Nome: A Caminho do Verão
Autora: Sarah Dessen
Editora: iD
Páginas: 416
Eu adoro o twitter da Sarah Dessen. Se fosse só pelas sinopses, eu provavelmente nunca teria lido um livro dela. Mas, a forma como ela narra os eventos de sua vida em 140 caracteres, deixando tudo muito mais interessante e vívido me encantou. Primeiro li “O Que Aconteceu com o Adeus” e até resenhei ele para o blog e, nossa, que soco no estômago foi esse livro. Peguei “A Caminho do Verão” achando que seria uma história leve, de veraneio e, na verdade, acabei com outro soco no estômago.
Em “A Caminho do Verão” seguimos a história de Auden, uma jovem estudante brilhante e perfeccionista que tem problemas em dormir. Ela nunca, nunca dorme. Como vai se formar no ensino médio, Auden decide sair da casa da mãe (e das festas que ela dá para seus estudantes de mestrado) e passar o verão na casa de praia do pai e da nova esposa dele, com sua irmã que acaba de nascer, Thibes.
Auden nunca se divertiu muito, nunca saiu da linha e sempre fez de tudo para agradar a mãe e impressioná-la. Por isso, quando ela começa a ajudar na contabilidade da loja de sua madrasta e a lidar com as outras adolescentes que trabalham lá, ela começa a ter um gostinho de um mundo que antes, ela tinha até medo. As coisas começam a ficar ainda mais interessante quando ela conhece Eli, um garoto que mora na cidade e que também tem problemas para dormir.
Juntos, durante a noite, Eli e Auden vão finalmente viver a vida. Ele, superando um trauma do passado e ela, aprendendo a ser feliz.
Acho incrível como esse livro propõe uma leitura flexível de sua narrativa. Algumas resenhas dizem que a história é sobre duas pessoas solitárias tentando se conectar, outras dizem que o livro é sobre a transformação e o crescimento de Auden. Para mim, o livro é sobre famílias. Já é a segunda história de Sarah Dessen que eu leio e é a segunda que tem cenas realmente vividas e que eu provavelmente não leria se viessem com o Trigger Warning. O relacionamento de Auden e seu pai parece bom, de início. Mas, conforme a narrativa avança e ele se revela um babaca egocêntrico, foi bem difícil não associar tudo isso com a minha própria história pessoal (sinto uma bronca do meu psicólogo se aproximando…). Foi bem interessante para refletir a questão da família de um ponto de vista exterior.
Alguns dos textos que li sobre esse livro reclamavam que a Sarah Dessen sempre escreve o mesmo enredo, que é tudo a mesma história, mas com detalhes diferentes. Concordo, em partes. As histórias se parecem sim e gosto disso porque eu já sei o que eu vou ler e que esse livro vai me sensibilizar em vários níveis. Mas não é como se eu fosse ler todos, um seguido do outro, certo? Gosto, de certa forma, do jeito previsível de suas histórias (o mesmo se aplica a Dan Brown).
As mulheres também são excelentes nesse livro. Tanto Auden, quanto as meninas que trabalham na loja, quanto a madrasta, quanto a mãe da personagem principal (embora essa seja ligeiramente falhada, por vezes) dão lições sobre sororidade e amizade feminina. É uma gracinha de ler.
O livro tem ótimas descrições e por vezes me senti mesmo em uma cidade de praia, andando de bicicleta e tomando sorvete e torta com Auden e Eli.
Já faz alguns meses que li o livro (ando numa ressaca terrível, estou lendo muito pouco)e ainda assim me pego pensando em algumas cenas e lembrando de como certos trechos me impactaram.
Recomendo para todo mundo que quer refletir um pouco mais sobre sua relação com seus pais, mas principalmente sobre sua relação com si mesmo.
Beeijos, A Garota do Casaco Roxo