciante. Até eu ir abrindo meu próprio
caminho, demorou. A divulgação também foi uma coisa em que tive bastante
dificuldade, porque não sabia como usar nada a meu favor. Fui aprendendo
com o tempo, mas no começo, eu não sabia como fazer pro meu nome chegar
até o ouvido dos leitores – quanto mais meus livros.
 
6)      Qual seu segredo para escrever bem? Alguma dica para os
aspirantes a escritores?

 
Segredo? Hahaha, acho que não tem um. Vou parecer meio arrogante, mas
acho que primeiro a gente tem que ter uma aptidão, uma coisa que vem da
gente, porque tem quem simplesmente não consegue escrever e ponto final.
Mas não é só isso que faz um escritor. Ler muito e começar a perceber e
aprender as técnicas que tornam o seu texto mais legal, mais fluído e
mais interessante são tipo 70% do processo. Se eu fosse me segurar só na
aptidão, garanto que ninguém ia gostar do que eu escrevo. Tem que ter
estudo e muita leitura. A dica maior é essa 🙂

7)      Qual o maior mico que você já pagou?

 
Já paguei vários, mas meu top foi confundir um cara com uma menina e
tratá-lo como uma garota e me referir a ele como “ela” até alguém vir me
contar que era um garoto. Eu não sabia onde enfiar a minha cara. Ele,
claro, ficou “p” da vida.

8)      Quais são seus projetos futuros?

 
Em 2012 quero participar de mais eventos ao redor do Brasil, porque
sinto falta desse contato mais direto com os leitores – espero ter
dinheiro pra isso, né? E quero também terminar a continuação do “Bruxas”
(que já vai pra sua segunda revisão) e tentar, quem sabe, lançá-lo na
Bienal de SP em agosto.
 
9)      Além de escrever, estudar e fazer trilhões de coisas, você
ainda mantém o blog Cine Books, e escreve contos para alegrar nossas
vidas, a pergunta é: Quando você arranja tempo para dormir?

 
Eu quase fico louca, e por isso eu acabo abandonando algumas coisas em
funções de outras – o CineBooks mesmo está todo abandonado, tadinho. Tem
horas que tenho que escolher o que fazer, senão eu piro. Mas tenho meu
horário de descanso. Se eu não dormir, é porque a insônia não deixou, e
não porque tive que fazer alguma coisa.
 
10)   Que pergunta nunca fizeram para você, mas você gostaria de
responder? Qual a resposta dela?

 
Nunca me perguntaram o que eu faria se o mundo acabasse amanhã. Eu
gritaria que já me disseram isso antes. HAHA

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo