Nome: O Sol também é uma Estrela
Autora: Nicola Yoon
Páginas: 276
Editora: Arqueiro
Eu ganhei “O Sol também é uma Estrela” de presente de aniversário, mas só agora, depois de finalmente superar minha ressaca literária, consegui ler ele.
O livro tem 276 páginas ao todo. Dessas, 270 são de uma história que se passa em um único dia na vida de dois adolescentes, Natasha e Daniel.
Natasha é jamaicana e imigrante ilegal nos EUA. Ao final daquele dia, ela será deportada de volta ao seu país de origem. Desesperada e querendo ficar no país que ela identifica como seu, ela vai tentar de tudo para poder conseguir um visto de estadia.
“Para a maioria dos imigrantes, mudar para um país novo é um ato de fé. Mesmo que você tenha ouvido histórias sobre segurança, oportunidade e prosperidade, ainda assim é um grande salto se afastar de sua língua, de seu povo e de seu país. De suas raízes. E se as histórias não fossem verdadeiras? E se você não conseguisse se adaptar? E se não fosse desejado no país novo?” p. 20
Científica, cética e a pessoa de exatas mais de exatas que eu já vi em um livro, Natasha não acredita em amor à primeira vista. Ela acredita em dados e em fatos científicos. Mas, só naquele dia, ela vai se permitir ter esperança de conseguir ficar naquele país.
Daniel é filho de coreanos ultra-exigentes. Naquele mesmo dia, ele vai fazer uma entrevista com um ex-aluno da Universidade de Yale, para tentar entrar na faculdade dos sonhos – de seus pais.
Ele quer ser poeta, mas seu pai quer que ele estude Medicina e seja médico. Daniel é de humanas, romântico e apaixonado. No dia da entrevista que vai definir os rumos de sua vida, ele vai se encontrar com Natasha ao “acaso” e vai fazer de tudo para provar para ela que amor à primeira vista existe sim.
“Há uma expressão japonesa da qual eu gosto: koi no yokan. Não significa exatamente amor à primeira vista. É mais parecido com amor à segunda vista. É a sensação que a gente tem quando conhece uma pessoa por quem vai se apaixonar. Talvez você não a ame imediatamente, mas é inevitável que acabe amando.” p. 66
Normalmente eu não curto muitos livros de “insta-love”. Sabe quando o mocinho e a mocinha se apaixonam quase que de imediato? Quando a gente tem aquela impressão de que o romance acontece de uma hora para outra e que não foi propriamente construído? Então, isso é “insta-love”.
Logo no começo da leitura de “O Sol também é uma Estrela”, eu fiquei com medo dele ser um livro assim, já que se passa em um único dia.
Mas o romance entre os dois é muito amorzinho. Junto com Natasha você passa, aos poucos, a acreditar também em amor à primeira vista. Apesar do romance ter duração de apenas um dia, os dois são imbatíveis e enfrentam logo de cara preconceitos e julgamentos dos outros.
“Como é que este pode ser o mesmo dia? Como é que todas essas pessoas podem continuar com a vida sem saber nada do que acontece na minha? Às vezes o mundo da gente balança com tanta força que é difícil imaginar que quem está ao redor não perceba também.” p. 196
Os capítulos são narrados por Natasha e Daniel alternadamente, mas há um terceiro narrador: O Universo.
O Universo interrompe a história do casal em vários momentos, para explicar o que acontece com os outros personagens do livro. São pessoas com quem eles têm contato, ainda que brevemente, ou são seus pais. A idéia é explicar como as coisas estão interligadas e como as nossas ações têm o poder de afetar os outros a nossa volta.
Alguns capítulos narrados pelo Universo são bem engraçados e contam a história do surgimento do olho ou do porquê coreanos são donos de quase todas as lojas de produtos para cabelos afro de Nova York. Outros são tristes e permitem que a gente enxergue e consiga ver o outro lado dos sentimentos de Natasha e Daniel.
Ao explicar como os pais dos adolescentes se sentem e porque se comportam da maneira que se comportam, o livro joga por terra aquela ideia maniqueísta de bem x mal.
“Há uma espécie de júbilo puro na certeza da crença. A certeza de que sua vida tem um propósito e um significado. De que, ainda que sua vida terrena possa ser difícil, existe um lugar melhor no futuro e que Deus tem um plano para você chegar lá.” p.45
Outra coisa que eu achei legal e interessante é como a Nicola Yoon amarrou a trama. Se Natasha e Daniel não tivessem se conhecido em um momento X, eles teriam se encontrado mais para frente em um momento 2X e assim por diante. O que à princípio se assemelha ao acaso, na verdade prova que acaso não existe mesmo. Deve ter dado um trabalhão fazer o outline desse livro, mas o resultado é surpreendente.
“O Sol também é uma Estrela” é um YA fofo e leve, que poderia ser bem batido e clichê, mas que acaba sendo inovador e diferente de tudo que já li antes. No geral, foi uma leitura fofa e que me deixou com sentimentos quentinhos no coração, assim como “Fangirl”.
A capa é linda e eu fiquei feliz que a versão brasileira é semelhante à americana. O pessoal da Editora Arqueiro fez um vídeo bem legal mostrando os bastidores de como eles montaram a capa, usando string-art.
Beeijos, A Garota do Casaco Roxo