Vez ou outra eu assisto alguma coisa na Netflix que não é um documentário. Eu vi um trailer bem legal de “GLOW” em junho e fiquei com ele na cabeça. Quando percebi que a série estava disponível para ver, nem pensei duas vezes e cliquei.
Dividido em 10 episódios, “GLOW” foi baseado em um seriado americano homônimo, que foi ao ar em 1986.
Nele, nós acompanhamos a história de Ruth Wilder, interpretada por Alison Brie, a Trudy Campbell de Mad Men. Ruth é uma atriz que está em busca de um bom papel, para alavancar sua carreira. Cansada de interpretar secretárias, Ruth é convidada por sua empresária a ir até uma audição de um novo projeto independente, “Glow”.
Ao descobrir que Glow, ou Gorgeous Ladies of Wrestlig (Garotas Lindas da Luta Livre), se preferir, não é uma série ou uma novela e sim um projeto para uma espécie de WWE feminina, Ruth fica desanimada e aborrecida.
Como se isso pudesse justificar algo (mas a gente sabe que não pode), Ruth acaba dormindo com Mark, o marido de sua melhor amiga, Debbie Eagan. Na verdade, no começo, a gente tem a impressão de que Ruth tem um pouco de inveja de sua amiga. A Debbie, também atriz, fez um papel de sucesso em uma novela e agora parou de trabalhar para poder cuidar de seu filho com Mark e ser uma dona de casa.
Decidida a deixar seu preconceito com a luta livre de lado, Ruth decide tentar uma nova audição para fazer parte da equipe de Glow. Durante a segunda audição, Debbie interrompe Ruth furiosa. A amiga descobriu a traição e está prontinha para dar a maior surra – de verdade e na frente das outras meninas selecionadas e do diretor- em Ruth.
Sabendo que poucas coisas podem fazer o programa sair do papel e que precisa de boas atrizes para poder ter um lucro, o criador e o diretor de Glow, Sam Sylvia, decide convidar Debbie para fazer parte do programa.
“Glow” envolve uma série de storylines pessoais e gerais e isso deixa o seriado bem legal. Há os problemas para tirar o programa do papel e torná-lo um sucesso, há os problemas de Ruth e de Debbie individualmente, e de Ruth e de Debbie como amigas que viraram inimigas. Além de outros acontecimentos que deixam todos os 10 episódios interessantes.
Eu gostei porque eles fizeram bom uso do tempo disponível do seriado, sem precisar encher a história com “fillers”, aqueles episódios sem nenhum conteúdo, que não avançam a narrativa e que só servem para deixar a temporada com um número X de programas.
- Girl Power
Duh, é um programa sobre mulheres fazendo luta livre ao maior estilo Hulk Hogan, no auge dos anos 80, com direito a polainas e tudo mais. Só isso já deixa o seriado interessante e inovador.
Mas as personagens escolhidas para participar do programa não encarnam nada do estereótipo de gostosonas, muito pelo contrário. Glow tem uma diversidade de cores, nacionalidades, corpos e histórias pessoais que é bem legal.
É impossível não ficar intrigado com a história pessoal da Sheila, the She-Wolf. Ou de torcer para a família de Machu Picchu, aceitar que, assim como eles, ela é uma lutadora nata. Ou de tentar entender um pouco mais da Britânica e de admirar certas atitudes dela, ao botar machistas no lugar.
O relacionamento entre Debbie e Ruth também é muito, muito legal. As duas super amigas, que viram quase inimigas depois de Ruth dormir com o marido de Debbie, não tem escolha e têm que trabalhar juntas, como uma dupla. A forma como elas superam esse problema no relacionamento é muito bem desenvolvida.
O treinamento físico das meninas é mostrado no seriado em si e isso ajuda a gente a entender todo o trabalho que elas tiveram para deixar as lutas bem realistas. A única atriz que tinha um histórico de já trabalhar com luta livre é a Kia Stevens, que interpretou a Tammé Dawson ou, se você preferir, The Welfare Queen. Antes, ela era conhecida como Awesome Kong.
2. Desenvolvimento de Personagens
Uma das coisas que eu menos gosto é daqueles seriados em que um personagem X atravessa o inferno inteiro, luta com demônios e bruxas, tem que cometer atos de crueldade e, quando termina sua jornada, não muda em absolutamente nada.
É tão irritante isso!
Para tornar “Glow” um programa de TV de sucesso, todas as meninas, Sam Sylvia, o diretor, e Bash, o produtor, tiveram que trabalhar duro e enfrentar diversidades. No episódio final é possível ver como e o quanto as personagens evoluíram e mudaram por causa disso.
Sam Sylvia, por exemplo, o diretor de filmes gore e desconhecidos aceitou ser o diretor de “Glow”, em troca de poder gravar o filme que quisesse depois. Primeiramente visto como um homem babaca, ele evolui, assume responsabilidades e dá apoio. É ele quem participa de dois dos plot twists que eu mais gostei da série. Um acontece no episódio 7 e me deixou numa vibe de “Ai meu Deus, e agora??? O que é que vai acontecer??” e o outro foi meio previsível, mas a reação dele foi excelente.
Senti que “Glow” evoluiu bem e trabalhou de maneira habilidosa com os personagens que tinha em mãos. O último episódio termina e, apesar da gente querer mais, ele realmente tem um fim. Nada que escritores habilidosos não conseguissem trabalhar sobre, para obter uma nova temporada. Mas adorei muito a sensação de encerramento e de poder imaginar o que ia acontecer com as personagens depois, sem ter que ficar afoita para uma nova temporada (não é, Stranger Things?)
3. Esse vídeo que o pessoal da Netflix fez com a Gretchen
Todo mundo sabe que o marketing da Netflix é sensacional, né?
O que eu acho bem legal de ver é que os escritórios regionais da Netflix tem uma liberdade grande para poder fazer o que quiserem. Eu já vi comerciais de Orange is the New Black estrelados pela Valeska Popozuda, Narcisa e pela Inês Brasil e outro de Stranger Things com a Xuxa, eles são hilários, mas que seriam impossíveis de se explicar (especialmente em termos de conceito) para uma equipe gringa.
Para divulgar Glow, o pessoal do Brasil convidou a Rainha do Bumbum, Gretchen, para participar do seriado, junto com Rita Cadillac, neste vídeo hilário. Sensacional! Toda vez que eu penso nele, eu fico rindo sozinha! hahaha
Espero que goste da minha indicação de seriado para ver na Netflix! Será que você vai gostar de Glow tanto quanto eu gostei?
Beijoos, A Garota do Casaco Roxo