Nome: Pepitas Brasileiras: Do Rio de Janeiro ao Maranhão, uma viagem de 5.000 quilômetros em busca dos heróis negros do país.
Autor: Jean-Yves Loude
Editora: Autêntica
Páginas: 351
Terminei de ler a última página de “Pepitas Brasileiras” com vontade de reler o livro, até que todas as palavras e informações contidas nele estivessem impregnadas em minha memória.
Deitada em minha cama, finalizei o relato de viagem de Leuk e Leão sabendo que aquela jornada de mais de 5 mil quilômetros havia mudado minha perspectiva em muitos assuntos e que “Pepitas Brasileiras” tem o grande potencial de ser minha melhor leitura de 2017.
Que livro, minha gente, que livro!
Nossa jornada começa com um e-mail, recebido no primeiro dia do ano por um casal de etnólogos franceses que, provavelmente, não tem nem ideia da aventura que os espera. Na tela do computador eles são encarados pelos olhares computadorizados da projeção da aparência de Luiza, cujo esqueleto – de 11 mil anos de idade – foi encontrado aqui no Brasil. A reação de ambos é de surpresa e de excitação, afinal de contas, o crânio tinha características negras, a projeção tem pele negra e pertence a uma época em que os pesquisadores acreditavam que América só estava sendo colonizada por migrantes da Sibéria e da Mongólia, que vinham através do Estreito de Bering. Será possível que os negros chegaram de barco a esta terra que conhecemos por Brasil antes que os outros “colonizadores”?
O e-mail, enviado por Zayda, diretora da companhia de cultura “Tambor de Crioula Catarina de Mina”, foi o impulso final para que Leuk e Leão organizassem suas coisas e viessem para o Brasil em busca dos personagens negros de nossa história, cujas vidas, feitos e conquistas foram encobertos ou esquecidos de alguma forma.
“Há uma coisa de que o Brasil sofre ainda hoje: a persistência de preconceitos ligados à evocação do país, clichês fabricados em grande parte pelo cinema, pela televisão e pela indústria turística e que sobrevivem graças à preguiça intelectual. Uma visão tacanha que irrita aqueles que se recusam a ver o gênio plural do Brasil, mestiço, efervescente, em perpétua criação, reduzido à simples evocação de Copacabana, do futebol, das novelas, da violência, do tráfico, do Carnaval e da coisificação do corpo feminino.”
p.18
Com os textos e a narrativa em formato de diário de viagem e endereçados especificamente à Zayda, o leitor observa um verdadeiro desfile de personagens, cores, gostos, cheiros e cidades deste Brasil, cujos nomes são tão pouco conhecidos que eram ignorados por mim.
Através de visitas em museus, sítios arqueológicos, quilombos, marcos históricos e cidades inteiras, contando com o apoio das pesquisas de Leuk e de entrevistas e diálogos com pesquisadores brasileiros, a jornada dos etnólogos é costurada à trajetória daqueles que marcaram a história do meu país. O resultado é uma mistura, aquela pontinha de sabor que faz você querer pesquisar e saber mais e mais sobre tudo aquilo que foi nos ensinado.
Desfilam pelas páginas e pelo nosso imaginário os mais conhecidos personagens negros de nossa história, como Aleijadinho e Castro Alves, passando por Ana das Carrancas e Santa Anastácia, cuja história eu já tinha ouvido aqui e lá, até chegar em Negro Cosme, a Beata Maria de Araújo e a história das mulheres do Quilombo Conceição das Crioulas, que eu realmente desconhecia.
“Essa imagem da liberdade reconquistada foi coberta por uma pichação escrota do tipo: “Deus criou o pé para chutar a bunda!”. Compreende-se que se trata da bunda do negro. Anoto a fórmula diante de um senhor que está ali passeando e parece constrangido por nossa atenção a semelhante expressão de racismo ordinário. Explico-lhe que também anotei outra reflexão, muito bonita, caligrafada na parede, inscrita na moldura pintada de um falso pergaminho: “Existe uma história do povo negro sem o Brasil. Mas não existe uma história do Brasil sem o povo negro.”
p.272
Muitos outros personagens aparecem no livro e uma das coisas que eu mais gostei é que você não precisa ser um historiador ou um intelectual para apreciar algumas das vidas apresentadas no livro. Basta ter empatia e você já vai sair anotando nomes, para pesquisar mais sobre essas “pepitas”. Didático, Jean-Yves pega o leitor pela mão e nos ajuda a refrescar conceitos que nos foram ensinados na escola e depois esquecidos com o passar dos anos.
Cada personagem que passava pelas páginas de “Pepitas Brasileiras” me ensinava um pouco mais sobre a história de meu país e sobre os contextos que foram torcidos para justificar a escravidão e o racismo. Aprendi que as estátuas de namoradeiras têm um fundo bem melancólico e triste até. Aprendi que a cultura do Nordeste é muito mais extensa e profunda do que eu tinha conhecimento. Aprendi que “Maria Padilha” tem um significado histórico real, que vai bem além de um simples nome.
“Um rapaz jovem e loquaz aponta cada figura policroma e nos apresenta São Jorge derrotando seu eterno dragão, os gêmeos médicos Cosme e Damião, uma série de Nossas Senhoras em suas diversas atribuições, Nossa Senhora Aparecida em perfeita cumplicidade com Iemanjá, a entidade espiritual das águas salgadas, ela própria muito próxima de Santa Bárbara. Tem também Ogum, Exu, Oxum, Iansã…. Uma verdadeira reunião cordial de potências sobrenaturais. E aqui os espíritos índios, Sete Catacumbas e Sete Encruzilhadas. E Zé Pelintra, o boêmio de roupa branca e chapéu de malandro: mas cuidado, por trás de sua silhueta de sambista cafajeste se esconde um espírito poderoso.”
p.59
Descobri que, para uma pessoa que gosta de história e que considerava conhecer relativamente bem o assunto, eu não sei de nada. Arrisco dizer que, da missa, eu arranho só um Pai Nosso.
Além do aspecto histórico, as religiões afro-brasileiras também têm grande destaque na narrativa e certos aspectos delas são explicados e aprofundados de forma que praticantes e não praticantes possam entendê-las um pouco melhor. Sem preconceitos.
“Uma vozinha interior nos guia para uma loja escura de estátuas afrorreligiosas. Imagino, Zayda, que esses minimercados atulhados de produtos místicos devem parecer banais para você. Mas eles nos fascinam. Cheiram a incenso e transbordam efígies de gesso pintado ou de ferro, de todos os tamanhos, orixás e santos católicos lado a lado, bunda a bunda, Virgens tímidas, deuses impudicos, gênios índios, espíritos vestidos de malandro sambista ou de marinheiro: só mesmo o céu brasileiro para abençoar tamanho samba do crioulo doido.”
p. 185
Eu queria que todo brasileiro lesse “Pepitas Brasileiras”. Eu queria uma nova versão dele, com a linguagem um pouco mais simples, para que ele pudesse ser lido nas escolas. O livro original foi escrito em francês e a tradução foi feita por Fernando Scheibe, que fez um ótimo trabalho em dar picardia e charme brasileiros a escrita de Jean-Yves.
Eu gostaria que a divulgação deste livro fosse bem maior. A Editora Autêntica fez alguns posts patrocinados no Facebook e eu aproveitei para comprar o livro na Festa do Livro da USP, depois de ler um desses. Mesmo assim, quem fez o cadastro de “Pepitas Brasileiras” no Goodreads foi a própria que vos escreve e eu ainda estou para ver alguma resenha dele em algum site (vi uma crítica no O Globo, mas foi só).
Como disse no começo do texto, quero reler “Pepitas Brasileiras” em breve. É um livro que te ensina e te incita a querer saber mais. Agora que tomei conhecimento desse Brasil, quero ir mais além e ler mais sobre a história de meu próprio país.
“Nunca me esquecerei de uma senhora negra, batista, prosélita, que aceitou vir ao Salão do Livro para nos escutar falar das consequências das expansões europeias na África e no Brasil. Essa mulher forte, empregada doméstica, levantou-se e interpelou toda a plateia: “Não é absurdo que seja preciso esse casal de brancos para nos falar de nossa história como se fossem negros?!” – e atravessou a sala para nos abraçar.”
p.301
Recomendo “Pepitas Brasileiras” para qualquer um, independente de idade, raça, escolaridade, sexo ou nacionalidade. Não estou exagerando ao dizer que esse livro ampliou meus horizontes.
Nome: O Demônio na Cidade Branca: Assassinato, magia e loucura na feira que mudou os EUA
Autor: Erik Larson
Editora: Record (mas foi publicado pela Intrínseca recentemente também)
Páginas: 556
“O Demônio na Cidade Branca” foi um achado. Explico: Na livraria do meu bairro, vira e mexe vendem alguns livros bons, que ficaram encalhados no estoque das editoras, por R$ 12. Lá, eu comprei “O Demônio na Cidade Branca” e muitos outros títulos – muitos mesmo, por isso estou proibida de comprar livros novos. Pouco tempo depois, descobri que a Editora Intrínseca tinha republicado o livro de Erik Larson no final do ano passado. Minha edição é de 2005, mas acho que a experiência de leitura é a mesma.
“O Demônio na Cidade Branca” é um livro de não-ficção que aborda acontecimentos e fatos históricos reais. Mais especificamente, nós seguimos a história da Exposição Universal de 1893, oficialmente conhecida como “Exposição Internacional Colombiana”. Sediada na cidade de Chicago, a feira internacional teve duração de um ano e buscava celebrar os 400 anos da chegada de Cristovão Colombo ao Novo Mundo, a América – daí o nome “Colombiana”.
Erik Larson, através de uma extensa pesquisa em livros, documentos oficiais, diários e arquivos, reconstrói a narrativa de tal forma, que a impressão que temos é que estamos lendo um romance com diálogos, cenários e personagens principais e secundários. Ele chega a ser quase cinematográfico.
No livro, nós acompanhamos as dores e o trabalho árduo de Daniel Burham, um dos maiores arquitetos dos Estados Unidos e o responsável por realizar a feira. Burnham foi o criador do edifício Flatiron em Nova Iorque e ficou encarregado de supervisionar o trabalho de elaboração e design dos prédios da Exposição Universal. Ele também foi o responsável por construir os planos e por tonar a feira realidade. Os prédios seguiram um padrão arquitetônico e eram todos brancos, daí o nome “Cidade Branca”.
Na Exposição Universal de 1893, havia prédios para cada área do conhecimento (Humanidades, Manufaturas, Indústrias…) e também pavilhões temáticos para diversos países do mundo.
Junto com Burnham estava também Frederic Law Olmsted, o paisagista responsável pelo Central Park, também de Nova Iorque. Juntos, os dois tiveram o trabalho gigantesco e descomunal de transformar uma área pantanosa e úmida nos arredores de Chicago em uma Exposição Universal de dar inveja à de Paris, que aconteceu em 1889, e de sobrepujar o grande marco da exposição anterior, a Torre Eiffel. A exposição tinha até um grande lago navegável, que foi construído para agradar aos desejos paisagísticos de Olmsted.
A “Corte de Honra” de Burnham e o lago de Olmstead.
Paralelamente aos desafios de Burnham, nós seguimos o jovem médico H.H. Holmes, cujos olhos carinhosos e gestos afetuosos eram uma fachada para um grande psicopata que matou muita gente, ao longo do decorrer da Exposição Universal.
Visando obter lucro com o afluente de pessoas que iria até Chicago para visitar os pavilhões e prédios de Burnham, H.H. Holmes construiu um hotel mórbido, com canos de ventilação, passagens secretas e um porão equipado com um crematório e ácidos e solventes químicos, para ajudá-lo a se livrar dos corpos. Holmes era um serial-killer de deixar Jack, o Estripador no chinelinho.
Entre os anos de preparativos que antecederam a Exposição, até a construção dos prédios; os acontecimentos da Feira em si; os assassinatos de Holmes, culminando, por fim, na prisão do assassino, através do trabalho do detetive Geyer, “O Demônio na Cidade Branca” é um livro eletrizante e de tirar o fôlego, que vai fazer qualquer jornalista desejar tê-lo escrito. Eu me peguei segurando a respiração em diversos momentos, por causa de Holmes, e também torcendo para que o trabalho de Burnham desse certo, além do sucesso da exposição.
Cenários e diálogos são reconstruídos por Larson através de suas extensas pesquisas. A narrativa começa conosco a bordo do Olympic, junto com Burnham, enquanto o navio cruza o Oceano Atlântico, para ajudar a resgatar a tripulação e os passageiros de um outro navio, que havia afundado a pouco, o Titanic. Tecendo conexões entre momentos históricos e comparativos que ajudam leitores mais leigos a entender o que está acontecendo, um dos principais momentos da história dos EUA ganha vida, cor, cheiro e forma.
Muitas curiosidades são levantadas e a quantidade de coisa que eu aprendi com esse livro não tá escrita! Um dos exemplos desses aprendizados inesperados aconteceu por conta do exaustivo trabalho dos engenheiros para encontrar algo que fosse superior à Torre Eiffel ,em todos os aspectos. O resultado foi obtido pelo engenheiro George Ferris, que construiu a primeira roda gigante (em inglês “Ferris Wheel”) da história. Os carrinhos da roda gigante tinham janelas de vidro e as descrições de Larson sobre o terror e o medo dos primeiros passageiros da roda gigante são hilárias. Pedidos de casamento, casamentos e tentativas de suicídio aconteceram naquela roda gigante.
A primeira Roda Gigante da história, construída na Feira Internacional Colombiana
Outros personagens de importância histórica mundial passeiam pela feira e tudo o que você vai querer é ler mais e mais. Os assassinatos de Holmes também ajudam a dar um toque meio noir ao livro e, apesar de serem pesados, as descrições não são tão detalhadas a ponto de deixar você – muito – assustado. O perfil psicológico de Holmes é muito bem construído e é difícil não se surpreender com a quantidade de gente que ele matou sem que ninguém percebesse ou notasse algo de estranho.
A única coisa que eu senti falta foram imagens e fotografias. É bem comum, nesse tipo de livro, ter um capítulo inteiro só com imagens e fotografias que ajudam a criar um imaginário das cenas descritas e dos personagens também (eu, por exemplo, imaginei Burnham como Chris Hemsworth e agora me recuso a pesquisar seu rosto e ver que ele não é nada disso). A verdade é que a falta de imagens é explicada até por Larson, no próprio livro. Como uma forma de conseguir mais lucros para a exposição – que estava atolada em dívidas – Burnham vendeu os direitos de imagem e só havia um único fotógrafo autorizado a tirar fotos do local, por isso a escassez de registros. Qualquer hora vou até uma livraria só para ver se há fotos na edição da Intrínseca.
Recomendo “O Demônio na Cidade Branca” para qualquer um que goste de história, arquitetura, assassinatos, suspense, investigação e curiosidades. Quem gostou de filmes como “Os Intocáveis”, do Brian de Palma, vai adorar isso aqui. O livro é um prato cheio para quem quer se desafiar e sair um pouquinho da zona de conforto na leitura.
Definitivamente, essa já é uma das melhores leituras que fiz em 2017 e agora só me resta procurar por livros semelhantes e tão legais quanto esse.
A verdade é que a vida dá suas voltas, seus tropeços e seus pulos e, a primeira coisa a ser cortada quando isso acontece, são os hobbies e as distrações que levam tempo. Eu amo escrever para o blog e me solto muito – tanto na escrita quanto nos sentimentos – quando estou por aqui. Pode ser que demore, pode ser que leve alguns dias. Pode ser que eu não tenha mais aquela periodicidade. Mas, tenha certeza, de tempos em tempos volte aqui para ver as atualizações.
Dito isso, em dezembro Mandariela estava dando um rolê no shopping, em busca de presentes de Natal de última hora. Inocentemente, a menina entrou em uma Livraria Nobel, viu que eles tinham livros bem legais por R$ 12 cada e… Acabou saindo de lá com 4 deles.
Parece normal, não? Mas, infelizmente e para o desespero da minha mãe, esse tem sido um padrão de comportamento normal meu. Não tem uma vez que eu não vá comprar livros que eu compre só 1. Isso gera vários problemas, dentre eles:
Uma lista de livros para ler interminável;
Uma falta de espaço na estante crônica e irremediável;
Mandariela não se lembrando das razões pelas quais comprou determinado livro. Mandariela convencendo a si mesma de que jamais leria determinado livro. Mandariela se convencendo de que está louca.
Mandariela doando o referido livro para a biblioteca, sem nunca ter lido ele;
Os gastos, minha nossa senhora, os gastos!!!!
Então, aproveitando o clima de ano novo, vida nova, decidi fazer uma resolução e tentar levá-la a sério o máximo possível. Só vou poder comprar livros novos em 2017 depois que conseguir atingir 30 livros lidos (isso é metade da minha meta de leitura anual). Tecnicamente, eu já falhei nisso porque fui para o Uruguai e não resisti em comprar um livrinho do Benedetti em espanhol. Mas olha a vitória: Foi um só mesmo.
Eu já estou sofrendo porque toda vez que vejo listas de lançamentos das editoras, meu coração dá pulinhos.
Para ajudar meu pobre coração consumista – de livros e nada mais – organizei a lista abaixo com os livros que, definitivamente, quero ler em 2017.
Damas de Honra, da Jane Costello
Acredite ou não “Damas de Honra” figura desde 2013 na minha lista de “livros para ler”. A verdade é que eu tinha muita preguiça de pagar R$ 42 em um único livro (Esqueci de esclarecer que sou consumista, mas também pão-dura. Pago isso em vários livros, não em um único).
Na Bienal do ano passado, o estande da Editora Record tinha algumas promoções bem interessantes, entre elas: “Damas de Honra” por apenas R$ 20. Finalmente!!! Ele é meu, muito meeu!
Eu adoro chick-lits fofinhos e bobos e esse é um deles. Um livro sem pretensões só para distrair a cabeça é exatamente aquilo que precisamos de vez em quando.
Quando Evie Hart aceita ser dama de honra de sua melhor amiga, ela percebe que isso é o mais perto que conseguirá chegar do altar. Até hoje, aos 27 anos, Evie nunca viveu um grande amor. E, por ironia do destino, todos a seu redor, inclusive sua própria mãe, estão com os dias de solteiro contados. Ela treme só de pensar nos inúmeros casamentos que tem pela frente! Mas sua fobia de relacionamentos pode ter cura. Um convidado especial, que está sempre presente nas cerimônias, é capaz de fazer com que ela queira ser um pouco mais do que dama de honra.
2. A Livraria dos Finais Felizes, Katarina Bivald
Esse eu também comprei na Bienal do ano passado e acho que paguei caro nele. A verdade é que eu estava cansada, frustrada e realmente queria sair do Anhembi com a sensação de que tinha satisfeito todas as minhas vontades, então, o comprei.
Esse daqui me chamou atenção pela capa super fofa e também pela sinopse. Ele também me ajuda a cumprir um dos itens do meu desafio de leitura do PopSugar: Katarina Bivald, a autora, é Sueca e acho que nunca li nenhum livro de um autor de lá. Tenho grandes expectativas e espero não me decepcionar *dedos cruzados*.
Sara tem 28 anos e nunca saiu da Suécia — a não ser através dos (vários) livros que lê. Quando sua amiga Amy, uma senhora com quem troca livros pelo correio há anos, a convida para visitá-la na cidade de Broken Wheel, Iowa, Sara decide se aventurar. Mas ao chegar lá, descobre que Amy faleceu. Sara se vê desacompanhada na casa da amiga, em uma cidade muito pequena, e começa a pensar que talvez esse não seja o tipo de férias que havia planejado.Com o tempo, Sara descobre que não está sozinha. Nessa cidade isolada e antiga, estão todas as pessoas que ela conheceu através das cartas da amiga: o pobre George, a destemida Grace, a certinha Caroline e Tom, o amado sobrinho de Amy. Logo Sara percebe que Broken Wheel precisa desesperadamente de alguma aventura, um pouquinho de autoajuda e talvez uma pitada de romance. Resumindo: a cidade precisa de uma livraria.
3. Os Sapatinhos Vermelhos, Joanne Harris
O livro “Chocolate” foi uma das minhas leituras mais sinestésicas e marcantes. O material deu origem ao filme homônimo estrelado por Juliette Binoche e Judy Dench (não vou escrever o nome dele aqui, sorry).
A autora do livro, Joanne Harris, é hilária no twitter e através dos tweets dela descobri que “Chocolate” tem várias continuações. Na verdade, ele deu início a uma trilogia. “Sapatinhos Vermelhos” ou “Lollipop Shoes”, no original em inglês, foi publicado aqui no Brasil faz um tempão, pela Rocco. Depois, eles são seguidos por “Peaches for Monsieur Le Curé”, que apareceu em minhas pesquisas com o nome “O Aroma das Especiarias”, no que parece ser uma edição de Portugal.
Encontrei “Sapatinhos Vermelhos” sem querer, em uma busca despretensiosa pelo Estante Virtual. Acredito que seja impossível encontrá-lo em outro lugar que não sejam os sebos, mas o site da Amazon mostra ele a venda. Mal posso esperar para ler as aventuras de Anouk e Vianne, desta vez em Paris.
Autora com mais de quatro milhões de livros vendidos só na Inglaterra, Joanne Harris traz oito anos após ter encantado o mundo com Chocolat, adaptado para Hollywood, com Juliette Binoche e Johnny Depp nos papéis principais a continuação da saga de Vianne Rocher e sua filha Anouk em Os sapatinhos vermelhos. Acompanhadas agora da pequenina Rosette, filha de Vianne com o cigano Roux, elas têm que se adaptar a uma vida mais convencional para se proteger daqueles que temem seus poderes mágicos.No romance, a escritora levanta a questão de se vale a pena desistir de uma vida exuberante e cheia de paixão pela tranqüilidade financeira. Com novas surpresas a cada capítulo, Os sapatinhos vermelhos traz um olhar delicado sobre os conflitos e as dúvidas de Vianne e Anouk, que, ao lado de conjurações e feitiços, aprendem a lidar com as mudanças e crises provocadas pelas novas fases de suas vidas: a maturidade para a mãe e a adolescência da filha. Uma continuação ansiada e que promete cativar mais uma vez os leitores.
4) Onde Deixarei meu Coração, Sara Manning
Mais uma compra impulsiva, dentre os livros que estavam em promoção no estande da Record, na Bienal.
Mas fala sério! A capa tem uma foto maravilhosa da Torre Eiffel e o título é suficientemente meloso para que eu decida ler ele quando estiver precisando chorar – ou brigar com alguém – para me acalmar.
O livro é mais voltado para o Young Adult que para o Chick-it e a hitória está situada em Paris. No final, descobri em uma folheada que há uma lista de filmes, livros e músicas que são um “Glossário para Les Coisas Francesas Iradas”. Parece interessante.
Bea acredita que é a mais entediante adolescente do mundo. Aos 17 anos, não é popular, engraçada ou bonita. A única coisa interessante em sua vida é o pai, que a abandonou mesmo antes de ela nascer e agora vive em Paris. Bea recebe um convite para passar as férias em Málaga e com um bônus: pode se afastar da mãe irritante e controladora. Porém, depois de apenas 48 horas na Espanha, ela se flagra mudando o itinerário. Ansiando pela vida parisiense a cada momento de sua apagada existência, ela acaba na cidade luz, à procura do pai que nunca conheceu. No caminho, conhece Toph, um estudante americano mochilando pela Europa e, em vez de achar o pai pelos cafés e boulevards de Paris, ela acaba perdendo um pouco a cabeça. Mas pode encontrar muito mais do que desejava. Pode encontrar a si própria.
5) Fangirl, Rainbow Rowell
Li “Eleanor e Park” e gostei muito. Quando vi “Fangirl” em promoção, acabei comprando.
A verdade é que além desses, aqui em casa também tem “Ligações” e “Anexos”, da mesma autora, só esperando para serem lidos. Acabei selecionando “Fangirl” porque adoro pesquisar quotes de livros no Pinterest (I know, I know) e, os que eu sempre achava mais bonitinhos ou que tinham uma arte mais bonita, eram todos os de “Fangirl”.
Cath é fã da série de livros Simon Snow. Ok. Todo mundo é fã de Simon Snow, mas Cath, ser fã é sua vida – e ela é realmente boa nisso. Vive lendo e relendo a série; está sempre antenafa aos fóruns; escreve uma fanfic de sucesso; e até se veste igual aos personagens na estréia de cada filme. Diferente de sua irmã gêmea, Wren, que ao crescer deixou o fandom de lado, Cath simplesmente não consegue se desapegar. Ela não quer isso. Em sua fanfiction, um verdadeiro refúgio, Cath sempre sabe exatamente o que dizer, e pode escrever um romance muito mais intenso do que qualquer coisa que já experimentou na vida real. Mas agora que as duas estão indo para a faculdade, e Wren diz que não a quer como companheira de quarto, Cath se vê sozinha e completamente fora de sua zona de conforto.
Uma nova realidade pode parecer assustadora para a garota demasiadamente tímida. Mas ela terá de decidir se finalmente está preparada para abrir seu coração para novas pessoas e novas experiências. Será que Cath está pronta para começar a viver sua própria vida? Escrever suas próprias histórias?
6) O Demônio na Cidade Branca, Erik Larson
Eu adoro livros de não-ficção e a forma como eles te absorvem. De uma hora para outra, você sai de sua bolha e acaba lendo sobre a produção de álcool caseiro durante a Era da Proibição, sobre a história de brasileiros na maravilhosa Cidade Luz ou até sobre como a cidade de São Paulo cresceu e se expandiu.
É um verdadeiro banquete para mim, apesar de dificilmente escrever sobre eles, são o tipo de livro que eu sempre tenho por perto. “O Demônio na Cidade Branca: Assassinato, Magia e Loucura na Feira que Transformou os Estados Unidos” sempre aparecia nas minhas recomendações do GoodReads e eu nem sabia que ele tinha uma edição em português.
Na verdade, ele tem duas. Em 2005, a Editora Record publicou ele por aqui. Acho que deve ter encalhado porque minha edição é dessas de 2005, mas o livro está novo em folha e eu comprei ele em uma livraria, por R$ 12 (Pão dura sim, gente). No ano passado, a Intrínseca reimprimiu o livro, que saiu em uma nova edição.
No final do século XIX os Estados Unidos eram uma nação jovem e orgulhosa, ávida por afirmar seu lugar entre as maiores potências mundiais. Nesse contexto, a Feira de Chicago de 1893 teve papel fundamental: com o objetivo de apresentar a maior e mais impressionante exposição de inovações científicas e tecnológicas já idealizada, coube ao arquiteto Daniel Burnham, famoso por projetar alguns dos edifícios mais conhecidos do mundo, a difícil tarefa de transformar uma área desolada em um lugar de magnífica beleza: a Cidade Branca. Reunindo as mais importantes mentes da época, Burnham enfrentou o mau clima, tragédias e o tempo escasso para construir a enorme estrutura da feira. A poucas quadras dali, outro homem igualmente determinado, H. H. Holmes, estava às voltas com mais uma obra grandiosa, um prédio estranho e complexo. Nomeado Hotel da Feira Mundial, o lugar era na verdade um palácio de tortura, para o qual Holmes atraiu dezenas, talvez centenas de pessoas. Autor de crimes inimagináveis, ele ficou conhecido como possivelmente o primeiro serial killer da história americana. Separados, os feitos de Burnham e Holmes são fascinantes por si só. Examinadas juntas, porém, suas histórias se tornam ainda mais impressionantes e oferecem uma poderosa metáfora das forças opostas que fizeram do século XX ao mesmo tempo um período de avanços monumentais e de crueldades imensuráveis. Combinando uma pesquisa meticulosa com a narrativa envolvente que lhe é característica, Erik Larson escreveu um suspense arrebatador, que se torna ainda mais assustador por retratar acontecimentos reais.
7) Vidas Provisórias, Edney Silvestre
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Adoro o Edney Silvestre na apresentação do “GloboNews Literatura”, mas só agora descobri que ele tem um trabalho bem prolífico na literatura. Sinto que, no momento, estou lendo poucos autores brasileiros e poucos que abordem nossa história recente, de uma maneira geral.
Expatriados, separados no tempo e na geografia, Paulo e Barbara compartilham, além da experiência do exílio, o estranhamento pela perda de suas identidades, o isolamento e a sensação de interrupção do curso normal de suas vidas. Diferentes motivos os levam ao estrangeiro. Em 1970, Paulo, perseguido pela ditadura militar, é preso, torturado e abandonado sem documentação na fronteira, de onde segue para o Chile e depois para a Suécia. Barbara, com uma identidade falsa, deixa o país para trás em 1991 — durante o governo Collor —, fugindo de um rastro de violência, e se instala nos Estados Unidos como imigrante ilegal. Em seu terceiro romance, Edney Silvestre cria um vigoroso retrato das transformações que ocorreram no país e no mundo nos últimos quarenta anos, com uma trama que viaja pelo Chile, Suécia, Estados Unidos, França e Iraque. O autor se vale, com sensibilidade, de sua experiência de onze anos como correspondente baseado em Nova York para revelar o universo dos imigrantes e, ao mesmo tempo, recriar de forma contundente um Brasil visto a distância.
8) Tia Júlia e o Escrevinhador, de Mario Vargas Llosa e O Aleph, de Jorge Luis Borges
Mais duas tentativas de incluir um pouco mais de diversidade e de clássicos da literatura no meu menu literário.
Eu já conheço o trabalho do Mario Vargas Llosa e, além de “Tia Júlia e o Escrevinhador”, tenho aqui em casa ainda sem ler o “A Festa do Bode”, que me indicaram várias vezes.
“O Aleph” é uma coletânea de contos de Jorge Luis Borges. Esse é meu primeiro contato com o autor e eu achei uma boa forma de começar a conhecer o trabalho dele. Até já comecei a ler e estou achando bem interessante, ao mesmo tempo em que acredito que preciso de um pouco mais de repertório para entendê-lo melhor.
Como os dois são clássicos, você não vai ler resenhas deles por aqui (na verdade, não vou nem colocar a sinopse deles). Mas, pode ser que eles apareçam em uma lista ou algo do tipo. Fique de olho!
9) O Livro Delas, Nove Romances
Mais escritores brasileiros, yay! “O Livro Delas” reúne 9 histórias diferentes, cada uma escrita por autoras contemporâneas que eu amo muito como Fernanda França, Leila Rego, Fernanda Belém e Tammy Luciano.
Além das meninas, cuja trajetória eu acompanho faz um tempão, participam também Bianca Carvalho, Carolina Estrella, Chris Melo, Graciela Mayrink e Lu Piras. O material foi organizado pela jornalista Renata Frade.
Os contos são super diferentes e estão em gêneros distintos. A edição tá bem bonita e a única coisa que eu não curti muito foi o texto de orelha, escrito pelo Maurício Gomyde (que eu adoro). Um livro tão girlpower não precisa ter a validação ou o comentário de um homem. Nem mesmo na orelha.
Nove talentos da literatura nacional, que conquistaram os corações e mentes de leitores, em um livro de contos inesquecível. Organizado por Renata Frade, responsável pelo projeto LitGirlsBr, que visa a aproximar escritoras e leitoras e fomentar o debate sobre literatura nacional, “O livro delas” reúne histórias de Bianca Carvalho, Carolina Estrella, Chris Melo, Fernanda Belém, Fernanda França, Graciela Mayrink, Leila Rego, Lu Piras e Tammy Luciano, e apresenta o que há de mais representativo no estilo de cada escritora. Do sobrenatural ao chick-lit, passando por romance, aventura, drama e denúncia social, a coletânea agrada desde os leitores jovens adultos aos mais velhos. Em comum, o talento das nove autoras para contar belas histórias. O texto de orelha é assinado pelo escritor Maurício Gomyde.
10) The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, Junot Díaz
Esse livro foi super comentado no ano em que foi lançado e, além disso, ganhou o Prêmio Pulitzer. Junot nasceu na República Dominicana e estou bem interessada em conhecer melhor seu trabalho.
Ando lendo muitos thrillers em inglês e acho que preciso pular um pouco para uma leitura mais desafiadora, de um autor contemporâneo. Minha tentativa é fugir um pouco da leitura dos clássicos em inglês e tentar conhecer mais a nova geração de escritores gringos.
Oscar is a sweet but disastrously overweight ghetto nerd, a New jersey romantic who dreams of becoming the Dominican J.R.R Tolkien, and, most of all, finding love. But Oscar may never get what he wants. Blame the fukú – a curse that has haunted Oscar´s family for generations, following them on their epic journey from the Dominican Republic to the United States and back again.
E… é isso. O que acharam da seleção? Alguém recomenda um livro que seja similar aos da lista? O único problema é que só vou poder comprá-lo depois que cumprir minha resolução! haha
Mal digitei o título e já consigo sentir o número de visualizações no meu blog diminuindo. Acredito que a maioria dos meus leitores, assim como eu, não curtam muito química, matemática ou física. Para ser sincera, eu também não sou muito chegada não. Mas por que, oh-toda-poderosa-Amanda, você está escrevendo um texto sobre “livros para gostar de química”?
Porque, apesar de não saber como balancear equações direito e de ter um passado traumático com ligações covalentes, eu gosto muito de entender como as coisas funcionam. É muito mais fácil amar e respeitar a maravilha que é meu corpo sabendo a dificuldade que é manter meu tico-e-teco funcionando direitinho. É incrível descobrir que a ilha de Nova York só se chama Nova ~York~ porque foi negociada pelos Holandeses e Ingleses, em troca de uma ilha no pacífico que produzia noz moscada. E é bem legal saber como os venenos eram descobertos pela perícia criminal nos anos 20.
A lista que eu elaborei aborda a química de uma maneira diferente. Ela não vai falar sobre a melhor forma de usar a estequiometria ou te ensinar o que são móleculas aromáticas. Essa lista mostra livros que tem como objetivo ajudar as pessoas a visualizar melhor o impacto e a importância da química na vida e na história do mundo. Confesso que, depois de ler, eu até senti vontade de refazer algumas listas de exercício. Depois eu caí em mim e aí voltei para minha realidade.
1. A Colher que Desaparece, de Sam Kean
“A Colher que Desaparece” é um livro para quem, como eu, nunca entendeu muito bem a organização da tabela periódica. Ele orienta o leitor sobre a formação da tabela periódica e de como a IUPAC (Associação Internacional da Química, algo do tipo) decidiu organizar ela do jeito que a conhecemos hoje.
O livro conta o processo de descoberta, quem descobriu e até os bastidores das relações pessoais dos cientistas que descobriram elementos químicos no século passado. Através de anedotas, a gente acaba descobrindo histórias engraçadas dos cientistas que faliram tentando obter alguns miligramas de tálio ou de cientistas que nomearam os elementos químicos que descobriram com seus próprios nomes ou com os nomes das universidades em que estudaram.
Alguns trechos tem fatos demais e eu fiquei um pouco perdida, confesso. Em outros, parecia um pouco livro didático demais, sabe? E em outros trechos faltou um pouco de clareza (frases longas demais, gente, longas demais). Mas, como eu estava lendo só por diversão, isso não foi exatamente um problema.
Talvez, daqui a dois anos eu já não me lembre mais nada sobre os detalhes dos elementos químicos que foram apresentados nesse livro, mas a visão que eu tinha anteriormente da tabela periódica sendo algo chato, irritante e desinteressante, foi embora para sempre.
2. Os Botões de Napoleão, de Penny Le Couteur
Provavelmente, “Os Botões de Napoleão” é meu livro favorito dessa lista toda. Por que? Porque ele une química e ~história~.
O livro começa dizendo que a culpa pela derrota de Napoleão naquela incursão à Rússia que ele fez em 1812 seria toda dos casacos dos soldados. Por que? Os botões desses casacos eram feitos de latão e o latão, quando exposto a temperaturas muito baixas começa a esfarelar, esfarelar, até não ficar mais firme. Isso fazia com que os casacos permanecessem abertos e os soldados tivessem que 1. Segurar os casacos para não morrer de frio e 2. Manter suas mãos em um lugar que não fosse suas armas, ficando com a guarda abaixada.
É nessa linha de pensamento que o livro vai pegando 17 moléculas como o sal, a pílula anticoncepcional, o chocolate, a noz moscada, os explosivos, a borracha e vai traçando e explicando porque eles funcionam da forma como funcionam e que impacto que eles tiveram da nossa história.
O capítulo da borracha foi meu favorito da história toda. Bem didático, ele explicou o processo de vulcanização, descoberto por Charles Goodyear (sim, dos pneus), para depois vir ao Brasil e explicar sobre como o Amazonas ficou muito rico com a exploração da borracha, como e porquê compramos o Acre e até como o declínio da exploração do látex – a matéria prima da borracha- aconteceu.
Qualquer um que queira entender como os elementos químicos influenciaram o curso da história vai adorar esse livro. Eu queria muito que, ao invés de abordar só 17, a autora tivesse falando sobre umas 50 moléculas. Eu ficaria bem entretida na leitura.
3. The Poisoner´s Handbook, de Deborah Blum
Eu também gostei muito desse porque ele envolve química, história, ciências forenses e investigações criminais. O único defeito é que eu li ele em inglês e acabei perdendo algumas coisinhas aqui e lá por causa da barreira da língua.
Nele, a gente acompanha a cidade de Nova York nos anos 20, na chamada “Era do Jazz”, quando as taxas de crime eram muito altas e as técnicas de investigação ainda eram na base de “dá uma perguntada por aí”. A história acompanha o médico legista Charles Norris e o toxicologista Alexander Getler, em suas tentativas de utilizar técnicas científicas da química para resolver crimes. Eles são uma espécie de “pais” de programas de TV como CSI e inspiraram – com certeza- o personagem Gil Grissom.
O livro é de não-ficção e muito bem escrito. Você acaba se envolvendo na história e nem percebe que está lendo fatos e não vendo um filme noir bem interessante. As descrições da Nova York do começo do século passado, que nada lembra a Nova York de hoje, são incríveis e acho que qualquer pessoa que goste da cidade vai ter uma visão melhor da evolução da metrópole se ler esse livro – mesmo que ele fale majoritariamente de química.
Nós acompanhamos Norris e Getler em sua investigação de uma família que ficou careca repentinamente, de trabalhadores de fábrica que tinham ossos tão fracos que o mero ato de andar causava quebras e um restaurante que servia tortas envenenadas. O livro também conta as dificuldades do trabalho dos dois e como eles tinham que lutar contra orçamentos apertados e a falta de profissionais qualificados.
Dividido em capítulos, o livro utiliza Norris e Getler e crimes reais – resolvidos ou não resolvidos- para explicar como funcionam o clorofórmio, o arsênico, o Mércurio, o monóxido de carbono, o rádio (que era usado como um remédio antigamente) e outros compostos.
O livro também tem trechos doidos sobre como a “Era da Proibição” (onde o presidente dos EUA decretou que era proibido vender e produzir bebidas alcoólicas) causou uma série de cegueiras e mortes por envenenamento de pessoas que queriam produzir ilegalmente seu estoque secreto de mé e que acabaram realizando procedimentos de forma incorreta. Sério, foi algo bem estúpido e, na época, as pessoas bebiam qualquer coisa só para ficar alegrinhas.
A única coisa chata é que ele não está disponível em português.
Tenho um amigo que diz que a gente nunca deve dormir sem aprender duas ou três coisas mais e acho que essa é uma filosofia importante. Eu espero que esses livros te ajudem a aprender duas ou três coisas extras sobre química, história, ciências forenses, astronomia, física e até culinária.
Nome: O Mundo das Múmias Autora: Heather Pringle Editora: Ediouro Páginas: 291
Nossa, já faz um tempo que não posto aqui, né? *tira a poeira das coisas* *liga a luz*
Quando se posta só uma vez por semana e se passa algumas semaninhas sem postar, a impressão que dá e que faz decênios que não sento aqui para falar sobre minhas leituras. Sobrevivi ao fim do penúltimo semestre da faculdade e a organização de um Congresso – voltei! Yay!
A resenha de hoje vai causar um grande estranhamento para aqueles que vem aqui esperando resenhas de romances da Meg Cabot e da Carina Rissi. Por vezes, eu deixo escapar aqui que tenho um gosto secreto por livros de não-ficção – são um dos meus guilty pleasures! Já resenhei livros científicos e engraçadinhos como o “E Se?” e o “Stiff: The Curious Life of Human Bodies“.
“O Mundo das Múmias”, de Heather Pringle, dá um pouco de continuidade ao que eu aprendi com “Stiff”. Se neste, falávamos sobre cadáveres e pessoas que doaram seu corpo à ciência, no livro de Pringle descobrimos mais sobre pessoas que doaram seus corpos à história – sem querer, né?
O livro começa com a jornalista Heather Pringle em um Congresso de Múmias, no Peru. Nele, a jornalista acaba descobrindo todo um nicho secreto: Pesquisadores que estudam o cabelo de múmias, para saber o que elas comiam e se elas usavam drogas, corpos incorruptíveis, aqueles que não apodrecem, e que, por isso, foram canonizados pela Igreja Católica, múmias de crianças incas que ainda têm os cílios e até mesmo estudos sobre o corpo de Lênin, que foi embalsamado e até hoje tá lá preservado.
O livro tem várias fotos e imagens que te ajudam a visualizar melhor aquilo que a autora descreve. Essa daqui é de uma múmia egípcia de 2.000 anos com cabelo ruivo e cacheado – muito mais bem tratado que o meu…
O livro é bem doido.
Mas é fascinante. Pringle vai tecendo, à partir do Congresso, uma narrativa que te leva por várias partes do mundo e que aborda de maneira clara, abrangente e, por vezes, cômica, o estranho hábito que nossos antepassados tinham de preservar seus corpos e se manter “em forma” para a próxima vida.
Monges japoneses que tentaram mumificar a si mesmos, os embalsamadores de Stálin, múmias chinchorro e até mesmo corpos do pântano são analisados pela autora, que, com o auxílio de outros pesquisadores, monta um passado e até uma breve “análise” de como essas pessoas morreram.
É uma leitura ótima e esclarecedora tanto para pesquisadores quanto para quem (como eu!) tem um pouco de curiosidade demais na veia. A única ressalva é que eu gostaria de ter lido ele com mais calma. A narrativa é tão envolvente que eu devorei o livro em poucas sentadas. Talvez eu poderia ter aproveitado mais, se tivesse tomado-o como um bom vinho ao invés de entornar como se fosse catuaba.
Beeijos, A Garota do Casaco Roxo
PS: A capa que aparece no começo do post é da edição em inglês do livro. Não consegui encontrar ele em nenhuma loja oficial, então as fotos da capa em português são todas de outras pessoas, não me senti confortável em usá-las.