Jack Ryan é mais do mesmo

poster divulgação jack ryan
Apesar de eu ter achado totalmente dispensável, “Jack Ryan” ganhou uma segunda temporada. Será que eu terei paciência para assistir?

“Jack Ryan”, que estreou no final do mês na plataforma Amazon Prime, era a promessa de um novo seriado para sugar a minha vida e me deixar obcecada com uma narrativa de espionagem repleta de reviravoltas e de truques especiais

É verdade esse bilete.

Infelizmente, “Jack Ryan” foi uma grande decepção para mim.

Na série, acompanhamos um pouco da história de Jack Ryan, um doutor em economia e veterano de guerra que é especializado em rastrear transações financeiras suspeitas, que podem ajuda-lo a identificar potenciais novos terristas.

Jack é extremamente inteligente e ele  acredita ter encontrado “o novo Bin Laden”, coisa que é revelada em um diálogo absurdo, que apresenta personagens que nunca mais aparecerão na tela.

Para mostrar que Jack Ryan é inteligente, há uma cena que chega aos limites do caricato. Nela, Jack Ryan responde perguntas difíceis de Jeopardy! (um game show de perguntas e respostas que é super popular nos EUA), e é nisso que os roteiristas esperam que a gente apoie nosso argumento de que “oh, nossa, ele é inteligente”. Não há,  no resto dos episódios, um exemplo prático de que Ryan tem a mínima ideia do que está fazendo.

Ele não é um Robert Langdon, que chega a deixar o espectador desorientado com tantos fatos históricos que joga na tela. Passou longe, bem longe.

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Eu adoro o John Krasinski, mas ele não convence.

Eu não sei se é o ator que não convence, mas é difícil acreditar que Jack Ryan seja realmente o único que pode parar o tal terrorista.

Mas, voltando: O potencial terrorista, segundo Jack Ryan, é Suleiman (interpretado por Ali Suliman). Nascido no Líbano, ele foi criado na França e foi lá que se voltou ao extremismo.

Os atos de Suleiman “tentam” ser justificados por meio de flashbacks que apresentam a trajetória pessoal do terrorista. Mas não convence. É como se os próprios roteiristas não tivessem certeza de que guinadas ao terrorismo podem ter sido consequências da Guerra Fria e das disputas pelo petróleo nos anos 70 e 80, do preconceito, do racismo e da falta de oportunidades igualitárias.

Nenhuma reflexão acontece a partir da história pessoal de Suleiman e tudo desemboca novamente na questão da meritocracia e do “se ele queria, deveria ter trabalhado com mais afinco para conseguir”. Como se precisamos de mais uma série/filme que vende essa mesma ideia para gente…

Suleiman que, no começo, é um personagem que tem até certo carisma, torna-se o cúmulo do absurdo e eu não sei dizer se eu tive essa impressão porque 1- o terrorismo é um absurdo ou 2- o ator que faz Suleiman tinha mais carisma do que John Krasinski e isso precisava ser consertado de algums forma (como, por exemplo, fazer o personagem ter arroubos de violência não-justificada que não fazem sentido comparados com outras atitudes que ele teve no resto da série).

Uma das coisas que mais me impressionou foi a storyline de Hanin (interpretada brilhantemente por Dina Shihabi), esposa de Suleiman, e de suas filhas. Fiquei fisgada e acho que só terminei de ver a série porque queria saber o que aconteceria com elas.

De todos os jeitos, a narrativa, que parecia promissora e interessante, cai de novo naquele preguiçoso jogo de bem x mal. De EUA x terrorista doido.

Essa série, que poderia apresentar um ponto de vista diferente de todos os outros filmes e seriados produzidos sobre espionagem e terrorismo nos EUA depois de 2001, é só mais daquela mesma história maniqueísta de sempre.

Há uma tentativa de acrescentar profundidade, colocando o chefe de Jack Ryan como um homem negro e muçulmano. No entanto, o personagem parece sub-aproveitado, salvo uma única cena de diálogo entre James Greer (interpretado por Wendell Pierce) e um policial francês (para mim, um dos pontos altos da série).

Há também uma tentativa de acrescentar romance, com uma personagem que é uma doutora consagrada, Cathy Mueller (interpretada por Abbie Cornish) e não é nenhuma ninfeta. Interessada por esse gancho, me vi decepcionada ao ver que os atores não tinham química alguma. Se no começo ela própria sugere um relacionamento casual, no final há um diálogo absurdo e ridículo,  onde ela diz “mas tudo que aconteceu entre nós foi uma mentira???”. So much for character building.

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“Ih, rapaz, que será que aconteceu com ela?”

Eles poderiam ter aproveitado a personagem de tantas outras formas diferentes mas preferiram seguir, de novo, no caminho preguiçoso que é seguido por todos os outros filmes e séries de espionagem. (Ethan Hunt, I’m looking at you).

Uma storyline secundária é apresentada e, apesar de eu ter gostado dela mais do que da de Ryan, estou ainda tentando entender porque gastar tanto tempo de tela e energia em algo que, em tese, é secundário (porque não fazer uma série só daquele personagem, por exemplo?).

Bem produzida, com cenas gravadas em diferentes países, com direito a muitos tiros, explosões e efeitos visuais, o potencial de Jack Ryan é jogado na descarga com um roteiro fraco, diálogos cheios de clichés e um argumento que não convence nem os próprios roteiristas.

É diferente de “Au Service de la France”, por exemplo, que tem diálogos afiadíssimos e cuja primeira temporada foi quase toda gravada em um único set. A segunda temporada, que já está disponível na Netflix, segue a mesma fórmula, mas com um orçamento um pouco mais parrudo. Chega a ser engraçado ver a forma como os personagens discutem a mudança de ambiente sabendo que ela foi causada por um upgrade na grana.

Acho que ter em mente um conparativo desses foi o que deixou ainda mais difícil para mim gostar de Jack Ryan.

Estou pensando seriamente em ler Tom Clancy para ver até que ponto é adaptação do livro e “liberdade criativa” de roteiristas de TV.

Trailer de Jack Ryan:

Sobre o Amazon Prime:

A primeira semana de uso do Amazon Prime é grátis e foi assim que vi Jack Ryan. Depois disso, os primeiros seis meses custam R$ 6,90.

Eu dei uma fuçada no catálogo, mas não estou convencida a largar a Netflix pelo Amazon Prime. Salvo 3 ou 4 filmes lançados neste ano, a plataforma não traz nada de novo ou diferenciado (nem mesmo com conteúdo original).

A experiência do usuário é bastante precária, com um tal de “X-ray” que passa detalhes dos bastidores dos episódios no canto da tela, o que torna o tempo de carregamento dos vídeos absurdo e bastante distrativo do conteúdo em si.

O aplicativo para iPad não funciona muito bem e toda vez que você o abre tem que configurar o idioma em que quer ver o seriado de novo. Em certos momentos, tive dificuldades até em navegar pelo próprio catálogo, com categorias recarregando ou mudando de lugar toda vez que eu iria mexer nelas.

Visualmente, o aplicativo  é carregado e pesado. Enquanto a Netflix padroniza as capas dos filmes para trazer mais harmonia, o Prime usa os próprios pôsteres de cinema para exibir os filmes e o resultado é bastante desagradável e feio.

Assim como minha experiência com Jack Ryan, o Amazon Prime também não é tão bom e não vai ser agora que eu vou migrar.

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

O Tempo entre Costuras – Maria Dueñas

capa de o tempo entre costuras edição comemorativa

Nome: O Tempo entre Costuras

Autora: Maria Dueñas

Editora: Planeta

Páginas: 480

Sabe quando um livro é tão bom que você sente, fisicamente, que está sem ar?

É assim que “O Tempo entre Costuras” é para mim. Cada vez que penso em sua narrativa, em Sira Quiroga e em Marcos Logan e no Marrocos Espanhol do século XX, fico sem fôlego.

O livro é, definitivamente, um dos melhores romances históricos que já  li, o primeiro de uma escritora espanhola e o primeiro que fala sobre os anos da Guerra Civil Espanhola, do ponto de vista de pessoas comuns, e, depois, sobre a proximidade dos espanhóis  com o Führer,  durante a Segunda Guerra Mundial.

No livro, acompanhamos a história de Sira Quiroga, uma costureira que aprendeu o ofício por acompanhar a mãe ao trabalho.

Sira está noiva e, em breve, vai se casar com um homem que quer que ela aprenda o mais rapidamente possível o ofício da datilografia, já que ele acredita que é no funcionalismo público que estão os melhores empregos.

Quando Sira e o noivo vão comprar uma máquina de escrever, Sira se apaixona perdidamente pelo vendedor, Ramiro.

Quando o pai desconhecido de Sira ressurge das cinzas para dar a ela a parte que lhe cabe de sua herança, Sira larga o noivo e, ao lado de Ramiro,  parte para Tânger, na parte espanhola do Marrocos, já que a iminência de uma Guerra Civil Espanhola é cada vez mais certa.

É preciso dizer, ainda que pareça um spoiler, que Ramiro abandona Sira e que foge com toda sua fortuna, deixando-a desamparada em um território desconhecido.

Com a ajuda do delegado e de uma muambeira, Candelária, Sira se recupera e transforma suas tristezas em energias para abrir um ateliê de costuras em Tetuán, também no Protetorado Espanhol.

Além de produzir modelitos incríveis, Sira vai, aos poucos, percebendo que um ateliê de costuras é um lugar onde as mulheres desabafam e revelam seus compromissos e segredos, como um secreto voto de confiança, em especial, as alemãs, esposas de militares e generais também alemães que estão em Tânger.

Com descrições maravilhosas que formam verdadeiras pinturas mentais, acompanhamos a evolução de Sira de um passarinho assustado a uma mulher no controle de seu próprio destino e em uma das melhores informantes do Serviço Secreto Britânico.

Além de mostrar a evolução de Sira, suas amizades, sua relação com com seus pais e sua evolução em rainha da alta-costura, o livro também tem, é claro, romance. No entanto, os romances de Sira (exceto seu relacionamento com Ramiro) são quase secundários em relação a sua própria transformação em uma mulher segura de si, algo que eu adorei e que não me lembro de ter visto em nenhum livro do tipo.

Com passagens por outras cidades europeias como Lisboa e Madri, a história recebe os toques de História, conspirações, política, reviravoltas e espionagem que eu ADORO.

Para eu não ter dúvidas de que esse livro foi escrito para ser um dos meus favoritos da vida, Maria Dueñas ainda insere uma menção a Martha Gellhorn, a jornalista que me fez querer virar uma jornalista.

“O Tempo entre Costura” virou uma mini-série espanhola disponível na Netflix. Eu ainda não a vi porque tenho medo de estragar as imagens mentais  vívidas que tenho, graças às excelentes descrições da autora. Quem sabe um dia…

Já faz mais de um mês que terminei a leitura e sigo pensando em passagens do livro. Só tenho a agradecer a amiga que viu o livro achou a capa parecida comigo e me deu de presente.

Esse livro vai agradar pessoas que gostem de livros que retratem bem um período histórico como “Novembro de 63“, do Stephen King, “A Resposta”, a Kathryn Stockett e “A Casa dos Espíritos”, de Isabel Allende.

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

O Segredo dos Corpos – Vincent DiMaio e Ron Franscell

Capa e banner de divulgação o segredo dos corpos vincent di maio ron franscell editora darkside
Imagem de divulgação de “O Segredo dos Corpos”, da Editora Darkside

Nome: O Segredo dos Corpos

Autores: Dr. Vincent DiMaio e Ron Franscell

Editora: Darkside

Páginas: 281

Ah, que saudades de escrever para o meu blog. Que saudades de poder usar minha própria voz e escrever aquilo que me dá na telha.

Pois é, abigos, a porca torceu o rabo e vida de assalariada acabou entrando entre minha pessoa e a felicidade de escrever meus textinhos por aqui.

Agora que estou mais tranquila, espero poder voltar, aos poucos, com as minhas resenhas.

“O Segredo dos Corpos” é um livro que eu desejava há tempos. Vi ele em uma livraria e fiquei completamente encantada com o projeto gráfico. Com capa dura, fita de cetim para marcar a página, fotos dos casos e ilustrações maravilhosas, esse livro é lindão. O problema?

A edição custava cerca de R$ 70 e eu não tinha esse dinheiro (a gente trabalha e trabalha, mas é difícil sobrar dinheiro para qualquer coisa). Quando é assim, eu normalmente apelo para amigos que possam ter ele, vou a biblioteca ou compro o e-book. Nesse caso, eu realmente queria ter o livro, então fiz um esforço e esperei uma promoção para comprá-lo.

Neste livro de não-ficção, acompanhamos a carreira do Dr. Vincent DiMaio, um médico-legista americano que foi decisivo em alguns casos criminais dos Estados Unidos.

DiMaio relembra a vida de seu pai, também legista, e fala de casos de sua carreira como a vez em que ele ajudou a determinar se Vincent Van Gogh havia se matado ou fora vítima de assassinato, a vez em que ele participou da exumação e da reavaliação do assassinato de Lee Harvey Oswald, o assassino do presidente John F. Kennedy, que foi morto sob custódia da polícia.

DiMaio também leva o leitor a discussões sobre mortes emblemáticas como a de Trayvon Martin, que levantou todo um debate sobre racismo policial.

Em um dos capítulos, DiMaio conversa com o leitor sobre o caso do “West Memphis Three”, cuja história eu acompanhei por inteiro em um livro chamado “The Devil’s Knot: The True Story of the West Memphis Three”, da jornalista Mara Leveritt. Nele, acompanhamos o caso do assassinato de três crianças na cidade de West Memphis. Após uma investigação cheia de erros, a polícia local acabou por prender, sob a acusação de assassinato, três adolescentes que moravam na mesma região e que eram considerados “satanistas” e “adoradores do diabo” pela população. Sem nenhuma prova, os adolescentes passaram anos na cadeia por um crime que não cometeram.

No geral, a leitura de “O Segredo dos Corpos” é fascinante e me lembrou muito alguns livros de investigação criminal real semelhantes como “Death’s Acre: Inside the Legendary Forensic Lab the Body Farm Where the Dead Do Tell Tales”, de William Bass e “Dead Men Do Tell Tales: The Strange and Fascinating Cases of a Forensic Anthropologist”, de William R. Maples, que também seguem a carreira de profissionais forenses renomados e cuja leitura me divertiu bastante.

O livro é bem ilustrado com imagens e fotografias que ilustram alguns dos casos, além de ter um projeto gráfico incrível.

No entanto, preciso ressaltar: por fora bela viola, por dentro pão bolorento.

Apesar da beleza da edição, a tradução do conteúdo é uma das piores que já tive a oportunidade de ler. Parece que o texto foi passado de inglês para português mecanicamente, sem um trabalho de polimento por parte do tradutor.

Foi tão ruim que, para conseguir entender DiMaio, tive que passar trechos inteiros para o inglês mentalmente. Li parágrafos duas, três, quatro vezes e as frases de DiMaio simplesmente não faziam sentido algum.

Em certos trechos do livro, encontrei erros de digitação e nomes incorretos (em um dos casos, há um personagem que muda de nome por um erro de digitação e que deixa o leitor completamente perdido por quase uma página inteira), além de sentenças traduzidas de maneira errônea, causando duplo sentido e abrindo espaço para dúvidas (e, acredite em mim, dúvidas são a última coisa que você quer ter em um livro cujo assunto é bem complicado e delicado, além de intrigante e curioso).

Também achei o ritmo da escrita um pouco lento demais em certos trechos, algo que não sei dizer se é do escritor mesmo ou se é a má tradução.

Eu não sei vocês, mas eu deixo qualquer projeto gráfico incrível de lado em troca de um livro com conteúdo absolutamente impecável. Para mim, não importa a capa que o livro tenha, mas sim a mensagem que ele tem para me passar.

Apesar de ter gostado de seguir a carreira de DiMaio, realmente me decepcionei com a tradução e a revisão e achei o preço do livro fora da realidade de um conteúdo no estado em que me foi apresentado.

Espero que eles consigam consertar esses erros nas próximas edições de “O Segredo dos Corpos”. O conteúdo é super bem apresentado, mas precisa passar por um trabalho de polimento grande, para alcançar todo o potencial que merece.

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

Quando a Noite Cai – Carina Rissi

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Nome: Quando a Noite Cai

Autora: Carina Rissi

Páginas: 447

Editora: Verus

Antes de começar a resenha de hoje, eu gostaria de pedir desculpas pela falta de posts de Fevereiro. Mês passado foi muito louco, por muitos motivos. Foi um mês de perdas e de descobertas, de fins e de começos de novos ciclos. Agora estou me adaptando a uma nova rotina e o blog volta a estar na minha lista de prioridades. Espero que entendam e que permaneçam de olho nas novidades!

“Quando a Noite Cai” é um dos lançamentos mais recentes da Carina Rissi e foi um dos livros que ela comentou que estava planejando escrever, durante uma entrevista que fiz com ela em (eita!) 2012.

Eu adoro os livros da Carina e, sério, surtei quando esse livro finalmente chegou em casa e eu pude me jogar na história de Briana e Gael. Lembro que escrevi que ler Meg Cabot era como “colocar aquele moletom velhinho, que já se ajusta no nosso corpo naturalmente.” Sinto o mesmo com os livros da Carina.

A vida já é difícil, é puxada e, na maior parte do tempo, a gente não faz ideia do que está acontecendo ou do que estamos fazendo. É legal ler livros desafiadores, clássicos atemporais e narrativas que nos fazem refletir sobre a coisa toda e tudo mais, mas, às vezes, tudo que precisamos é de uma leitura fácil, que seja como receber um cafuné e que deixe a gente suspirando no transporte público. Os livros dela são assim.

Em “Quando a Noite Cai”, acompanhamos a história da Briana, uma moça super desastrada que não consegue se manter por muito tempo em nenhum emprego, apesar da grande necessidade financeira de sua família. Há anos, Briana tem sonhos que se repetem e que formam uma história contínua. Basta adormecer e a garota é transportada para uma Irlanda repleta de guerreiros e de altas disputas entre reis e reinos. Um guerreiro em especial é o dono do coração de Briana e ela aguarda as noites ansiosamente para encontrar-se com ele. A coisa toda é muito dramática, sabem como é.

Certo dia, Briana é convidada a participar de uma entrevista de emprego, mas desiste depois de esperar seu entrevistador por horas e de quase alagar o escritório inteiro em um acidente com o bebedouro. Na saída, como desgraça pouca é bobagem, ela é atropelada por um carro. Quando o motorista responsável pelo acidente sai do carro para ver o que aconteceu com a garota, Briana encontra um homem que é igualzinho ao guerreiro irlandês de seu sonho. Uau, né non?

Como se isso não fosse o bastante, ela também descobre que ele era o entrevistador que se atrasou por horas, Para compensar pelo atropelamento e pelo atraso, o homem, que se chama Gael, acaba por oferecer a ela uma vaga como assistente pessoal dele.

Brianna e Gael começam a trabalhar juntos, mas a garota não consegue deixar de se perguntar de onde vem a semelhança entre ele e o misterioso guerreiro irlandês que habita os sonhos da garota. Os dois também começam, aos poucos, a se encantar um pelo outro e a coisa toda é de fazer você suspirar no busão.

Olha, eu adorei esse livro. Fui completamente absorvida por ele, como há tempos não acontecia comigo, e não pude deixar de me encantar com a mágica e a química que rola entre Gael e Briana.

Os outros personagens são bem construídos e é impossível não amar a irmã da Briana.

Mas, preciso dizer, me decepcionei um pouco com o final e com como as justificativas para toda essa situação se deram.

Eu não darei spoilers, mas, durante a leitura, eu formulei uma hipótese que justificava o porquê dos sonhos da Briana. Eu acreditei tanto na minha teoria, que, cada vez que lia, encontrava evidências que poderiam comprová-la. Quando a justificativa finalmente chegou e não era NADA daquilo que eu estava pensando, eu não me senti surpreendida, mas, sim, traída.

Foi um sentimento muito estranho, sabe? Ao invés de optar pelo caminho mais fácil, a autora deu uma volta maior e eu acho que me perdi um pouco nesse trajeto todo. Na real, eu talvez releia “Quando a Noite Cai” só para saber se foi minha pressa em saber o que estava acontecendo (eu tendo a ler livros assim rapidamente) que causou toda essa sensação ou não.

Se você já leu “Quando a Noite Cai”, me manda uma mensagem porque eu super estou precisando conversar com alguém sobre ele!!!

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo

Origem – Dan Brown

origem dan brown capa do livro

Nome: Origem

Autor: Dan Brown

Editora: Arqueiro

Páginas: 427

Dan Brown é um de meus escritores favoritos. Eu adoro a forma como ele constrói enredos cativantes, tecendo uma trama que envolve fatos históricos. De tempos em tempos, me pego com vontade de ler os livros dele e de ficar perdida em meio a fatos históricos, conspirações e perseguições.

Fiquei empolgada de imediato quando soube que “Origem” seria lançado, mas demorei horrores para ler o livro pois: falta de dinheiro (contem sempre com minha honestidade total por aqui, pessoal! haha).

No livro, voltamos ao universo do professor Robert Langdon. Desta vez ele está no Museu Guggenheim de Bilbao, na Espanha, para ver uma apresentação de Edmund Kirsch, seu ex-aluno.

Kirsch tem os mesmos ares de Steve Jobs, sabe? E também aquela coisa de gênio arrogante que lembra bastante o Tony Stark. O ex-aluno de Langdon vai realizar uma apresentação especial, transmitida online. Nela, ele promete revelar um segredo científico surpreendente, que deverá mudar o rumo da humanidade.

Três dias antes de seu evento, Kirsch encontrou-se com representantes das três principais religiões do planeta: Catolicismo, Judaísmo e Islamismo. Preocupado com as consequências da apresentação, o gênio quis consultar os sábios e ver como eles reagiriam.

Por isso, não é uma surpresa quando, bem no meio de sua fala, Kirsch é assassinado com um tiro na testa.

O professor Langdon e Ambra Vidal, diretora do museu de Bilbao e noiva do Príncipe da Espanha, partem, então, em busca dos segredos de Kirsch, para enfim revelar sua descoberta ao mundo. Apoiados por “Winston”, o serviço de inteligência artificial de Kirsch (que me lembra horrores o Jarvis), os dois cruzam o território espanhol atrás de pistas.

No último livro de Dan Brown, “Inferno”, lembro de ter passado a leitura inteira dividida e levemente atormentada. Eu fiquei pensando na história durante semanas e ainda me pego pensando nela.

Já em “Origem”, o argumento simplesmente não colou comigo. Recentemente, eu vi na Netflix um seriado chamado “A História de Deus”, que é apresentado pelo ator Morgan Freeman. No programa, ele viaja pelo mundo e conversa sobre diversos assuntos com representantes de religiões distintas. Um dos episódios aborda ciência versus religião e, em parte, ele meio que estragou o livro para mim.

Morgan Freeman entrevista um bispo católico que estuda física e sua visão sobre o mundo e a criação do Universo são tão interessantes que esse “dilema” meio que já ficou resolvido para mim.

Ler um livro em que essa aparente controvérsia é o tema principal, o clímax e o argumento da história não teve efeito para mim, sabe?

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Dan Brown enrola tanto para revelar a descoberta que o leitor fica “mas é SÓ isso?” quando finalmente lê a coisa toda. É meio que brochante, para falar a verdade. O tom professoral e bem próximo de uma pregação que Kirsch usa durante sua revelação só contribui mais ainda para essa sensação de expectativa não alcançada.

“Estamos num momento singular da história […] Um tempo em que o mundo parece ter virado de cabeça para baixo, e nada é exatamente como imaginávamos. Mas a incerteza é sempre a precursora da mudança radical; a transformação é sempre precedida pela revolta e pelo medo. Peço que tenham fé na capacidade humana para a criatividade e o amor, porque essas duas forças, quando combinadas, têm o poder de iluminar as trevas.”

p. 385

O livro segue o mesmo formato de “O Código da Vinci” e os personagens são até parecidos, se você pensar em estereótipos. As referências históricas ainda estão presentes, mas a impressão que tive é que são mais diluídas. Não há tantos “códigos” ou ligações e tudo é moderno, inclusive as obras de arte e a arquitetura.

As mídias sociais possuem um papel importante no livro e a internet também. Foi interessante ver a forma como o autor costurou ambas as narrativas. Juntando isso, com o personagem que se assemelha a um combo Steve Jobs/Tony Stark, e uma referência perdida a “Frozen” (Sim, do Olaf mesmo), a impressão que tive é que ele mirou a história em busca de atrair uma audiência millennial.

As reviravoltas surpreendentes, que já são esperadas (é claro que o cara bonzinho não vai ser tão bonzinho, né?), também acontecem no livro, sem o mesmo efeito dos anteriores.

Achei super legal como Dan Brown explorou os personagens secundários, como o Rei da Espanha (que bapho, gente!) e o staff do Palácio Real. Foi, em certos momentos, mais interessante e divertido do que a corrida e a exploração desesperada de Langdon e Ambra.

Outro ponto interessante foi que ele demarcou bem a idade da Ambra Vidal. Ela tem 39 anos e isso talvez tenha sido uma alfinetada ao pessoal do cinema.

Quer dizer, no filme de “Inferno”, colocaram Tom Hanks (59 anos) para fazer um par semi-romântico com a Felicity Jones (32 anos), que interpreta a Dr. Sienna Brooks. Esse movimento foi bem criticado e acho que escrever a idade da personagem (por mais que a diferença não seja tão grande) foi uma forma de evitar que isso aconteça novamente. Eu ainda não vi a versão cinematográfica de “Inferno”, mas as críticas dizem que é de horrível para baixo.

Eu gostei de “Origem”, mas esperava bem mais. Se antes eu via os livros do Dan Brown como tendo bastante fôlego e curtia acompanhar a mesma narrativa (se o Nicholas Sparks faz isso com romances, o Dan Brown segue a mesma estratégia com thrillers), em formatos diferentes, não foi o que aconteceu dessa vez.

Terminei o livro sentindo que, talvez, só talvez, esteja na hora de deixar Robert Langdon curtir uma merecida aposentadoria, com direto a relógios do Mickey Mouse e a voltas na piscina. Let it go, Dan Brown, let it go.

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Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

PS: Achei super legal que a Phillips Exeter Academy, onde o Dan Brown estudou e onde eu fiz um curso de verão (com bolsa total, vejam bem) é mencionada no livro. Só vi isso acontecer em “Cadê Você, Bernadette?” e dei pulinhos quando percebi as ~ligações.