5 livros legais de escritores latino-americanos

Muita gente acha que ser um bom leitor significa ler muitos, muitos, muitos livros. E só. Houve um tempo em que eu pensava assim e prezava mais pela quantidade do que por qualquer outra coisa.

Hoje penso de maneira diferente. A leitura é meu hobby e também a forma como eu aprendo mais sobre o mundo. Gosto de me desafiar e de disputar contra eu mesma em relação aos gêneros, estilos, autores, nível de dificuldade e, sim, até à quantidade de livros que leio de um ano para o outro.

Mas acho que o verdadeiro segredo para ser um bom leitor reside na diversidade de leitura.

Ler só livros de escritores homens ou só de autores de um determinado país pode ter seu mérito, mas não é exatamente diversidade, é?

Por mais que seja legal ter um autor favorito e ler todas as obras dele, acho interessante a ideia de sair da zona de conforto e de ler de tudo um pouco, mesmo. 

Para te ajudar a diversificar seu “cardápio” de leituras, elaborei uma lista com meus livros favoritos de escritores latino-americanos! Nossos hermanos têm obras excelentes e, muitas vezes, a gente acaba focando em dois ou três escritores e esquece que existem muitos outros que também são maravilhosos!

5 livros legais de escritores latino-americanos

Vamos aos títulos?

  • La Tregua e A Borra do Café, de Mario Benedetti

A trégua de mario benedetti

“La Tregua” foi o livro que fez eu quebrar meu jejum de não comprar livros, lá no começo do ano, quando fui para o Uruguai. Comecei a ler ele enquanto tomava sol na praia de Pocitos e acabei ficando mais morena nas costas do que na parte da frente do corpo. Não me arrependo nem um pouco.

O livro conta a história de Martín Santomé, um viúvo que está contando os dias até sua tão aguardada aposentadoria. Para marcar o feito, ele começa um diário onde relata alguns dos acontecimentos terrivelmente rotineiros de seu trabalho em um escritório, como contador. Os seus 3 filhos, já adultos, criados e maduros, também aparecem nos escritos.

Tudo vai bem rotineiro e calmo na vida de Martín. Até que uma funcionária nova, Laura Avellaneda, começa a trabalhar no escritório. Laura vira o mundo de Martín de ponta cabeça e a tão rotineira rotina dele vai para as cucuias. Os dois se apaixonam e engatam uma relação tão linda e preciosa, que você meio que se apaixona junto.

frases de la tregua mario benedetti

Eu li “La Tregua” em espanhol e  por ter tantas gírias e expressões tipicamente uruguaias me lembrou TANTO do meu vô, que eu quase não aguentei de saudades.

“La Tregua” é um livro doce, mas tão, tão, tão triste que eu fico chateada só de lembrar. Eu chorei horrores. É claro que vou reler no futuro – e em português, de preferência.

A história se passa em Montevidéu e as descrições são super vívidas, especialmente as dos cafés. A história foi publicada em 1959 e a impressão que temos é de que pouca coisa mudou na cidade, desde então.

Alguns dos pontos turísticos mencionados na história aparecem no Guia Benedetti, publicado pela Fundação Mario Benedetti. Quando terminei o livro, eu já estava em casa, mas a vontade foi voltar para o Uruguai, fazer o percurso do guia e ver Montevidéu pelos olhos do Martin.

capa de a borra de café de mario benedetti

“A Borra do Café”, eu li em português mesmo e me diverti bastante lendo. É a história de Claudio, começando por sua infância até ficar mais velho e adulto.

A infância de Claudio é marcada pelo futebol, pelas mudanças da família, a morte da mãe e pelo assassinato de um morador de rua em seu bairro. Há uma grande leveza na forma como ele narra esses acontecimentos.

“A Borra do Café” é parcialmente baseado nas memórias de infância do próprio Benedetti e acho que isso, de certa forma, me ajudou a gostar ainda mais do livro!

Minha impressão é de que em “A Borra do Café”, a cidade de Montevidéu aparece mais do que em “La Tregua”. Agora que conheço o lugar, quero reler o livro para verificar isso.

capa da nova edição de o carteiro e o poeta de antonio skármeta

Eu já resenhei “O Carteiro e o Poeta” aqui no blog e você pode ler a resenha para mais detalhes. Basicamente, o livro conta a história da inusitada amizade entre o poeta Pablo Neruda e seu carteiro.

Antonio Skarmeta é chileno e, recentemente, a Editora Record reeditou “O Carteiro e o Poeta”, que estava fora das prensas (o meu exemplar foi comprado em sebo, mas mesmo assim quero uma edição nova).

O livro virou filme em 1994 e eu escrevi sobre ele no blog também!

“Como Água para Chocolate” é um livro da escritora mexicana Laura Esquivel.

O livro conta a história de Tita, que nasceu em uma cozinha e cuja mãe não queria que se casasse. A tradição da família pregava que, por ser a filha mais nova, ela não poderia se casar e teria que ficar cuidando da mãe até ela morrer.

capa do livro como agua para chocolate da laura esquivel

Quando cresceu, Tita se apaixonou perdidamente por Pedro, sem poder ficar com ele por conta da bendita tradição. Para resolver todos os problemas (só que não, né?) Pedro acaba se casando com a irmã mais velha de Tita, só para poder ficar perto de sua amada.

Sem poder conversar ou trocar olhares por conta de uma proibição da irmã, Pedro e Tita se comunicam por meio da culinária e das sensações que a comida de Tita induz em todos os membros da família. As descrições alimentares são riquíssimas e a dose de realismo fantástico típica dos escritores latino-americanos também temperam o livro.

A resenha completa pode ser lida aqui no blog, neste link.

elenco de como água para chocolate
Tita e Pedro em uma das cenas de “Como água para Chocolate”

Capa de The Brief Wondrous Life of Oscar Wao

Apesar de estar em inglês, “The Brief Wondrous Life of Oscar Wao, é um livro de um escritor latino-americano. Junot Diaz nasceu na República Dominicana e emigrou para os EUA aos 6 anos de idade.

O livro conta a história de vida de Oscar Wao, mas vai além disso ao mostrar todas as gerações de mulheres fortes anteriores (e uma contemporânea) a ele.  O livro também se aprofunda e dá um grande panorama sobre como a ditadura de Trujillo afetou a vida de todos na República Dominicana.

É fascinante e, com certeza, uma das melhores leituras desse ano – até agora! Não é à toa que Junot ganhou um Pulitzer por esse livro, né?

Espero que minha lista te ajude a diversificar mais suas leituras! Sei que existem muitos outros escritores latino-americanos ótimos e alguns dos que li (Isabel Allende com “A Casa dos Espíritos” e Mario Vargas Llosa com “Travessuras de Menina Má”) não apareceram nessa lista.

Se gostarem do post, eu posso até fazer uma continuação!

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo

PS: Recentemente escrevi uma resenha de um livro de mistério, com um narrador super não-confiável! Meu texto sobre “Sempre Viveremos no Castelo”, de Shirley Jackson, pode ser lido na Revista Pólen.

Fangirl – Rainbow Rowell

fangirl rainbow rowell

Nome: Fangirl

Autora: Rainbow Rowell

Editora: Novo Século

Páginas: 421

Quem acompanha meu blog toda semana percebeu que eu diminui bastante o número de resenhas publicadas aqui. Em comparação ao ano passado que, vale lembrar, foi meu ano de TCC, as resenhas quase sumiram! Há uma explicação para isso: entrei na maior ressaca literária da minha vida.

Eu começava a ler e deixava o livro de lado, começava a engrenar uma leitura, morria de tédio e ia para a Netflix, ou, então, olhava para a minha estante desanimada e não queria nem saber de ler. Pois é, foi difícil.

Não sei o que foi que me motivou a tirar “Fangirl” da estante, mas eu tirei e, olha, ainda bem!

Da Rainbow Rowell eu já tinha lido “Eleanor e Park”, um livro que eu achei absurdamente triste e poético. No ano passado, comprei todos os outros livros dela por R$10, em uma promoção doida e “Fangirl” estava no meio da pilha. Confesso que fiz a compra meio às cegas, confiando na história da autora e torcendo para que um deles fosse um romance leve e fofo.

Em “Fangirl” a gente acompanha a vida de Cath, uma caloura de faculdade que parece não estar lá muito pronta para essa nova fase da vida. Sua irmã gêmea, Wren, que sempre esteve junto dela para tudo, decidiu ser colega de quarto de outra pessoa e agora ela vai ter que lidar sozinha com a ansiedade de conhecer gente nova e de estar em um lugar diferente.

Cath é fã da série de livros Simon Snow e escreve fanfics gays com os personagens. Sua fanfic, “Vá em Frente” é lida por milhares de pessoas todos os dias e os livros dessa escritora fazem tanto parte da sua vida, que ela decide levar pôsteres para seu quarto da faculdade.

Quando ela conhece sua colega de quarto, Reagan e o namorado fofo dela, o Levi, ela percebe que, talvez, essa não foi a melhor ideia. Ou será que foi?

“Levi não ficaria impressionado com a fanfiction dela; achar legal não era o mesmo que ficar impressionado. Ele já achava ela uma esquisitona e isso só faria ela parecer ainda mais esquisita. A mulher barbada ficava empolgada quando algum gatinho vinha assistir ao show dela?” p. 132

Além de trabalhar como social media de algumas organizações, eu também produzo conteúdo. Toda vez que eu termino de escrever um artigo (não os do blog, infelizmente), eu recebo uma pequena quantia de dinheiro.

Isso quer dizer que, para complementar minha renda, eu preciso escrever PRA CARAMBA. Meu plano era escrever 4 textos diferentes no sábado, para conseguir respirar mais tranquila. Mas então decidi ler algumas páginas de “Fangirl” e só parei de ler quando cheguei ao final feliz.

“Não tem como a pessoa ser mãe se ela aparece depois que as crianças já cresceram. Ela parece com a cigarra que aparece no inverno após deixar a formiga fazer todo o trabalho. Quando a gente precisava dela, ela nem retornava as ligações. Quando ficamos menstruadas, tivemos que procurar informações no Google. Mas agora que a gente não sente mais a falta dela, depois que paramos de chorar por causa dela, depois que elaboramos tudo, agora ela quer nos conhecer?” p. 161

Esse livro não só matou minha produtividade, como me fez sorrir e querer mais e mais páginas que poderiam causar minha ruína financeira.

Essa foi uma leitura maravilhosa. Foi como receber uma massagem nas costas, daquelas que te ajuda a aliviar a dor constante e se livra daqueles nós nos músculos.  Foi como colocar meias secas nos pés, depois de andar na chuva e de ficar com o sapato encharcado. Foi um lembrete daquelas tardes em que eu tinha muita lição de casa para fazer, mas que tudo o que eu queria era ler e ler e ler.

Levou alguns segundos para que as linhas e cores compusessem um rosto que Cath pensou que poderia reconhecer. Nesses segundos, parte de Cath correu até a estranha, envolveu suas coxas com os braços e enfiou o rosto em sua barriga. Parte de Cath gritou. O mais alto que pôde. E parte dela ateou fogo ao planeta só para vê-lo arder.” p. 326

Tenho lido vários livros de “gente grande”. Clássicos, não-ficção, biografias… E eu adoro eles, mas eu não tinha percebido o quanto eu tinha sentido falta de livros como “Fangirl”, que te fazem sorrir, chorar e te deixam com sentimentos quentinhos no coração.

A Cath me fez lembrar daquela época em que eu estava absolutamente obcecada com “A Infiltrada”, da Nathália Marques. A fanfic da Cath “Vá em frente” tem um papel enorme no livro e vários trechos dela aparecem pela história. Pense em Malfoy se apaixona por Harry Potter e você vai ter uma ideia do que é. Confesso que eu queria tanto saber o que ia acontecer com a Cath que meio que dei uma pulada nessas páginas.

Eu me vi em vários pontos nessa personagem e fiquei até assustada. Muitas características da personalidade dela são parecidas com as minhas (A ansiedade! Os problemas com a mãe – no meu caso é o pai! A vontade de escrever!) e eu não consigo lembrar de uma personagem fictícia mais igual a mim. Eu também me apaixonei perdidamente pelo parzinho da Cath. Ainda estou suspirando por causa dele! haha

“- Ele é só um garoto – disse Reagan. – Claro que é diferente de você. Você nunca vai achar um garoto que seja exatamente como você. Primeiro porque esse cara nunca sai do quarto…” p. 181 (isso é muito Mandariela)

Os outros personagens do livro, Levi, Reagan, Wren, Laura e Nick são bem completos e descritos. A gente acompanha o primeiro ano universitário da Cath e acontecem muitas situações diferentes, que vão se desenvolvendo aos poucos, o que deixa tudo mais verossímil.

A única coisa “defeituosa” foi que eu achei o final meio corrido. Mas acho que é só porque eu queria ter mais e mais páginas para ler! haha

A tradução é meio horrenda, confesso, e eu peguei uns 3 erros diferentes. Em uma das páginas eles traduzem “Olive Garden”, o restaurante, como sendo “Jardim Olive”. Com certeza uma fada morreu por causa disso. É uma pena porque um livro tão bom e legal, que acaba sendo desvalorizado por coisas bobas.

Minha ressaca literária já foi curada e eu já passei da metade de “O Sol também é uma estrela”, da Nicola Yoon. Tomara que eu não vicie nesse também, porque se não não vou ter internet para poder postar no blog!

Às vezes, escrever é como descer um morro, seus dedos tocam o teclado do mesmo modo que suas pernas pisam o chão quando não conseguem lutar contra a gravidade.” p. 413

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo

(Mais) documentários sensacionais para ver no Netflix

Eu avisei que estava vendo documentários como se estivesse bebendo coca-cola, não avisei?

Pois bem, reuni os melhores dos melhores que vi, na minha nova lista de documentários para assistir no Netflix (ou em qualquer outro lugar, não é?). Eu já tenho uma outra lista aqui no blog, com 5 documentários legais para ver no Netflix.

Paris is Burning

paris is burning

Eu vi “Paris is Burning” porque apareceu na minha lista de sugestões, logo que terminei de ver todas as temporadas disponíveis de Ru Paul´s Drag Race.

“Paris is Burning” nos dá um olhar direto à cena LGBT do Harlem, nos anos 80. O filme estreou em 1991, mas levou cerca de 9 anos para ficar pronto.

Passando pelos bailes organizados pelas boates, pelos passos de voguing, pelas drag queens, até entrevistas gravadas na rua com os personagens, o documentário abre um mundo e uma cultura relativamente desconhecidos por mim. Se você achava que tudo começou com RPDR, como eu achava, sabe de nada, inocente! Prepare-se para uma lição de história! Acho que só aprendi o que é Shade mesmo com este documentário.

paris-is-burning-1991-divulgac3a7c3a3o-1

Não importa se você é hétero, gay, ou qualquer outra coisa, “Paris is Burning” é uma análise cultural muito interessante.

Durante parte do filme, nós seguimos Venus Xtravaganza, que estava passando pelo processo de reatribuição do gênero. Em entrevistas gravadas na rua ou em seu quarto, conhecemos um pouco da vida de Venus, ouvimos ela contar sobre como sofreu transfobia em diversas ocasiões e sobre seus sonhos e anseios. Ao final do filme, descobrimos que Venus Xtravaganza foi assassinada de maneira brutal. Seu assassino nunca foi capturado.

Ainda que o filme não seja sobre Venus em si, ele fala com profundidade sobre os preconceitos que gays, drag queens, travestis e transexuais sofrem. De um pai que jogou fora todos os vestidos de drag do filho até o assassinato de Venus, essas histórias nos marcam e ficam para sempre na memória.

paris burning

Algumas acusações surgiram contra a diretora do filme, Jennie Livingston, e acredito que este artigo de Jorge Marcelo Oliveira explica bem os “poréms” do filme. Mesmo assim, acho um documentário importante, que merece ser visto.

A Um Passo do Estrelato

20-Feet-From-Stardom

Provavelmente, “A Um Passo do Estrelato” é meu documentário favorito da lista. Ele conta a história de gente que chega perto, muito perto do estrelato, mas que nunca ganham os spotlights: os cantores de apoio.

Ou backing vocal, se você preferir.

Com participações de Bruce Springsteen, Mick Jagger, Stevie Wonder, Sting e outros artistas, “A Um Passo do Estrelato” vira os refletores para os personagens secundários das maiores músicas da história. O filme ainda tem imagens de apoio de David Bowie, Ray Charles, Elton John, Michael Jackson, John Lennon, Tom Jones, Rod Stewart, Paul McCartney e tantos outros cantores que usaram backing vocal para dar profundidade às suas canções.

14TWENTYFEET_SPAN-master675

O foco do documentário é jogado em Darlene Love, Merry Clayton, Tatá Vega, Janice Pendarvis, Lisa Fischer e Judith Hill. A narrativa se apoia nessas personagens para contar um pouco da história dos backing vocal e de como a música evoluiu através do trabalho delas (e deles também!)

Uma das histórias que mais me fascinou foi a de como fizeram os backing vocals de “Gimme Shelter”, dos Rolling Stones. Por algum motivo que só Deus conhece, eu achava que era o próprio Mick Jagger que fazia aquela voz sensacional, gritando “Rape, murder yeah, it´s just a shout away”. Mas não, Merry Clayton é a responsável por isso.

No documentário, ela conta que estava grávida e que era tarde da noite, quando ela recebeu uma ligação de um produtor local, que dizia que a banda dos “rolling qualquer-coisa” precisava de uma mulher para fazer uma voz de fundo. Merry já estava de pijama de seda e casaco de pele, com rolinhos no cabelo, cobertos por uma écharpe da Channel. E foi assim que ela gravou o vocal, em duas meras passadas.

O vídeo abaixo explica um pouquinho mais a fundo:

De cair o queixo, não? 

tumblr_n0ac24lGxO1s89mq8o1_500
“Você tende a se perguntar se há uma forma de sair dessa profissão ou dessa vida sem morrer de coração partido”

Aqui vai o trailer completo do documentário:

Betting on Zero

Betting-on-zero-header

Ugh, esse documentário me deixou tão brava!!!! Toda vez que eu penso nele, eu fico mais brava ainda!!!

“Betting on Zero” é um documentário que conta um pouco da história da empresa Herbalife, para além dos shakes e suplementos vitamínicos que eles vendem. Através de vídeos e depoimentos de vítimas, o diretor Ted Braun busca mostrar que os verdadeiros lucros da empresa não vêm da venda lícita dos produtos para quem quer ter uma vida saudável, mas sim, de um esquema de pirâmide.

Chame de Marketing Multinível ou do que for, o documentário mostra depoimentos de várias pessoas que caíram no esquema, gastaram rios de dinheiro e criaram “Clubes de Nutrição” com o objetivo de recrutar novas pessoas para realizar o mesmo trabalho e assim por diante. Sem nunca receber um centavo de volta e sendo muito prejudicadas por causa disso.

betting-on-zero-original-2

Nós seguimos a história de um grupo de latinos que moveu uma ação em conjunto contra a empresa. Também seguimos a história de Bill Ackman, um hedge fund manager que investiu mais de 1 bilhão de dólares (não, não foi ele quem financiou o documentário) na tentativa de fazer com que a empresa fosse investigada pelo governo americano, porque acreditava que o fim da Herbalife seria bom para todo o mercado econômico dos EUA. Além disso, ele acredita que, por ser financiada através do engano de outras pessoas, a Herbalife não seria uma empresa legítima.

Por fim, o documentário mostra a participação de Carl Icahn, um investidor que decide dar rios de dinheiro à Herbalife, pela pura razão de detestar Bill Ackman. Icahn acabou sendo nomeado por Donald Trump como Assessor Especial da Presidência para a Reforma Regulatória.

Um verdadeiro drama, para ser sincera.

O documentário é bem recente e alguns dos acontecimentos nele datam de março de 2017, o que é uma raridade. É difícil encontramos documentários tão atuais assim no Netflix. Outro ponto a favor é de que, apesar de mostrar muito da vida do Bill Ackman e das atitudes dele em relação à empresa, o documentário tem o mérito de mostrar um outro lado e de questionar as verdadeiras intenções de Ackman. Esse é um dos filmes mais imparciais que já vi, apesar de denunciar um comportamento ilícito.

Em tempos de crise financeira, com o Brasil chegando a 14 milhões de desempregados (para vocês terem uma ideia, ainda que o tempo tenha passado e que as coisas sejam bem diferentes, na época em que Hitler foi eleito na Alemanha, eles tinham cerca de 7 milhões de desempregados), é bem comum que as pessoas estejam desesperadas em busca de alternativas. Anúncios sobre “ganhe dinheiro fácil, sem sair de casa” pipocam por todo lado e quase todo mundo quer te oferecer coisas da Hinode ou um novo esquema da Polishop, para o qual me convidaram dias atrás. A relevância do documentário atualmente é enorme.

O grupo de latinos foi o que mais me tocou e o que mais me enfureceu. Sem falar inglês e muitos sendo imigrantes ilegais, eles sofreram inúmeros prejuízos e não podem denunciar a Herbalife porque ela denuncia a ilegalidade deles. Os casos reais mostrados no filme acabam te emocionando e é impossível não sentir empatia ou pena dos que foram lesados pela empresa. Há uma seção inteira no site oficial do documentário que mostra as tentativas da Herbalife em silenciar o documentário.

bill ackman hispanic people betting on zero

Eu não sei como é que a Herbalife atua no Brasil, mas, sinceramente, acho que nem quero saber. O pior de tudo é que muitas pessoas têm noção de que o que estão fazendo é ilegal e quem ficar na parte debaixo da pirâmide irá desmoronar e ser prejudicado. E mesmo assim, seguem fazendo sem nenhum escrúpulo, só querendo conseguir mais e mais dinheiro, ainda que para isso tenham que enganar terceiros.

“Betting on Zero” acaba te ensinando muito sobre principios econômicos e te fazendo perder um pouco de fé na humanidade.

Being George Clooney

Being-George-Clooney-Documentary-Feature-Image

Outro documentário que está entre os mais divertidos que já vi, em conjunto com “A Um Passo do Estrelato”. Uma das coisas mais legais sobre ele é que o projeto foi quase todo financiado através do Kickstarter.

Being George Clooney aborda diretamente outro trabalho que também pode ser invisível, mas que é essencial para a indústria do entretenimento. Afinal de contas, atire a primeira pedra quem nunca ouviu um “Versão Brasileira, Herbert Richers”, antes de ver um filme, né? Aliás, recomendo que você não clique nesse vídeo. Ele apareceu enquanto eu pesquisava mais sobre esse documentário e agora a música não sai mais da minha cabeça.

Em “Being George Clooney”, o mundo dos dubladores ganha cores e faces e sotaques.

beingggg

A princípio, os nomes Marco Antonio Costa, Rajesh Kattar, Martin Umbach, Tamer Karadagli e Francesco Pannofino não parecem ter nada em comum. Os tipos físicos, sotaques e rostos são completamente diferentes. Mas os 5 são os responsáveis por emprestar suas vozes para o ator George Clooney e fazem o trabalho de tornar o ator ainda mais sexy e galã, só com o vozeirão.

Marco Antonio Costa é o dublador brasileiro do George e, além disso, ele é médico. Sério. A história apresentada no documentário é super interessante. Na época das filmagens de “E.R.: Plantão Médico”, as traduções dos termos médicos não ficaram muito boas. Marco Antonio foi convidado para ajudar eles com isso e, de quebra, fez também a voz icônica.

Outros dubladores brasileiros também participam do doc, além de especialistas que ajudam a explicar porque a dublagem é um sucesso em determinados países, como a Itália.

being-george
Dublador italiano de George Clooney, Francesco Pannofino

Eu amei a participação da Sheila Dorfman, que é a dubladora brasileira da Sandra Bullock. Eu cresci vendo os filmes da Sandra Bullock direto na TV, no dublado mesmo, e achei bizarro quando ouvi a voz em inglês da Sandra e descobri que não era a voz da Sheila. A Sheila Dorfman faz uma fala muito interessante no documenário, sobre a estranha intimidade entre os dubladores e os atores dos filmes. Eles acabam conhecendo tudo, até mesmo a forma como os atores costumam respirar. A Sheila também dubla a Paola Bracho, Usurpadora, a Lorelai, de Gilmore Girls, a Mônica, de Friends e a Xena!  haha Haja diversidade!

“Being George Clooney” é um documentário a ser visto quando se quer relaxar ou distrair um pouco a cabeça. Qualquer pessoa que viu um filme dublado alguma vez vai amar descobrir os bastidores dessa profissão.

Espero que gostem da minha seleção de 4 documentários interessantes para ver no Netflix. Eu ia escrever mais, sobre outros documentários. Mas vi o tamanho do post e acabei decidindo parar nesses 4 mesmo. Prometo que teremos mais versões deste post no futuro próximo do blog.

Beeijos, A Garota do Casaco Roxo

Onde o Amor Se Esconde – Veridiana Maenaka

onde o amor se esconde

Nome: Onde o Amor Se Esconde

Autora: Veridiana Maenaka

Editora: Verus

Páginas: 350

Sabe aquele romance histórico, bem levinho, que te leva a relaxar e a sonhar em ter uma vida parecida? Então, esse não é o caso de “Onde o Amor Se Esconde”.

Ambientado na São Paulo do Século XX, a história acompanha a vida de Glória, uma jovem que sonha em casar por amor, com o homem dos seus sonhos. A coitada acaba casando com Erasmo, um homem mais velho e frio, que foi escolhido por seu pai. Erasmo vê em Glória nada mais do que a oportunidade de enriquecer e ascender socialmente e a mocinha fica cada vez mais infeliz no casamento, ao tentar conceber um herdeiro e falhar repetidas vezes na tarefa.

A situação de Glória piora quando ela vê que sua amiga Marisa, sempre muito livre e “moderninha” para a época, acaba ficando feliz em seu casamento com um libertino. Vendo a amiga sofrer nas mãos do marido, Marisa apresenta ela a Fernando, um homem que talvez possa dar a Glória a felicidade marital (ou pelo menos carnal, né?) que ela sempre quis.

Mas a situação doméstica piora e Erasmo se mostra um sádico, que chega a abusar de sua esposa de diversas formas. Para mim, essa foi a parte mais difícil de ler. Não consigo acompanhar muito bem narrativas que abordam o estupro (isso é bem pessoal meu, viu, gente? Para mim é meio que “mata, mas não estupra”) e quase abandonei o livro, mas continuei a leitura – até para saber o que seria da Glória, coitadinha.

A narrativa tem reviravoltas surpreendentes, com Marisa se mostrando muito mais liberal do que eu pensava (até para essa época ela seria um escândalo, de certa forma), Fernando muito menos (beeem menos, quase nada) do que eu esperava e com o destino de Glória sendo salvo por pessoas e até por lugares inimagináveis.

As cenas mais memoráveis do livro, para mim, aconteceram em um bordel. As personagens, de certa forma, me lembraram as meninas do Bataclan, de “Gabriela”, de Jorge Amado. Isso ajudou a quebrar um pouco o peso do livro e a dar um alívio para narrativa. Além da parte meio sobrenatural e espiritualista que deu um toque a mais pro livro e que me deixou arrepiada.

Este não é um livro leve e fofo, mas sim um livro necessário para discutir um pouco da história das mulheres e como a gente evoluiu para chegar no ponto em que estamos hoje — tendo ainda uma longa caminhada pela frente.

Uma coisa que senti falta foi da ambientação, que podia ter sido um pouco melhor. Tinha várias expectativas em relação ao romance ser situado aqui em São Paulo, ao invés de na Inglaterra, como estou acostumada a ler, mas elas não foram cumpridas. Além de algumas menções a bairros específicos e ao Jardim da Luz, muito pouco foi dito sobre a São Paulo da época e acho que seria bem legal se isso fosse aprofundado.

No geral, eu gostei da leitura e estou curiosa para ler o outro livro de Veridiana que aborda a mesma época histórica, “Jardim de Espelhos”. Recomendo a leitura, mas leia sabendo que “ceci n´est pas um roman tradicionale”.

Beijos, A Garota do Casaco Roxo

 

 

Evento

Falta a Fernanda França nessa foto! :(
Falta a Fernanda França nessa foto! 😦

Sei que está meio em cima (esse post era para ter saído no meio da semana, mas com o combo trabalhos+faltadeinternet, me impediu de colocar mais cedo), mas amanhã, dia 15/03 às 15h30 vai ter Porre Literário na Fnac da Avenida Paulista com a presença dos autores Enderson Rafael, Fernanda França, Leila Rego, Tammy Luciano e Patricia Barboza.

Todo mundo sabe o quanto eu amo esses autores e o grupo deles, o Novas Letras e eu com certeza estarei lá matando as saudade e descobrindo as novidades que eles tem para anunciar esse ano!

O evento geralmente é rapidinho, mas eles sempre estão disponíveis depois, para autografar livros, fofocar e tirar aquela foto marota.

Espero vocês lá!

Beijoos, A Garota do Casaco Roxo