Autora: Leila Rego
Editora: Gutenberg
Páginas: 389
Preço: R$ 39, 80
“Juntas no amor, na dor e no rock’n’roll’’, frase que acompanha o título, define muito bem a história criada por Leila Rego. No livro conhecemos Nina, Malu e Pâmela, amigas desde o colégio e que estão sempre juntas, para o que der e vier e com direito a trilha sonora do Legião Urbana.
‘’Na nossa sociedade, a versão feminina de cafajeste é a galinha. E galinhas não são muito bem vistas pelos olhares mais ortodoxos.’’
p.15
Nina é a mulher mais ‘’dedo podre’’ da face da Terra (o que ajuda ainda mais a identificação do leitor com a história, afinal de contas, quem nunca escolheu o único cafajeste no recinto e quem não tem pelo menos uma amiga que fez e que vive fazendo isso?), ela está sempre à procura de um amor perfeito, daqueles que fazem suspirar, mas tudo o que ela consegue arranjar são cafajestes. O mais recente, é o Marcelo, conhecemos ele durante a trama e vamos acompanhando o desenrolar do namoro (Para vocês terem ideia do nível dos amores de Nina, alguns apelidos são ”Marcelo Coringa”, ”Lúcio Darth Vader” e ”Sandro Lorde Voldemort).
‘’[…] Vou fazer uma simpatia para meu namoro com Marcelo vingar de vez. Conheço uma poderosa e infalível. Só precisava dos ingredientes certos… e do santo certo. No caso, é aquele mesmo. Esse santo sabe das coisas.
Certo, então vamos à simpatia.
Desenhe um coração em uma folha de papel branco.
Ok, ali estava a folha e o coração, desenhando de caneta rosa para o santo entender que sou bem romântica.
Muito bem. O próximo passo é recortar o desenho e escrever dentro dele seu nome e o do namorado.
Feito.
Agora, coloque o desenho no fundo de um prato e derrame mel…
Ai, droga! Não tinha mel.
Será que não podia trocar por cobertura de chocolate? É doce da mesma forma. E melecado e grudento. Achei que ia funcionar, uma vez que o objetivo principal era que Marcelo ‘’grude’’ em mim.
É, foi o chocolate mesmo.’’
p.75
Manu é a mais protetora do grupo. É aquela amiga que ama dar conselhos amorosos, mas que não namora, nem é casada. Conforme a história se desenrola, vamos descobrindo mais e mais sobre o passado dela (alias, descobrimos mais sobre o passado de todas) e ficamos ainda mais interessados na vida das meninas. Manu é outra pessoa com a qual todo mundo consegue se identificar por ter ter uma personalidade muito forte, me identifiquei mais com ela do que com Nina, que é quem narra a história.
Já Pam aparece pouco na trama se comparada com as amigas, ela só recebe destaque mesmo e descobrimos mais sobre ela da metade para o final do livro, mas mesmo assim, é fácil gostar dela e ser cativado por ela. Pam é aquela mulher que parece ser estável e forte, uma verdadeira muralha, mas no fundo no fundo, ela é a mais sensível e que mais precisa de ajuda.
Mas se você acha que cafajestes e desilusões amorosas dominam a história inteira está muito enganado! Os mocinhos criados por Leila também são Ó-T-I-M-O-S e fazem toda a raiva pelos cafajestes desaparecer em uma piscadela! Além disso, eles soltam perólas como essa aqui:
‘’ – Não vejo sentido na traição. Estaria me iludindo com uma vida vazia buscando felicidade momentânea a todo instante. Sou fiel a mim e aos meus valores. Se algum dia eu trair alguém, estarei traindo a mim mesmo em primeiro lugar.
Gente, estava chocada.
Um homem tinha falado isso mesmo? Tão raro nos dias de hoje!
Vamos emoldurá-lo e colocá-lo em um museu? Eu sou super a favor.’’
p.234
Com um humor meio sarcástico, mas na medida certa, a narrativa flui rapidamente e te envolve de uma maneira que quanto mais você lê, mais você quer! Quando acabei a história fiquei com aquele gostinho de quero mais na boca durante um bom tempo! Não conseguia encontrar nada que me agradasse tanto quanto ‘’Amigas (Im) Perfeitas’’!
A capa também é linda! Ela tem uma textura que combina muito com as cores e a vida das amigas, fica perfeito demais! É uma das minhas capas favoritas desse ano!
Já li ‘’Pobre Não Tem Sorte’’e posso afirmar que Leila amadureceu muito sua escrita entre um livro e outro. Os personagens são muito melhores e mais cativantes, aliás, a narrativa também é! Te envolve muito mais!
Com ‘’Amigas (Im) Perfeitas’’ e um número cada vez maior de autoras nacionais publicando chick-lits, podemos afirmar que daqui a alguns anos, o ‘’chick-lit brasileiro’’ vai ficar até melhor que o ‘’importado’’. Afinal de contas, é bem mais fácil gostar de uma personagem que come pão de queijo no café da manha.
Beijoos, A Garota do Casaco Roxo