Origem – Dan Brown

origem dan brown capa do livro

Nome: Origem

Autor: Dan Brown

Editora: Arqueiro

Páginas: 427

Dan Brown é um de meus escritores favoritos. Eu adoro a forma como ele constrói enredos cativantes, tecendo uma trama que envolve fatos históricos. De tempos em tempos, me pego com vontade de ler os livros dele e de ficar perdida em meio a fatos históricos, conspirações e perseguições.

Fiquei empolgada de imediato quando soube que “Origem” seria lançado, mas demorei horrores para ler o livro pois: falta de dinheiro (contem sempre com minha honestidade total por aqui, pessoal! haha).

No livro, voltamos ao universo do professor Robert Langdon. Desta vez ele está no Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, para ver uma apresentação de Edmund Kirsch, seu ex-aluno.

Kirsch tem os mesmos ares de Steve Jobs, sabe? E também aquela coisa de gênio arrogante que lembra bastante o Tony Stark. O ex-aluno de Langdon vai realizar uma apresentação especial, transmitida online. Nela, ele promete revelar um segredo científico surpreendente, que deverá mudar o rumo da humanidade.

Três dias antes de seu evento, Kirsch encontrou-se com representantes das três principais religiões do planeta: Catolicismo, Judaísmo e Islamismo. Preocupado com as consequências da apresentação, o gênio quis consultar os sábios e ver como eles reagiriam.

Por isso, não é uma surpresa quando, bem no meio de sua fala, Kirsch é assassinado com um tiro na testa.

O professor Langdon e Ambra Vidal, diretora do museu de Bilbao e noiva do Príncipe da Espanha, partem, então, em busca dos segredos de Kirsch, para enfim revelar sua descoberta ao mundo. Apoiados por “Winston”, o serviço de inteligência artificial de Kirsch (que me lembra horrores o Jarvis), os dois cruzam o território espanhol atrás de pistas.

No último livro de Dan Brown, “Inferno”, lembro de ter passado a leitura inteira dividida e levemente atormentada. Eu fiquei pensando na história durante semanas e ainda me pego pensando nela.

Já em “Origem”, o argumento simplesmente não colou comigo. Recentemente, eu vi na Netflix um seriado chamado “A História de Deus”, que é apresentado pelo ator Morgan Freeman. No programa, ele viaja pelo mundo e conversa sobre diversos assuntos com representantes de religiões distintas. Um dos episódios aborda ciência versus religião e, em parte, ele meio que estragou o livro para mim.

Morgan Freeman entrevista um bispo católico que estuda física e sua visão sobre o mundo e a criação do Universo são tão interessantes que esse “dilema” meio que já ficou resolvido para mim.

Ler um livro em que essa aparente controvérsia é o tema principal, o clímax e o argumento da história não teve efeito para mim, sabe?

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Dan Brown enrola tanto para revelar a descoberta que o leitor fica “mas é SÓ isso?” quando finalmente lê a coisa toda. É meio que brochante, para falar a verdade. O tom professoral e bem próximo de uma pregação que Kirsch usa durante sua revelação só contribui mais ainda para essa sensação de expectativa não alcançada.

“Estamos num momento singular da história […] Um tempo em que o mundo parece ter virado de cabeça para baixo, e nada é exatamente como imaginávamos. Mas a incerteza é sempre a precursora da mudança radical; a transformação é sempre precedida pela revolta e pelo medo. Peço que tenham fé na capacidade humana para a criatividade e o amor, porque essas duas forças, quando combinadas, têm o poder de iluminar as trevas.”

p. 385

O livro segue o mesmo formato de “O Código da Vinci” e os personagens são até parecidos, se você pensar em estereótipos. As referências históricas ainda estão presentes, mas a impressão que tive é que são mais diluídas. Não há tantos “códigos” ou ligações e tudo é moderno, inclusive as obras de arte e a arquitetura.

As mídias sociais possuem um papel importante no livro e a internet também. Foi interessante ver a forma como o autor costurou ambas as narrativas. Juntando isso, com o personagem que se assemelha a um combo Steve Jobs/Tony Stark, e uma referência perdida a “Frozen” (Sim, do Olaf mesmo), a impressão que tive é que ele mirou a história em busca de atrair uma audiência millennial.

As reviravoltas surpreendentes, que já são esperadas (é claro que o cara bonzinho não vai ser tão bonzinho, né?), também acontecem no livro, sem o mesmo efeito dos anteriores.

Achei super legal como Dan Brown explorou os personagens secundários, como o Rei da Espanha (que bapho, gente!) e o staff do Palácio Real. Foi, em certos momentos, mais interessante e divertido do que a corrida e a exploração desesperada de Langdon e Ambra.

Outro ponto interessante foi que ele demarcou bem a idade da Ambra Vidal. Ela tem 39 anos e isso talvez tenha sido uma alfinetada ao pessoal do cinema.

Quer dizer, no filme de “Inferno”, colocaram Tom Hanks (59 anos) para fazer um par semi-romântico com a Felicity Jones (32 anos), que interpreta a Dr. Sienna Brooks. Esse movimento foi bem criticado e acho que escrever a idade da personagem (por mais que a diferença não seja tão grande) foi uma forma de evitar que isso aconteça novamente. Eu ainda não vi a versão cinematográfica de “Inferno”, mas as críticas dizem que é de horrível para baixo.

Eu gostei de “Origem”, mas esperava bem mais. Se antes eu via os livros do Dan Brown como tendo bastante fôlego e curtia acompanhar a mesma narrativa (se o Nicholas Sparks faz isso com romances, o Dan Brown segue a mesma estratégia com thrillers), em formatos diferentes, não foi o que aconteceu dessa vez.

Terminei o livro sentindo que, talvez, só talvez, esteja na hora de deixar Robert Langdon curtir uma merecida aposentadoria, com direto a relógios do Mickey Mouse e a voltas na piscina. Let it go, Dan Brown, let it go.

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Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

PS: Achei super legal que a Phillips Exeter Academy, onde o Dan Brown estudou e onde eu fiz um curso de verão (com bolsa total, vejam bem) é mencionada no livro. Só vi isso acontecer em “Cadê Você, Bernadette?” e dei pulinhos quando percebi as ~ligações.

Cadê Você, Bernadette? – Maria Semple

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Nome: Cadê Você, Bernadette?

Autora: Maria Semple

Editora: Companhia das Letras

Páginas: 376

Bee é uma menina brilhante, tão brilhante que os pais decidem dar um presente a ela, agora que vai para o ensino médio e Bee só tem um pedido a fazer: se ela tirar nota máxima em todas as matérias de seu boletim, ela quer ganhar uma viagem em família para a Antártica. Mas sua mãe, Bernadette, tem um pouco de agorafobia e o medo de fazer simples tarefas como ir as compras faz com que ela contrate uma assistente pessoal online, direto da India, que a ajuda com coisas como “comprar comida”. O pai de Bee é um genial guru da Microsoft, que tem sérios problemas no relacionamento com a esposa e é bem ausente. Quando Bernadette misteriosamente desaparece, cabe a Bee montar um verdadeiro mapa do tesouro para encontrar e entender sua mãe.

Esse livro é construído de uma forma quase epistolar, mas a verdadeira questão é que ele não só é construído com cartas e emails, mas também com artigos de jornal, trechos de escuta telefônica, recibos de pagamento e trechos de investigações do FBI.

É fascinante porque tudo que sabemos é que Bernadette é meio doida e, aos poucos, Bee vai desenterrando o passado dela, mostrando os acontecimentos e traumas pelos quais ela passou, que a fizeram ser como ela é hoje. É bonito ver a forma como a autora teceu toda a história, que vai se revelando aos poucos, as vezes parcialmente e as vezes na integra de uma vez só. Consigo até visualizar Maria Semple com várias planilhas decidindo os passados e o futuro dos personagens. Este não foi um livro que foi “se escrevendo” e que durante o processo de escrita já estava muito bem planejado, com certeza.

Outra coisa que me fez amar esse livro foram as várias menções a Phillips Exeter Academy, uma das melhores escolas preparatórias (é tipo o ensino médio, mas é bem puxado e você tem que morar no campus, quase como uma faculdade mesmo) dos EUA, onde o Mark Zuckerberg e o Dan Brown estudaram e onde eu fiz um curso de verão (hohoho!). Bee, além de ter que lidar com a ausência, de diferentes formas, dos dois pais, ainda tem que escolher o que vai fazer da vida, tadinha!

Se você está procurando um livro inovador e sem clichês e mimimis, “Cadê Você, Bernadette?” vai te intrigar, divertir e te matar de curiosidade.

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

Inferno – Dan Brown

Inferno_Capa_siteNome: Inferno

Autor: Dan Brown

Editora: Arqueiro

Páginas: 443

Preço: R$ 39, 90 (mas recentemente, a Livraria Cultura fez uma promoção e deixou ele por R$ 24, 90)

Todo mundo que acompanha o blog já há um tempinho sabe que eu odeio criar expectativas e ser decepcionada. Por isso, quanto mais vontade de ler um livro ou quanto mais eu conheço o autor, menos tento saber sobre seu novo lançamento, para não ficar ansiosa e ler a última linha do livro com um ‘’MAS OI?’’ apitando na minha cabeça. Poderia dizer que foi isso que fiz com ‘’Inferno’’, que passei longe do Globo News Literatura entrevistando o autor, longes das resenhas, das opiniões, dos trechos… Mas é meio obvio que fiz o oposto, não é?

E não é preciso me conhecer a fundo para saber que me decepcionei.

No novo lançamento de Dan Brown, Robert Langdon acorda desorientado em um hospital, com um machucado na cabeça e sem se lembrar de como o conseguiu. Ele percebe que está em Florença, mas não lembra nem de ter saído dos Estados Unidos.

E então, tentam matar ele.

Contando com a ajuda da médica Sienna Brooks, ele foge e descobre um objeto costurado dentro do bolso de seu paletó. E assim, ele e sua parceira iniciam sua busca por respostas através desse objeto, que os leva a uma caçada por códigos, símbolos e lugares históricos, todos relacionados a Dante Alighieri e ‘’A Divina Comédia’’.

Dan Brown escreve livros que são verdadeiras aulas de arte, história do mundo e, no caso, literatura entrelaçadas com sequencias de ação, suspense, mistério e reviravoltas alucinantes. Tudo isso combinado com um texto tão dinâmico e delicioso de ler, que você não percebe as horas passando e chega a prender a respiração nos momentos mais misteriosos.

Pelo que pude perceber em seus livros, ele tem o costume de ‘’dividir’’ o enredo em duas partes. Na primeira, ele coloca questões, dúvidas e porquês, te deixa roendo as unhas para tentar descobrir. Na segunda ele responde, capitulo por capitulo todas as perguntas do inicio.

Em ‘’Inferno’’ isso ficou muito claro. Eu me via acabando de ler um capitulo e me perguntando algum detalhe ou ‘’como isso é possível’’ e no outro capitulo eu tinha a resposta exata para essa duvida. Mas isso me incomodou de certa forma. As perguntas colocadas nem sempre tinham respostas que pareciam realistas e a verossimilhança, pelo menos para mim, sempre foram os elementos que fizerem Dan Brown ser um dos meus autores favoritos.

Quer dizer, existe coisa mais divertida do que começar a ler um livro cuja primeira página tem uma nota do autor dizendo: ‘’Toda a tecnologia apresentada nesse livro existe e já é utilizada pelas agencias de segurança americanas’’ como ele fez em ‘’Ponto de Impacto’’ e ‘’Fortaleza Digital’’?

Além das respostas e dos elementos irreais no livro, tudo parecia forçado demais, chato demais (demorei mais de 10 dias para lê-lo), cinematográfico demais (na Entrevista do Globo News Literatura, linkada no final deste post, ele confirma que ‘’Inferno’’ irá sim para o cinema) e as motivações que tanto o ‘’vilão’’ quanto o ‘’lado do bem’’ tinham, soaram tanto quanto absurdas e me incomodaram muito.

O autor jogou para o leitor e para Robert Langdon tantas perguntas no inicio do livro, que quando a verdade começou a se revelar, Langdon se viu aturdido e nós também. Me vi folheando o livro para reler certos trechos e tentar entender o porquê de certa colocação e o que realmente tinha acontecido em algumas cenas mais confusas.

Mas, por outro lado, eu li uma vez que um bom livro é aquele que lança você em reflexões e que te deixa pensando nas motivações do ‘’vilão’’, no porque das coisas e cuja discussão ultrapasse as páginas e seja feita na vida real também, que lance o holofote em temas que não são normalmente parte da agenda das pessoas. Em ‘’Inferno’’ ao invés dos assuntos de sempre de Dan Brown (espionagem, contraespionagem, conspirações…), ele se refere ao papel da ciência em nossas vidas e inicia uma discussão sobre superpopulação da terra e Transumanismo.

Para ser sincera, não tinha lido nada sobre esses temas e, apesar de toda a decepção e chateação do livro, posso afirmar que ele me lançou sim em uma reflexão, me fez perguntar se o que estamos fazendo é o certo e, principalmente, fez com que eu escrevesse ‘’vilão’’ na resenha inteira, desse jeito porque, para saber se o que ele fez é ruim ou não eu precisaria de mais informações. (Parágrafo enigmático porque tenho medo de soltar spoiler!).

E, para encerrar (antes que isso aqui fique com 443 páginas), que livro mais feio no quesito diagramação! Os capítulos são todos juntos, não tem espaçamento entre um e outro (o próximo capitulo começa na mesma folha que o outro acabou) e isso é meio chato quando se trabalha com Dan Brown porque ele geralmente começa um capítulo onde o outro termina (você não consegue segurar o suspense e a animação dura pouco tempo).

Fora que antes da historia em si começar, tem uma página com a historia da editora, uma cópia sem cor da capa, uma página dando o link nas redes sociais da Arqueiro, uma página com a sinopse dos outros livros do Dan Brown… Pareceu tão antiquado, sabe? Aqueles livros de quando a internet não era tão acessível e para saber mais infos sobre lançamentos as pessoas tinham que pedir pelo correio. Fora que a biografia do Dan Brown aparece na terceira capa, na penúltima folha… Ficou tão feio de ver!

‘’Inferno’’ é bom, mas é de longe, o meu livro menos favorito de Dan Brown. Só leia ele se gostar muito, muito mesmo do autor. (aqui é a parte onde eu dou uma de Sherlock Holmes e especulo o porque do desempenho fraco: Já completaram 3 anos do lançamento de ‘’O Símbolo Perdido’’ e acredito eu que havia sim uma certa pressão para uma nova aventura de Robert Langdon – fora os contratos de cinema e a expectativa de bilheterias milionárias-, mas acho que outros fãs de Dan Brown concordariam comigo: eu esperaria 10, 11 anos, se o que eu fosse ler fosse um zilhão de vezes melhor que ‘’Inferno’’).

Entrevista com o Globo News Literatura + Informações sobre como a tradução de ‘’Inferno’’ foi feita (Ah, o medo da pirataria…).

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo.

PS: Tenho que dizer que esse livro me deu uma vontade de ler Dante Alighieri que eu não tinha antes. Quem sabe num futuro próximo? (ou seja, assim que eu acabar de ler ‘’Os Miseráveis’’). 

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