Inferno – Dan Brown

Inferno_Capa_siteNome: Inferno

Autor: Dan Brown

Editora: Arqueiro

Páginas: 443

Preço: R$ 39, 90 (mas recentemente, a Livraria Cultura fez uma promoção e deixou ele por R$ 24, 90)

Todo mundo que acompanha o blog já há um tempinho sabe que eu odeio criar expectativas e ser decepcionada. Por isso, quanto mais vontade de ler um livro ou quanto mais eu conheço o autor, menos tento saber sobre seu novo lançamento, para não ficar ansiosa e ler a última linha do livro com um ‘’MAS OI?’’ apitando na minha cabeça. Poderia dizer que foi isso que fiz com ‘’Inferno’’, que passei longe do Globo News Literatura entrevistando o autor, longes das resenhas, das opiniões, dos trechos… Mas é meio obvio que fiz o oposto, não é?

E não é preciso me conhecer a fundo para saber que me decepcionei.

No novo lançamento de Dan Brown, Robert Langdon acorda desorientado em um hospital, com um machucado na cabeça e sem se lembrar de como o conseguiu. Ele percebe que está em Florença, mas não lembra nem de ter saído dos Estados Unidos.

E então, tentam matar ele.

Contando com a ajuda da médica Sienna Brooks, ele foge e descobre um objeto costurado dentro do bolso de seu paletó. E assim, ele e sua parceira iniciam sua busca por respostas através desse objeto, que os leva a uma caçada por códigos, símbolos e lugares históricos, todos relacionados a Dante Alighieri e ‘’A Divina Comédia’’.

Dan Brown escreve livros que são verdadeiras aulas de arte, história do mundo e, no caso, literatura entrelaçadas com sequencias de ação, suspense, mistério e reviravoltas alucinantes. Tudo isso combinado com um texto tão dinâmico e delicioso de ler, que você não percebe as horas passando e chega a prender a respiração nos momentos mais misteriosos.

Pelo que pude perceber em seus livros, ele tem o costume de ‘’dividir’’ o enredo em duas partes. Na primeira, ele coloca questões, dúvidas e porquês, te deixa roendo as unhas para tentar descobrir. Na segunda ele responde, capitulo por capitulo todas as perguntas do inicio.

Em ‘’Inferno’’ isso ficou muito claro. Eu me via acabando de ler um capitulo e me perguntando algum detalhe ou ‘’como isso é possível’’ e no outro capitulo eu tinha a resposta exata para essa duvida. Mas isso me incomodou de certa forma. As perguntas colocadas nem sempre tinham respostas que pareciam realistas e a verossimilhança, pelo menos para mim, sempre foram os elementos que fizerem Dan Brown ser um dos meus autores favoritos.

Quer dizer, existe coisa mais divertida do que começar a ler um livro cuja primeira página tem uma nota do autor dizendo: ‘’Toda a tecnologia apresentada nesse livro existe e já é utilizada pelas agencias de segurança americanas’’ como ele fez em ‘’Ponto de Impacto’’ e ‘’Fortaleza Digital’’?

Além das respostas e dos elementos irreais no livro, tudo parecia forçado demais, chato demais (demorei mais de 10 dias para lê-lo), cinematográfico demais (na Entrevista do Globo News Literatura, linkada no final deste post, ele confirma que ‘’Inferno’’ irá sim para o cinema) e as motivações que tanto o ‘’vilão’’ quanto o ‘’lado do bem’’ tinham, soaram tanto quanto absurdas e me incomodaram muito.

O autor jogou para o leitor e para Robert Langdon tantas perguntas no inicio do livro, que quando a verdade começou a se revelar, Langdon se viu aturdido e nós também. Me vi folheando o livro para reler certos trechos e tentar entender o porquê de certa colocação e o que realmente tinha acontecido em algumas cenas mais confusas.

Mas, por outro lado, eu li uma vez que um bom livro é aquele que lança você em reflexões e que te deixa pensando nas motivações do ‘’vilão’’, no porque das coisas e cuja discussão ultrapasse as páginas e seja feita na vida real também, que lance o holofote em temas que não são normalmente parte da agenda das pessoas. Em ‘’Inferno’’ ao invés dos assuntos de sempre de Dan Brown (espionagem, contraespionagem, conspirações…), ele se refere ao papel da ciência em nossas vidas e inicia uma discussão sobre superpopulação da terra e Transumanismo.

Para ser sincera, não tinha lido nada sobre esses temas e, apesar de toda a decepção e chateação do livro, posso afirmar que ele me lançou sim em uma reflexão, me fez perguntar se o que estamos fazendo é o certo e, principalmente, fez com que eu escrevesse ‘’vilão’’ na resenha inteira, desse jeito porque, para saber se o que ele fez é ruim ou não eu precisaria de mais informações. (Parágrafo enigmático porque tenho medo de soltar spoiler!).

E, para encerrar (antes que isso aqui fique com 443 páginas), que livro mais feio no quesito diagramação! Os capítulos são todos juntos, não tem espaçamento entre um e outro (o próximo capitulo começa na mesma folha que o outro acabou) e isso é meio chato quando se trabalha com Dan Brown porque ele geralmente começa um capítulo onde o outro termina (você não consegue segurar o suspense e a animação dura pouco tempo).

Fora que antes da historia em si começar, tem uma página com a historia da editora, uma cópia sem cor da capa, uma página dando o link nas redes sociais da Arqueiro, uma página com a sinopse dos outros livros do Dan Brown… Pareceu tão antiquado, sabe? Aqueles livros de quando a internet não era tão acessível e para saber mais infos sobre lançamentos as pessoas tinham que pedir pelo correio. Fora que a biografia do Dan Brown aparece na terceira capa, na penúltima folha… Ficou tão feio de ver!

‘’Inferno’’ é bom, mas é de longe, o meu livro menos favorito de Dan Brown. Só leia ele se gostar muito, muito mesmo do autor. (aqui é a parte onde eu dou uma de Sherlock Holmes e especulo o porque do desempenho fraco: Já completaram 3 anos do lançamento de ‘’O Símbolo Perdido’’ e acredito eu que havia sim uma certa pressão para uma nova aventura de Robert Langdon – fora os contratos de cinema e a expectativa de bilheterias milionárias-, mas acho que outros fãs de Dan Brown concordariam comigo: eu esperaria 10, 11 anos, se o que eu fosse ler fosse um zilhão de vezes melhor que ‘’Inferno’’).

Entrevista com o Globo News Literatura + Informações sobre como a tradução de ‘’Inferno’’ foi feita (Ah, o medo da pirataria…).

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo.

PS: Tenho que dizer que esse livro me deu uma vontade de ler Dante Alighieri que eu não tinha antes. Quem sabe num futuro próximo? (ou seja, assim que eu acabar de ler ‘’Os Miseráveis’’). 

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